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Entrar na Bolsa agora depende do objetivo
Apesar de euforia com grau de investimento do país e alta de ações, especialistas alertam que aplicação é de longo prazo
Bovespa acumula ganho de quase 10% com novo "selo de qualidade", mas analistas recomendam cautela no momento de adquirir ações
DENYSE GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL
SIMONE CUNHA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Ao alcançar o recorde de
69.366 pontos na última sexta
por causa da obtenção do grau
de investimento pelo Brasil, a
Bovespa chamou bastante a
atenção tanto dos que já aplicam em ações como de quem
pensa em começar. Enquanto
os primeiros querem saber se
está na hora de embolsar os lucros -no ano, a Bovespa já subiu 8,58%-, os outros perguntam se ainda dá tempo de aproveitar a onda. Embora se digam
otimistas em relação às perspectivas para o mercado, especialistas destacam que as respostas para essas questões dependem essencialmente das
metas de cada investidor.
"Trata-se de uma aplicação
de longo prazo e requer cautela", lembra Antônio Cândido de
Azambuja, professor das Faculdades Integradas Rio Branco.
Por isso, antes de colocar dinheiro em alguma aplicação, é
essencial estabelecer um objetivo para os recursos: aposentadoria, trocar de carro, viajar nas
férias, estudo dos filhos.
De acordo com o prazo para a
realização, é possível estabelecer a rentabilidade desejada,
comparando as opções e estudando as condições de mercado
para imaginar valores realistas.
"Não pode ser ganancioso.
Atingindo o percentual esperado, realize o lucro. E aí, comece
de novo, com o capital ampliado", diz Azambuja.
Quando a Bolsa está em alta,
como agora, não é indicado
comprar papéis de empresas. O
ideal é esperar um momento de
queda. Segundo estudo realizado pela estrategista-chefe da
Arsenal Investimentos, Marian
Dayoub, em outros países
emergentes, as primeiras duas
semanas após o grau de investimento são de euforia.
Depois geralmente acontece
uma baixa, com um movimento
de realização de lucros, e os
preços se acomodam em patamar superior ao de antes.
"Se o investidor tem condições de montar uma posição
antes que uma segunda agência
de risco eleve a nota do país, o
que deve acontecer dentro de
dois a quatro meses, é bem possível que compre papéis com
preços menores e, assim, os
seus ganhos no longo prazo sejam um pouquinho maiores",
explica, recomendando a interessados paciência para identificar a oportunidade certa.
É fundamental, ainda, fazer
uma análise aprofundada da
empresa cuja ação se quer colocar no portfólio. Além do valor
patrimonial do papel -dividindo o seu capital social pelo número total de ações-, é necessário olhar para o nível de endividamento, o fluxo de capital e
o caixa, informações disponíveis para consulta nos balanços
que as companhias abertas são
obrigadas a divulgar.
"Tem que comprar jornais
para acompanhar notícias sobre a conjuntura e pesquisar
sobre o setor em que a empresa
atua", acrescenta Cláudio José
Carvajal Junior, coordenador
dos cursos de Administração da
Faculdade Módulo.
O grau de investimento funciona como um "selo de qualidade", indicando aos estrangeiros que o país é confiável, pois
tem condições de honrar os
seus compromissos. Espera-se,
portanto, que entre bastante
dinheiro do exterior no mercado nos próximos meses.
A parcela dos recursos que
ruma para o setor produtivo
ajuda companhias a crescer e
gerar emprego, o que também
beneficia o mercado e os detentores de ações. Na opinião de
analistas, a Bolsa paulista pode
ficar entre 85 mil pontos e 90
mil pontos no fim do ano - terminou com 69.366 na sexta.
"Ao fazer escolhas conscientes sobre as aplicações, o investidor se sente mais seguro para
enfrentar as turbulências. No
começo do ano, algumas pessoas se assustaram com o sobe-e-desce da Bolsa e abandonaram-na. Podem ter se arrependido", afirma Carvajal.
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