São Paulo, segunda-feira, 05 de abril de 2004

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Crise não deve afetar obra iniciada

SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL

Os principais programas de investimento anunciados para este ano, que somam US$ 15,5 bilhões, devem ser pouco afetados pela retomada lenta do crescimento e pela crise política.
A Folha apurou que o ritmo das expansões programadas pela indústria de base (mineração, siderurgia, papel e celulose, petroquímica e petróleo) e pelo setor de bens de capital (máquinas e equipamentos) está mantido. E os recursos a serem aportados não foram revistos: serão US$ 2 bilhões em bens de capital e US$ 3,5 bilhões na indústria de base.
São projetos de longo prazo que visam maior inserção das empresas no mercado externo -como os de siderurgia e celulose- e outros que resultam de reestruturações setoriais -caso da indústria petroquímica.
Só no setor de infra-estrutura (energia, transportes e saneamento) haverá recuo nos investimentos projetados. O setor deveria investir US$ 10 bilhões, segundo estudo feito no final de 2003 pela Abdib (Associação Brasileira da Infra-Estrutura e Indústria de Base), que começa a rever o número.
O obstáculo é a regulamentação das atividades nesses segmentos, que caminha lentamente. Os investimentos em geração de energia elétrica, por exemplo, dependem da regulamentação de 35 pontos do Modelo do Setor Elétrico, aprovado pelo Congresso Nacional após um ano de discussões com as empresas.
Nos setores de saneamento, transporte e logística, não houve avanço no marco regulatório. "Por isso creio que os investimentos em infra-estrutura ficarão um pouco abaixo dos US$ 10 bilhões previstos", diz José Augusto Marques, presidente da Abdib. No ano passado, o setor investiu US$ 8 bilhões, o menor volume desde 1995 -e fechou 7.000 empregos.
A maioria dos grandes investimentos não está sendo afetada pela marcha lenta do crescimento da economia porque se destinam a expansões da produção voltada para o mercado externo.
Mas, para quem produz para o mercado interno, a conversa é outra. Segundo Aloísio Campelo, economista da FGV, essas indústrias estão com capacidade ociosa e ainda deverão levar algum tempo para voltarem a investir.


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