São Paulo, quinta-feira, 05 de abril de 2007

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Com juro menor, indústria cresce 0,3%

Taxa de fevereiro também foi impulsionada por bom momento da economia; sobre fevereiro de 2006, alta foi de 3%

Outros fatores demonstram melhoria, como a expansão das vendas do varejo e da indústria e o aumento da confiança de empresários


PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

O risco-país em níveis historicamente baixos, os juros em queda e a perspectiva de maior crescimento econômico neste ano impulsionaram o desempenho da indústria em fevereiro e fizeram a produção do setor crescer 0,3% em relação a janeiro, na série livre de influências sazonais.
Na comparação com fevereiro de 2006, a alta foi mais vigorosa: 3%, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). No acumulado dos últimos 12 meses, a produção industrial subiu 3,8%.
Segundo Silvio Sales, coordenador de Indústria do IBGE, os dados revelam que o empresário brasileiro está mais disposto a investir e também mais confiante quanto à trajetória da economia do país. "Há uma expectativa positiva do meio empresarial, que está aumentando suas encomendas", disse.
Não só a indústria se beneficiou de um cenário de maior equilíbrio. Outros indicadores também revelam que a economia está mais aquecida neste início de ano, como a expansão das vendas do varejo, o crescimento da confiança dos empresários e a ampliação do nível de emprego industrial.
A Fecomercio SP apurou uma alta de 1,1% nas vendas do comércio e 18,4% nas de concessionárias de veículos -beneficiadas, neste caso, pelo crédito farto. Já a CNI (Confederação Nacional da Indústria) detectou um crescimento de 3% nas vendas do setor fabril em janeiro e um incremento de 0,2% no nível de emprego.
O índice de confiança do empresário, por sua vez, cresceu 4,7% de fevereiro para março, segundo a FGV (Fundação Getulio Vargas).
A tendência de forte crescimento da produção de bens de capital (máquinas e equipamentos) retrata a expansão da confiança das empresas, de acordo com especialistas. A categoria registrou alta de 0,1% de janeiro para fevereiro, após três meses consecutivos de crescimento vigoroso -1,8% em novembro, 7,1% em dezembro e 1,5% em janeiro.
Em relação a fevereiro de 2006, a produção de bens de capital teve alta de 14,3%, mesmo depois de já ter se expandido 17,7% em janeiro.
Para Marcela Prada, economista da Tendências Consultoria, o cenário de demanda mais aquecida desde o final do ano passado, os juros em queda e a maior estabilidade da economia incentivam investimentos em ampliação da capacidade produtiva.
"A queda do risco-país reduz o custo de capital e indica que a taxa de juro também deve cair. Tudo isso impulsiona investimentos na ampliação dos parques industriais. Sem dúvida, o empresário começou 2007 mais confiante", concorda Solange Srour, economista-chefe da Mellon Investments.
Para o Iedi, "há uma indicação segura de aceleração do investimento", apontada tanto pelo aumento da produção doméstica de máquinas e equipamentos como pelo crescimento das importações desses bens.

Duráveis
Outro destaque positivo de fevereiro foi o crescimento da produção de bens duráveis -1,2% ante janeiro-, que marca uma retomada dessa categoria após a estagnação de quase todo o ano de 2006.
Nesse caso, a melhora da massa salarial e o crédito abundante e com prazos cada vez mais elásticos explicam o bom desempenho, segundo Prada.
De acordo com o IBGE, a produção de bens intermediários e de bens de consumo semi e não-duráveis também cresceu de janeiro para fevereiro -0,5% e 0,7%.
O setor campeão de expansão do primeiro bimestre foi o de equipamentos de informática, com alta de 34,8%.


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