São Paulo, domingo, 05 de maio de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Argentinos já cortam até futebol

DE BUENOS AIRES

Os argentinos tiveram de alterar radicalmente seus hábitos de lazer com o agravamento da crise econômica que assola o país. Restaurante, cinema, teatro, futebol e outras atividades que sempre fizeram parte da vida dos argentinos tiveram de ser abandonadas por grande parte deles.
Uma pesquisa realizada pela consultoria Braidot & Associados na Grande Buenos Aires mostra que 39% dos argentinos deixaram de ir a restaurantes neste ano. A queda nas idas ao cinema e ao teatro também é bastante expressiva e atinge cerca de 33,5% dos argentinos.
A resposta de muitas salas de cinema e teatro foi a de tentar fazer promoções para não perder o público. O preço do ingresso em alguns cinemas caiu de 8 pesos para 5 pesos.
Em algumas salas de teatro de Buenos Aires, os responsáveis pelas peças preferiram inovar. Ao invés de cobrarem um ingresso que muitos não podem mais pagar, decidiram liberar a entrada e "passar o chapéu" no fim do espetáculo. Dessa forma, cada um colabora com o que pode.
A utilização de celulares, táxis e a tv a cabo sofreram cortes médios de 16% no orçamento dos argentinos. Nem mesmo as idas ao estádio de futebol, uma da maiores paixões dos argentinos, sobreviveram à crise. No ano, 12,5% dos argentinos optaram por abandonar as visitas aos estádios de futebol. Mesmo o consumo de jornais e revistas foi drasticamente cortado pelos argentinos em cerca de 29%.
Para Néstor Braidot, diretor da consultoria Braidot & Associados, encontrar formas alternativas para sobreviver à crise é uma palavra de ordem para os argentinos hoje. "Lugar de jantar com os amigos agora é em casa, onde cada um leva o que pode."
O consumo de bebidas alcoólicas foi um dos menos afetados, mas também não foi perdoado pelos ajustes feitos pelos argentinos. Aproximadamente 1,5% dos argentinos passaram a consumir menos bebidas alcoólicas.
O que tem ajudado na sobrevivência da vida cultural e gastronômica de Buenos Aires é o crescente fluxo de turistas, principalmente do Chile e do Brasil. Atraídos pelo barateamento dos preços no país após a forte desvalorização do peso nos últimos meses, os turistas têm ajudado a manter vivas as atrações da capital argentina. Se um jantar para duas pessoas custava cerca de US$ 50 em dezembro, hoje é possível comer em Buenos Aires por US$ 15. (FV)


Texto Anterior: Colapso da Argentina: Classe média faz fila por salário de US$ 46
Próximo Texto: Comércio exterior: Argentina emperra acordo Mercosul-Europa
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.