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Emergentes temem perder capital para o Brasil
DO ENVIADO A BASILÉIA
A elevação do Brasil a grau de
investimento pela agência
Standard & Poor's já preocupa
outros países emergentes, que
temem perder capitais para o
mercado brasileiro. "Isso pode
ocorrer", reconheceu Durmus
Yilmaz, presidente do BC da
Turquia, país emergente que
ainda não recebeu grau de investimento, e cuja economia
cresceu 4,7% em 2007, bem
menos que a do Brasil (5,4%).
O presidente do BC mexicano, Gillermo Ortiz, prevê que se
repita com o Brasil o que ocorreu com seu país quando recebeu o carimbo de credibilidade
da agência Moody's, em março
de 2000: um fluxo de investimentos. Ele avalia que a economia do Brasil vive momento semelhante ao da mexicana na
época, que desde então não
aplicou medidas para limitar a
entrada de capital especulativo.
Entre os banqueiros, parece
prevalecer a opinião de que esse tipo de restrição não funciona. "O único país que tomou
medidas nesse sentido foi o
Chile, há muitos anos, e teve
que abandoná-las, porque fracassaram", disse uma autoridade monetária na Basiléia, pedindo para não ser identificada.
A aposta entre países que
têm o grau elevado é que esse
selo de qualidade melhore a
qualidade do capital que entra
na sua economia. "O grau de investimento atrai capitais de
longo prazo", explica a mesma
autoridade. "Já o capital especulativo joga fundamentalmente na cotação da moeda e
aposta em ganhos rápidos".
Martín Redrado, presidente
do BC argentino, também acha
que o Brasil deve ficar com uma
fatia maior do bolo de capitais
internacionais destinados aos
mercados emergentes. Ainda
assim, num momento de humildade, disse que isso não afetará a capacidade de atração de
seu país. "Ficaremos satisfeitos
com as migalhas [do Brasil] que
caírem para nós", diz, sorrindo.
Em meio à comemoração pelo grau de investimento, alguns
vêem nas turbulências financeiras atuais um risco à classificação do Brasil. Segundo uma
alta autoridade de um BC europeu, o bom desempenho do
Brasil se deve em parte ao
boom das commodities, e isso
poderia ser frágil a médio prazo. Para ele, se for provado que
o aumento de preços se deve à
especulação, e não à demanda,
a bolha pode estourar, com má
repercussão ao Brasil.
(MN)
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