|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Inflação é principal preocupação em reunião dos BCs
Escalada dos preços supera recessão como ameaça maior à economia e torna-se item prioritário em encontro na Suíça
Henrique Meirelles recebe elogios de colegas na Suíça; para eles, inflação sob controle motivou o país a obter grau de investimento
MARCELO NINIO
ENVIADO ESPECIAL A BASILÉIA
A inflação já é uma ameaça
maior à economia mundial que
o risco de recessão. Embora
poucos se arrisquem a dizer
que o pior da crise deflagrada
no ano passado nos Estados
Unidos tenha passado, a escalada dos preços é a principal
preocupação dos presidentes
de bancos centrais reunidos na
Basiléia, na Suíça.
Há dois meses, o agravamento da crise nos EUA, a forte queda do dólar e a preocupação
com os efeitos globais de uma
recessão na maior economia do
mundo dominaram o encontro
dos banqueiros na sede do BIS
(Banco de Compensações Internacionais). Agora, a prioridade é conter a inflação.
"Não há dúvida de que hoje
fala-se muito mais sobre inflação do que numa possível recessão profunda", disse um
banqueiro que participa das
reuniões na cidade suíça.
A disparada nos preços dos
alimentos, que pressionam a
inflação, além de causar instabilidades sociais, é um dos temas em discussão entre os banqueiros. Eles consideram que o
principal motivo do encarecimento de alimentos básicos,
como o arroz, o trigo e o milho,
é o aumento da demanda em
países emergentes, como a Índia, a China e o Brasil, mais que
a especulação.
Na última sexta-feira, o novo
relator da ONU para O Direito à
Alimentação, Olivier de Schutter, criticou a comunidade internacional por não conter a
ação dos especuladores, a quem
atribuiu boa parte da culpa pela
crise mundial dos alimentos.
"Estamos pagando por 20 anos
de erros", disse o relator. "Nada
foi feito para evitar a especulação sobre as matérias-primas,
apesar de ser previsível que os
investidores se voltariam para
esses mercados após a queda
nos mercados de ações."
Elogios
O controle da inflação pelo
Banco Central do Brasil tem sido considerado um dos principais motivos para o país ter recebido na semana passada o
grau de investimento de uma
agência de risco. O presidente
do BC, Henrique Meirelles, que
participa da reunião na Basiléia
pela primeira vez após a reclassificação, recebeu elogios de
seus colegas ontem, no primeiro dia de consultas do BIS.
A escalada da inflação deve
reforçar a política do Banco
Central Europeu, que resiste a
cortar os juros na zona do euro,
apesar da desaceleração econômica na região. No dilema entre
o combate à inflação, que atinge os mais altos níveis em uma
década na Europa, e o estímulo
à economia, que deve crescer
menos de 2% neste ano, o presidente do BCE, Jean-Claude
Trichet, deve ficar com a primeira opção.
Pelo clima no primeiro dia de
reunião do BIS, essa deve ser
uma prioridade compartilhada
pelos demais banqueiros.
Texto Anterior: Desistência da Microsoft pressionará Yahoo! Próximo Texto: Financiamento: Países da Ásia criam fundo de US$ 80 bilhões Índice
|