São Paulo, segunda-feira, 05 de abril de 2010

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Projeto tenta reduzir burocracia nas finanças

Entidade que quer fazer do Brasil um centro financeiro internacional também pretende focar a simplificação tributária

Paulo Oliveira, da Brain, diz que a solução de problemas como o custo Brasil vai ampliar a capacidade de atração de investimentos


DA REPORTAGEM LOCAL

O Brasil possui "algo de especial" que tem atraído investimentos do mundo todo e lhe possibilita passar por cima das suas deficiências.
"Aprendemos que o diabo não é brasileiro", diz Paulo Oliveira, o ex-executivo da BM&FBovespa contratado para comandar a Brain (Brasil Investimentos & Negócios), entidade criada por bancos e associações do mercado para tentar fazer do Brasil -e de São Paulo em particular- um centro internacional de serviços financeiros. A proposta tem a simpatia do governo, que participa das discussões.
Oliveira organizará os trabalhos técnicos e formulará propostas de simplificação tributária, regulação, instituição de um mercado interbancário de câmbio e de uma câmara de compensação de transações com diferentes moedas. Leia abaixo trechos da entrevista que concedeu à Folha. (TONI SCIARRETTA)

 

FOLHA - O Brasil tem custos altíssimos e uma infinidade de "gargalos". O que o país tem de tão especial que possibilita passar por cima de todas essas deficiências e ainda ambicionar ser um centro internacional de negócios financeiros?
PAULO OLIVEIRA
- A gente descobriu nesse processo que não só Deus é brasileiro como o diabo não é. Essa pergunta não somos nós que fazemos; é o mundo. Apesar de todos os nossos problemas, temos que lembrar que o mundo olha o Brasil e vê uma opção, percebendo que o país tem fatores positivos muito claros: um potencial interno de crescimento ainda inexplorado. Como a Bolsa brasileira é a terceira maior em valor de mercado com apenas 400 empresas? A Bolsa de Nova York tem 5.000 e não é. O mundo olha o Brasil e fala: está muito aquém do seu potencial. Se a gente melhorar a questão tributária, o custo Brasil, reduzir a corrupção e a burocracia, a gente vai acelerar isso.

FOLHA - Daqui a quanto tempo a gente vai poder cobrar algum resultado prático?
OLIVEIRA
- Estamos atuando em várias frentes. Na integração latino-americana, há projeto de integrar as Bolsas de Chile e Colômbia; depois Peru, México e Argentina. Tem um projeto de curto prazo de fazer com que essas empresas possam ser listadas no Brasil. Para o Brasil ser um polo financeiro de longo prazo, a gente precisa de cinco anos; mas tem muita coisa que está acontecendo ao longo do caminho. Do lado interno, você tem a simplificação de toda questão tributária e fiscal. Tem de fazer com que essas coisas sejam mais fluidas.

FOLHA - O Brasil pode deixar de ser produtor de commodities para virar centro financeiro internacional?
OLIVEIRA
- Com certeza, a matriz de exportação brasileira tende a ter mais produtos de maior valor agregado [industrializados] e de serviços. O setor financeiro deve ser forte, mas não hipertrofiado. A economia real crescendo será irrigada pelo sistema financeiro.

FOLHA - Vai esbarrar no capital humano?
OLIVEIRA
- Educação é um gargalo, mas esse é um doce problema. A única condição de crescer é esbarrar. Tem de ter uma pessoa que fale espanhol, inglês, tanto no atendimento quanto na construção de negócios. Essa barreira é o estímulo para expandir fronteiras. A solução para isso é a tensão entre o ótimo e o bom. Nossa parceria com universidades é fundamental, portanto.

FOLHA - Vocês conversaram com o Serra e com a Dilma?
OLIVEIRA
- Todos já foram contatados: o atual governo e os candidatos à Presidência.


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