São Paulo, segunda-feira, 05 de maio de 2008

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Entrar na Bolsa agora depende do objetivo

Apesar de euforia com grau de investimento do país e alta de ações, especialistas alertam que aplicação é de longo prazo

Bovespa acumula ganho de quase 10% com novo "selo de qualidade", mas analistas recomendam cautela no momento de adquirir ações

DENYSE GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL

SIMONE CUNHA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Ao alcançar o recorde de 69.366 pontos na última sexta por causa da obtenção do grau de investimento pelo Brasil, a Bovespa chamou bastante a atenção tanto dos que já aplicam em ações como de quem pensa em começar. Enquanto os primeiros querem saber se está na hora de embolsar os lucros -no ano, a Bovespa já subiu 8,58%-, os outros perguntam se ainda dá tempo de aproveitar a onda. Embora se digam otimistas em relação às perspectivas para o mercado, especialistas destacam que as respostas para essas questões dependem essencialmente das metas de cada investidor.
"Trata-se de uma aplicação de longo prazo e requer cautela", lembra Antônio Cândido de Azambuja, professor das Faculdades Integradas Rio Branco. Por isso, antes de colocar dinheiro em alguma aplicação, é essencial estabelecer um objetivo para os recursos: aposentadoria, trocar de carro, viajar nas férias, estudo dos filhos.
De acordo com o prazo para a realização, é possível estabelecer a rentabilidade desejada, comparando as opções e estudando as condições de mercado para imaginar valores realistas. "Não pode ser ganancioso. Atingindo o percentual esperado, realize o lucro. E aí, comece de novo, com o capital ampliado", diz Azambuja.
Quando a Bolsa está em alta, como agora, não é indicado comprar papéis de empresas. O ideal é esperar um momento de queda. Segundo estudo realizado pela estrategista-chefe da Arsenal Investimentos, Marian Dayoub, em outros países emergentes, as primeiras duas semanas após o grau de investimento são de euforia.
Depois geralmente acontece uma baixa, com um movimento de realização de lucros, e os preços se acomodam em patamar superior ao de antes.
"Se o investidor tem condições de montar uma posição antes que uma segunda agência de risco eleve a nota do país, o que deve acontecer dentro de dois a quatro meses, é bem possível que compre papéis com preços menores e, assim, os seus ganhos no longo prazo sejam um pouquinho maiores", explica, recomendando a interessados paciência para identificar a oportunidade certa.
É fundamental, ainda, fazer uma análise aprofundada da empresa cuja ação se quer colocar no portfólio. Além do valor patrimonial do papel -dividindo o seu capital social pelo número total de ações-, é necessário olhar para o nível de endividamento, o fluxo de capital e o caixa, informações disponíveis para consulta nos balanços que as companhias abertas são obrigadas a divulgar.
"Tem que comprar jornais para acompanhar notícias sobre a conjuntura e pesquisar sobre o setor em que a empresa atua", acrescenta Cláudio José Carvajal Junior, coordenador dos cursos de Administração da Faculdade Módulo.
O grau de investimento funciona como um "selo de qualidade", indicando aos estrangeiros que o país é confiável, pois tem condições de honrar os seus compromissos. Espera-se, portanto, que entre bastante dinheiro do exterior no mercado nos próximos meses.
A parcela dos recursos que ruma para o setor produtivo ajuda companhias a crescer e gerar emprego, o que também beneficia o mercado e os detentores de ações. Na opinião de analistas, a Bolsa paulista pode ficar entre 85 mil pontos e 90 mil pontos no fim do ano - terminou com 69.366 na sexta.
"Ao fazer escolhas conscientes sobre as aplicações, o investidor se sente mais seguro para enfrentar as turbulências. No começo do ano, algumas pessoas se assustaram com o sobe-e-desce da Bolsa e abandonaram-na. Podem ter se arrependido", afirma Carvajal.


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