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BC quase triplica aquisição de dólares no 1º trimestre
Instituição compra US$ 22 bilhões no período, contra US$ 7,9 bilhões em 2006
Mudança na posição de bancos explica movimento; reservas cambiais do país já chegam ao patamar recorde
de US$ 110 bilhões
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Banco Central quase triplicou sua atuação no câmbio no
primeiro trimestre deste ano,
mas não impediu que a cotação
do dólar seguisse em queda.
Entre janeiro e março, o BC
comprou cerca de US$ 22 bilhões no mercado, valor mais
alto já registrado nessa época
do ano e bem superior aos US$
7,9 bilhões adquiridos no primeiro trimestre de 2006.
Esses dólares reforçam as reservas cambiais do país, que estão em cerca de US$ 110 bilhões, valor recorde.
Números divulgados ontem
indicam que a atuação mais
agressiva do BC não está relacionada à entrada maior de dólares, mas a uma mudança de
posicionamento dos bancos.
Em março de 2006, eles possuíam US$ 5,6 bilhões em suas
carteiras de câmbio -estavam
"comprados", na linguagem do
mercado.
Neste ano, a situação mudou,
e os bancos chegaram ao final
de março "vendidos" em US$
6,5 bilhões -ou seja, em vez de
possuir créditos em dólar, haviam fechado contratos bilionários de venda, comprometendo-se a liquidar as operações num momento no futuro.
O ingresso de dólares segue
alto, mas semelhante ao observado em 2006. Entre janeiro e
março deste ano, o fluxo líquido -diferença entre tudo o que
entrou no país e todas as remessas- ficou positivo em US$
17,394 bilhões, valor próximo
aos US$ 17,692 bilhões do mesmo período de 2006.
Para o gerente de câmbio do
banco Prosper, Jorge Knauer, o
cenário continua sendo favorável à queda do dólar devido ao
ainda elevado fluxo de capital
externo e aos altos juros praticados no Brasil, entre outros fatores. "E estamos vendo somente o BC como o único grande comprador [de dólares] do
mercado", afirma. Knauer diz
ainda que não acha que "seja
impossível" que a cotação da
moeda americana caia para
menos de R$ 2 em breve.
Mesmo com o real valorizado, porém, as exportações continuam sendo a principal fonte
de dólares para o Brasil. Entre
janeiro e março deste ano, a diferença entre receitas dos exportadores e remessas dos importadores foi positiva em US$
20,6 bilhões, 51% a mais do que
no primeiro trimestre de 2006.
No Banco do Brasil, mesmo a
procura por financiamentos à
exportação bateu recorde neste
ano. A contratação das principais modalidades de crédito
nessa área, o ACC (Adiantamento de Contratos de Câmbio) e o ACE (Adiantamento
por Cambiais Entregues), somou R$ 3,2 bilhões de janeiro a
março, 14% a mais do que no
mesmo período de 2006.
Segundo o diretor de Comércio Exterior do BB, Nilo Panazollo, a procura por esse tipo de
empréstimo tem aumentado
devido às baixas taxas de juros
praticadas nesses instrumentos. "As empresas estão buscando nessas linhas um recurso
mais barato, até para compensar a queda do dólar", diz.
Um financiamento à exportação apresenta um custo médio entre 6% e 6,5% ao ano, metade dos 12,75% da taxa Selic,
que serve de parâmetro para os
empréstimos concedidos pelo
sistema financeiro nacional.
Se não fossem as exportações, o fluxo de dólares para o
Brasil estaria negativo neste
ano. Isso porque as operações
financeiras -empréstimos externos, investimentos estrangeiros, entre outros- têm tido
resultados piores que em 2006.
Entre janeiro e março, responderam por saída de US$
3,244 bilhões. Nos primeiro trimestre de 2006, o saldo era positivo em US$ 4,07 bilhões.
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