|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Disputa entre Eletrobrás e
grupo Suez atrasou leilão
Governo contesta poder dado à estatal em consórcio
VALDO CRUZ
HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Uma disputa de poder entre
o governo federal e o grupo privado Suez Energy foi a causa do
adiamento do leilão da hidrelétrica de Jirau, no rio Madeira
(RO). O impasse foi resolvido
na quarta-feira e o leilão deverá
acontecer no próximo dia 19
com dois consórcios participantes: Furnas (estatal)/Odebrecht de um lado e Suez/Camargo Correa/Chesf (estatal)/
Eletrosul (estatal) de outro.
O desentendimento aconteceu no segundo consórcio, que
conta com duas estatais federais. O grupo privado Suez tem
52% de participação, a empreiteira Camargo Correa conta
com 8%, e as estatais, 40%.
Apesar do alto percentual de
participação das estatais, os sócios privados só haviam oferecido às empresas do grupo Eletrobrás uma diretoria entre as
quatro possíveis, e ainda por cima sem poder (Meio Ambiente), e uma vaga no conselho de
administração, entre as nove
disponíveis. Além disso, todas
as decisões importantes ficariam a cargo do sócio majoritário privado (Suez).
Segundo a Folha apurou, o
contrato foi considerado "leonino" e "inaceitável" dentro do
governo. Na última terça-feira,
data em que se encerrariam as
inscrições para a disputa, o Ministério de Minas e Energia publicou portaria adiando todos
os prazos. As inscrições ficaram para o próximo dia 12, o
depósito de garantias para o dia
14 e o leilão para o dia 19.
Após o adiamento, o governo
Lula voltou a conversar com o
grupo Suez em busca de um
contrato melhor. Na hipótese
de não haver uma proposta satisfatória a tempo, informou
que entraria na disputa com
sozinho, com uma das subsidiárias da Eletrobrás. Afinal,
temia fazer o leilão com apenas
um consórcio no páreo.
Na quarta-feira, novo contrato foi apresentado ao governo: dessa vez, duas diretorias
em cinco, 40% do total de
membros do conselho de administração e possibilidade de
participação nas decisões. A
proposta foi aceita e o governo
não espera outros inscritos até
o final do prazo.
A usina de Jirau, com potência de 3.300 MW (megawatts),
é uma obra de R$ 8,7 bilhões e
está prevista no PAC. O leilão já
havia sido adiado do dia 9 para
o dia 12 por causa de atrasos na
aprovação dos estudos pelo
Tribunal de Contas da União. O
início da produção de energia
está previsto para 2013, e a capacidade máxima, para 2016.
Jirau é a segunda usina do
complexo do Madeira. A primeira é Santo Antônio, licitada
em dezembro. Na ocasião, o
consórcio Furnas/Odebrecht
ganhou a disputa, oferecendo o
lance vencedor de R$ 78,90 por
MWh (megawatt-hora), o que
representou deságio de 35,3%
em relação ao preço teto. O
mesmo consórcio é considerado favorito para Jirau.
Nos leilões de hidrelétricas,
vence a disputa quem oferece a
menor tarifa pela energia que
será gerada, respeitado o limite
definido pelo governo. Depois
de negociações com o TCU, o
governo acabou fixando em R$
91 por MWh (megawatt-hora)
o preço máximo da energia da
hidrelétrica de Jirau. O teto e
os lances ofertados pelos participantes só valem para a energia que será vendida ao "mercado regulado" (distribuidoras,
que vendem para consumidores). No mercado livre, do qual
participam indústrias, o preço
é negociado livremente.
Procurado, o grupo Suez não
quis comentar assuntos relativos à usina de Jirau.
Texto Anterior: Brasil faz oferta de "Plano Marshall" para o Paraguai Próximo Texto: Desistência da Microsoft pressionará Yahoo! Índice
|