São Paulo, quarta-feira, 05 de abril de 2006

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TROCA DE COMANDO

Diretor de Assuntos Internacionais deve sair; Bevilaqua fica

Banco Central prepara com cautela mudança na diretoria

SHEILA D'AMORIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Enquanto a formação da nova equipe do Ministério da Fazenda domina a atenção do mercado financeiro, está sendo gestada no Banco Central uma mudança na diretoria. O presidente Henrique Meirelles negocia a substituição do diretor de Assuntos Internacionais, Alexandre Schwartsman, que poderá ser anunciada nos próximos dias.
A saída de Schwartsman já vinha sendo cogitada havia mais de um mês, e técnicos do governo estavam sondando nomes no mercado financeiro. O diretor, que foi um dos últimos nomeados na equipe de Meirelles, no final de 2003, ameaçou sair duas outras vezes. Sentia-se sem função.
Poucos meses depois de assumir, uma disputa antiga entre o BC e o Tesouro Nacional pela coordenação das emissões de títulos do Brasil no exterior foi reavivada e, por pouco, ele não perdeu uma de suas principais atribuições logo de cara. Na época, para não desprestigiar Schwartsman, que havia deixado posto no mercado financeiro, foi acertado período de transição, de um ano.
Sua diretoria ficou esvaziada no início do ano passado, quando as emissões de títulos brasileiros no mercado internacional e parte dos funcionários do BC foram transferidas ao Tesouro.
Desde então, Schwartsman vinha se dedicando a mudanças na legislação cambial, além de participar das reuniões do Comitê de Política Monetária e do Conselho Monetário Nacional. Ameaçou sair no final de 2004 e do ano passado. No entanto, acabou sendo convencido a ficar diante das sucessivas crises que ameaçavam a área econômica. Segundo a Folha apurou, ele está insatisfeito no cargo e pediu para ser substituído.
Apesar de ser considerado um dos nomes fortes na discussão econômica dentro do Copom, a sua substituição não deverá ser vista como um mudança na condução da política de juros.
A cúpula do BC também não quer que a troca seja interpretada como sinal de divergência com o novo ministro da Fazenda, Guido Mantega. Quando chefiou o Planejamento e, depois, o BNDES, Mantega foi um crítico da política de juros e da equipe do BC. Hoje, diz que isso ficou no passado.
Desde que assumiu, Mantega tem mostrado publicamente boa disposição com o BC e evitado confrontos. Por isso, a Folha apurou que Meirelles teria abortado outra saída no BC, a de Afonso Bevilaqua, diretor de Política Econômica, desafeto de Mantega e de boa parte da equipe da Fazenda.
Meirelles vem conduzindo a substituição de Schwartsman com muita cautela.

Nova equipe
Como Mantega também precisa completar a sua equipe, é provável que a saída de Schwartsman seja comunicada em conjunto com os novos nomes da Fazenda. Ontem, o ministro acreditava ser possível anunciar toda nova equipe nesta sexta-feira.
No Ministério da Fazenda, é dada como certa a manutenção dos secretários da Receita, Jorge Rachid, e de Assuntos Internacionais, Luiz Pereira. Este último acompanhou Mantega durante sua estréia com investidores, na segunda-feira, na reunião anual do BID que está sendo realizada em Belo Horizonte.
Confirmados esses dois nomes, ficam faltando apenas os substitutos de Bernard Appy, na Secretaria de Política Econômica, e de José Gragnani, secretário-adjunto do Tesouro. Carlos Kawall deverá ter sua nomeação à frente do Tesouro Nacional oficializada hoje no "Diário Oficial" da União.


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