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Alta da Bovespa após "promoção" do país é consistente, diz analista
Para William Eid Jr., coordenador de estudos em finanças da FGV, resultado positivo do PIB americano no 1º tri também deve favorecer recuperação de ações
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
O grau de investimento concedido ao Brasil fez a Bovespa
subir 6,3% na quarta, maior alta desde 2002, e deve fazê-la
continuar nesse caminho, diz o
coordenador do centro de estudos em finanças da FGV-SP,
William Eid Jr. "Não acho que
seja euforia. Tem bastante consistência a alta da Bolsa."
A elevação do "rating" do país
deve trazer mais investimentos, reduzir o custo de empréstimos de empresas no exterior
e elevar o nível de atividade
econômica, aumentando a rentabilidade das ações e a estabilidade. "Não teria dúvida em
apostar que até o fim do ano podemos chegar a 85 mil pontos."
Ele diz que é um momento de
aplicar, mas recomenda fundos
de ações, deixando para os analistas a tarefa de determinar a
hora de comprar e vender os
papéis. Leia os principais trechos da entrevista.
(SC)
FOLHA - Da quarta, dia da promoção, até sexta, a Bolsa subiu mais de
8% e bateu novo recorde de pontuação. É uma boa hora para investir?
WILLIAM EID JR - Um bom momento foi há dez dias. Acho que
a Bolsa pode ter entrado em
uma espiral de alta porque não
é só a questão do "investment
grade", que é uma ótima notícia; um monte de fundos ao redor do mundo investirá aqui, o
custo das empresas brasileiras
[para tomar empréstimos] cai
no exterior e há reflexos positivos até no nível de atividade
econômica. Outra coisa positiva foi o crescimento do PIB dos
EUA, que saiu na quarta e veio
três vezes maior do que os economistas de lá esperavam. Isso
pode significar que a crise, se
não passou, está ao menos mais
mansa. Não sei o que vai ocorrer no longo prazo nem no curto, mas acho que estamos em
um momento favorável.
FOLHA - Então, não é euforia?
EID - Não acho que seja. Juntando com o PIB americano,
que foi surpreendente, tem
consistência a alta da Bolsa.
FOLHA - E quem tem ações, deve
vender ou é possível ganhar mais?
EID - Não adianta. Se ficar entrando e saindo, certamente o
investidor vai se dar mal. É melhor ir para um fundo de ações e
deixar que tomem as decisões.
FOLHA - O grau de investimento
mudou as previsões para a Bolsa no
ano? O que mudou desde quarta?
EID - A Bolsa estava em um círculo virtuoso, mas ainda sujeito
a muita volatilidade por conta
de entrada e saída de capital estrangeiro. Com o "investment
grade", é bem provável que os
capitais sejam mais estáveis,
que venham mais recursos e a
volatilidade diminua. O crescimento do Ibovespa pode ser
mais rápido. Hoje [sexta] recebi um relatório do UBS falando
em 85 mil pontos rapidamente.
FOLHA - Rápido quanto?
EID - Ninguém é louco de botar
prazo, mas eu não teria dúvida
em apostar que até o fim do ano
podemos chegar a 85 mil. Não
achei que poderia ter 20%, 30%
[de valorização] até o fim do
ano, agora acho que pode.
FOLHA - Quais empresas e setores
que devem se valorizar mais?
EID - Exportadores vão sofrer
com essa notícia, já que o câmbio vai "derreter" mais. Os setores ligados ao consumo vão se
beneficiar do crédito e os bancos vão dar risada.
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