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Crise não deve afetar obra iniciada
SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL
Os principais programas de investimento anunciados para este
ano, que somam US$ 15,5 bilhões,
devem ser pouco afetados pela retomada lenta do crescimento e
pela crise política.
A Folha apurou que o ritmo das
expansões programadas pela indústria de base (mineração, siderurgia, papel e celulose, petroquímica e petróleo) e pelo setor de
bens de capital (máquinas e equipamentos) está mantido. E os recursos a serem aportados não foram revistos: serão US$ 2 bilhões
em bens de capital e US$ 3,5 bilhões na indústria de base.
São projetos de longo prazo que
visam maior inserção das empresas no mercado externo -como
os de siderurgia e celulose- e outros que resultam de reestruturações setoriais -caso da indústria
petroquímica.
Só no setor de infra-estrutura
(energia, transportes e saneamento) haverá recuo nos investimentos projetados. O setor deveria investir US$ 10 bilhões, segundo estudo feito no final de 2003 pela
Abdib (Associação Brasileira da
Infra-Estrutura e Indústria de Base), que começa a rever o número.
O obstáculo é a regulamentação
das atividades nesses segmentos,
que caminha lentamente. Os investimentos em geração de energia elétrica, por exemplo, dependem da regulamentação de 35
pontos do Modelo do Setor Elétrico, aprovado pelo Congresso Nacional após um ano de discussões
com as empresas.
Nos setores de saneamento,
transporte e logística, não houve
avanço no marco regulatório.
"Por isso creio que os investimentos em infra-estrutura ficarão um
pouco abaixo dos US$ 10 bilhões
previstos", diz José Augusto Marques, presidente da Abdib. No
ano passado, o setor investiu US$
8 bilhões, o menor volume desde
1995 -e fechou 7.000 empregos.
A maioria dos grandes investimentos não está sendo afetada
pela marcha lenta do crescimento
da economia porque se destinam
a expansões da produção voltada
para o mercado externo.
Mas, para quem produz para o
mercado interno, a conversa é outra. Segundo Aloísio Campelo,
economista da FGV, essas indústrias estão com capacidade ociosa
e ainda deverão levar algum tempo para voltarem a investir.
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