São Paulo, segunda-feira, 05 de maio de 2008

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Emergentes temem perder capital para o Brasil

DO ENVIADO A BASILÉIA

A elevação do Brasil a grau de investimento pela agência Standard & Poor's já preocupa outros países emergentes, que temem perder capitais para o mercado brasileiro. "Isso pode ocorrer", reconheceu Durmus Yilmaz, presidente do BC da Turquia, país emergente que ainda não recebeu grau de investimento, e cuja economia cresceu 4,7% em 2007, bem menos que a do Brasil (5,4%).
O presidente do BC mexicano, Gillermo Ortiz, prevê que se repita com o Brasil o que ocorreu com seu país quando recebeu o carimbo de credibilidade da agência Moody's, em março de 2000: um fluxo de investimentos. Ele avalia que a economia do Brasil vive momento semelhante ao da mexicana na época, que desde então não aplicou medidas para limitar a entrada de capital especulativo.
Entre os banqueiros, parece prevalecer a opinião de que esse tipo de restrição não funciona. "O único país que tomou medidas nesse sentido foi o Chile, há muitos anos, e teve que abandoná-las, porque fracassaram", disse uma autoridade monetária na Basiléia, pedindo para não ser identificada.
A aposta entre países que têm o grau elevado é que esse selo de qualidade melhore a qualidade do capital que entra na sua economia. "O grau de investimento atrai capitais de longo prazo", explica a mesma autoridade. "Já o capital especulativo joga fundamentalmente na cotação da moeda e aposta em ganhos rápidos".
Martín Redrado, presidente do BC argentino, também acha que o Brasil deve ficar com uma fatia maior do bolo de capitais internacionais destinados aos mercados emergentes. Ainda assim, num momento de humildade, disse que isso não afetará a capacidade de atração de seu país. "Ficaremos satisfeitos com as migalhas [do Brasil] que caírem para nós", diz, sorrindo.
Em meio à comemoração pelo grau de investimento, alguns vêem nas turbulências financeiras atuais um risco à classificação do Brasil. Segundo uma alta autoridade de um BC europeu, o bom desempenho do Brasil se deve em parte ao boom das commodities, e isso poderia ser frágil a médio prazo. Para ele, se for provado que o aumento de preços se deve à especulação, e não à demanda, a bolha pode estourar, com má repercussão ao Brasil. (MN)


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