São Paulo, sábado, 05 de maio de 2007

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Cortadores de cana fazem protesto por melhores condições

Manifestação aconteceu em Ribeirão Preto durante realização de feira agrícola; trabalhadores lançaram campanha salarial

Entre as reivindicações da categoria, estão a redução da jornada e o fim da exigência de cumprimento de metas de produção


JORGE SOUFEN JR.
FABRÍCIO FREIRE GOMES
MARCELO TOLEDO
DA FOLHA RIBEIRÃO

Pelo menos 400 bóias-frias de várias regiões canavieiras do Estado protestaram por melhores condições de trabalho ontem, em Ribeirão Preto, em frente à Agrishow, a maior feira agropecuária do país. Houve momentos de tensão com a Polícia Militar, que barrou parte da passeata, e com seguranças do evento, que impediram a entrada dos manifestantes.
O protesto marcou o lançamento da campanha salarial dos trabalhadores. Seis dos nove itens da pauta estão ligados às condições de trabalho -no domingo, a Folha mostrou que, segundo pesquisadores, a vida útil dos cortadores de cana se equipara à dos escravos no período final da escravidão no país, final do século 19.
Entre as reivindicações, estão jornada de 30 horas semanais -hoje é de 44-, aumento do piso salarial de R$ 450 para R$ 1.620, fim da exigência de cumprimento de metas de produção, maior proteção à saúde, controle da produção diária pelos próprios bóias-frias, fim dos "gatos" (empreiteiros que agenciam mão-de-obra), transporte seguro e alimentação gratuita ("suficiente para garantir as necessidades nutricionais dos trabalhadores").
"A Agrishow está mostrando para o mundo muita máquina e tecnologia, mas não a situação do homem do campo, uma vergonha para a sociedade", disse Élio Neves, presidente da Feraesp (Federação dos Empregados Rurais Assalariados do Estado de São Paulo).
A manifestação, organizada pela Feraesp, teve apoio do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) e de sindicatos rurais das regiões sucroalcooleiras do Estado.
Enquanto se dirigiam para a feira, por uma das duas pistas do Anel Viário Norte, policiais militares estacionaram dois veículos na pista, impedindo a passagem do caminhão de som.
O clima ficou tenso. Os trabalhadores cortaram a pé o bloqueio e fecharam a segunda pista, impedindo o trânsito em um dos sentidos da rodovia. Após 20 min de negociação, os dois bloqueios (o da PM e o dos bóias-frias) foram retirados.
Comandante da operação da PM, o capitão Wagner Aparecido Barato afirmou que os veículos da corporação foram estacionados para "diálogo". A PM estimou 400 manifestantes. A Feraesp falou em 1.000.
Os bóias-frias encontraram os portões fechados na Agrishow. Policiais fizeram uma barreira do lado de fora do recinto. Cinco seguranças da feira impediram a passagem de manifestantes. A coordenação da Agrishow informou que estava à disposição para a entrada apenas de uma comissão.
Os manifestantes deixaram o local às 15h15. A pauta deverá ser entregue na semana que vem à associação de usinas.


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