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Projeto tenta reduzir burocracia nas finanças
Entidade que quer fazer do Brasil um centro financeiro internacional também pretende focar a simplificação tributária
Paulo Oliveira, da Brain, diz
que a solução de problemas
como o custo Brasil vai
ampliar a capacidade de
atração de investimentos
DA REPORTAGEM LOCAL
O Brasil possui "algo de especial" que tem atraído investimentos do mundo todo e lhe
possibilita passar por cima das
suas deficiências.
"Aprendemos que o diabo
não é brasileiro", diz Paulo Oliveira, o ex-executivo da
BM&FBovespa contratado para comandar a Brain (Brasil Investimentos & Negócios), entidade criada por bancos e associações do mercado para tentar
fazer do Brasil -e de São Paulo
em particular- um centro internacional de serviços financeiros. A proposta tem a simpatia do governo, que participa
das discussões.
Oliveira organizará os trabalhos técnicos e formulará propostas de simplificação tributária, regulação, instituição de
um mercado interbancário de
câmbio e de uma câmara de
compensação de transações
com diferentes moedas. Leia
abaixo trechos da entrevista
que concedeu à Folha.
(TONI SCIARRETTA)
FOLHA - O Brasil tem custos altíssimos e uma infinidade de "gargalos". O que o país tem de tão especial que possibilita passar por cima
de todas essas deficiências e ainda
ambicionar ser um centro internacional de negócios financeiros?
PAULO OLIVEIRA
- A gente descobriu nesse processo que não só
Deus é brasileiro como o diabo
não é. Essa pergunta não somos
nós que fazemos; é o mundo.
Apesar de todos os nossos problemas, temos que lembrar que
o mundo olha o Brasil e vê uma
opção, percebendo que o país
tem fatores positivos muito
claros: um potencial interno de
crescimento ainda inexplorado. Como a Bolsa brasileira é a
terceira maior em valor de
mercado com apenas 400 empresas? A Bolsa de Nova York
tem 5.000 e não é. O mundo
olha o Brasil e fala: está muito
aquém do seu potencial. Se a
gente melhorar a questão tributária, o custo Brasil, reduzir a
corrupção e a burocracia, a gente vai acelerar isso.
FOLHA - Daqui a quanto tempo a
gente vai poder cobrar algum resultado prático?
OLIVEIRA
- Estamos atuando
em várias frentes. Na integração latino-americana, há projeto de integrar as Bolsas de Chile
e Colômbia; depois Peru, México e Argentina. Tem um projeto
de curto prazo de fazer com que
essas empresas possam ser listadas no Brasil. Para o Brasil
ser um polo financeiro de longo
prazo, a gente precisa de cinco
anos; mas tem muita coisa que
está acontecendo ao longo do
caminho. Do lado interno, você
tem a simplificação de toda
questão tributária e fiscal. Tem
de fazer com que essas coisas
sejam mais fluidas.
FOLHA - O Brasil pode deixar de ser
produtor de commodities para virar
centro financeiro internacional?
OLIVEIRA
- Com certeza, a matriz de exportação brasileira
tende a ter mais produtos de
maior valor agregado [industrializados] e de serviços. O setor financeiro deve ser forte,
mas não hipertrofiado. A economia real crescendo será irrigada pelo sistema financeiro.
FOLHA - Vai esbarrar no capital humano?
OLIVEIRA
- Educação é um gargalo, mas esse é um doce problema. A única condição de
crescer é esbarrar. Tem de ter
uma pessoa que fale espanhol,
inglês, tanto no atendimento
quanto na construção de negócios. Essa barreira é o estímulo
para expandir fronteiras. A solução para isso é a tensão entre
o ótimo e o bom. Nossa parceria
com universidades é fundamental, portanto.
FOLHA - Vocês conversaram com o
Serra e com a Dilma?
OLIVEIRA
- Todos já foram contatados: o atual governo e os
candidatos à Presidência.
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