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TROCA DE COMANDO
Diretor de Assuntos Internacionais deve sair; Bevilaqua fica
Banco Central prepara com cautela mudança na diretoria
SHEILA D'AMORIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Enquanto a formação da nova
equipe do Ministério da Fazenda
domina a atenção do mercado financeiro, está sendo gestada no
Banco Central uma mudança na
diretoria. O presidente Henrique
Meirelles negocia a substituição
do diretor de Assuntos Internacionais, Alexandre Schwartsman,
que poderá ser anunciada nos
próximos dias.
A saída de Schwartsman já vinha sendo cogitada havia mais de
um mês, e técnicos do governo estavam sondando nomes no mercado financeiro. O diretor, que foi
um dos últimos nomeados na
equipe de Meirelles, no final de
2003, ameaçou sair duas outras
vezes. Sentia-se sem função.
Poucos meses depois de assumir, uma disputa antiga entre o
BC e o Tesouro Nacional pela
coordenação das emissões de títulos do Brasil no exterior foi reavivada e, por pouco, ele não perdeu uma de suas principais atribuições logo de cara. Na época,
para não desprestigiar Schwartsman, que havia deixado posto no
mercado financeiro, foi acertado
período de transição, de um ano.
Sua diretoria ficou esvaziada no
início do ano passado, quando as
emissões de títulos brasileiros no
mercado internacional e parte
dos funcionários do BC foram
transferidas ao Tesouro.
Desde então, Schwartsman vinha se dedicando a mudanças na
legislação cambial, além de participar das reuniões do Comitê de
Política Monetária e do Conselho
Monetário Nacional. Ameaçou
sair no final de 2004 e do ano passado. No entanto, acabou sendo
convencido a ficar diante das sucessivas crises que ameaçavam a
área econômica. Segundo a Folha
apurou, ele está insatisfeito no
cargo e pediu para ser substituído.
Apesar de ser considerado um
dos nomes fortes na discussão
econômica dentro do Copom, a
sua substituição não deverá ser
vista como um mudança na condução da política de juros.
A cúpula do BC também não
quer que a troca seja interpretada
como sinal de divergência com o
novo ministro da Fazenda, Guido
Mantega. Quando chefiou o Planejamento e, depois, o BNDES,
Mantega foi um crítico da política
de juros e da equipe do BC. Hoje,
diz que isso ficou no passado.
Desde que assumiu, Mantega
tem mostrado publicamente boa
disposição com o BC e evitado
confrontos. Por isso, a Folha apurou que Meirelles teria abortado
outra saída no BC, a de Afonso
Bevilaqua, diretor de Política Econômica, desafeto de Mantega e de
boa parte da equipe da Fazenda.
Meirelles vem conduzindo a
substituição de Schwartsman
com muita cautela.
Nova equipe
Como Mantega também precisa
completar a sua equipe, é provável que a saída de Schwartsman
seja comunicada em conjunto
com os novos nomes da Fazenda.
Ontem, o ministro acreditava ser
possível anunciar toda nova equipe nesta sexta-feira.
No Ministério da Fazenda, é dada como certa a manutenção dos
secretários da Receita, Jorge Rachid, e de Assuntos Internacionais, Luiz Pereira. Este último
acompanhou Mantega durante
sua estréia com investidores, na
segunda-feira, na reunião anual
do BID que está sendo realizada
em Belo Horizonte.
Confirmados esses dois nomes,
ficam faltando apenas os substitutos de Bernard Appy, na Secretaria de Política Econômica, e de José Gragnani, secretário-adjunto
do Tesouro. Carlos Kawall deverá
ter sua nomeação à frente do Tesouro Nacional oficializada hoje
no "Diário Oficial" da União.
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