São Paulo, segunda-feira, 05 de maio de 2008

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Alta da Bovespa após "promoção" do país é consistente, diz analista

Para William Eid Jr., coordenador de estudos em finanças da FGV, resultado positivo do PIB americano no 1º tri também deve favorecer recuperação de ações

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O grau de investimento concedido ao Brasil fez a Bovespa subir 6,3% na quarta, maior alta desde 2002, e deve fazê-la continuar nesse caminho, diz o coordenador do centro de estudos em finanças da FGV-SP, William Eid Jr. "Não acho que seja euforia. Tem bastante consistência a alta da Bolsa."
A elevação do "rating" do país deve trazer mais investimentos, reduzir o custo de empréstimos de empresas no exterior e elevar o nível de atividade econômica, aumentando a rentabilidade das ações e a estabilidade. "Não teria dúvida em apostar que até o fim do ano podemos chegar a 85 mil pontos."
Ele diz que é um momento de aplicar, mas recomenda fundos de ações, deixando para os analistas a tarefa de determinar a hora de comprar e vender os papéis. Leia os principais trechos da entrevista. (SC)  

FOLHA - Da quarta, dia da promoção, até sexta, a Bolsa subiu mais de 8% e bateu novo recorde de pontuação. É uma boa hora para investir?
WILLIAM EID JR
- Um bom momento foi há dez dias. Acho que a Bolsa pode ter entrado em uma espiral de alta porque não é só a questão do "investment grade", que é uma ótima notícia; um monte de fundos ao redor do mundo investirá aqui, o custo das empresas brasileiras [para tomar empréstimos] cai no exterior e há reflexos positivos até no nível de atividade econômica. Outra coisa positiva foi o crescimento do PIB dos EUA, que saiu na quarta e veio três vezes maior do que os economistas de lá esperavam. Isso pode significar que a crise, se não passou, está ao menos mais mansa. Não sei o que vai ocorrer no longo prazo nem no curto, mas acho que estamos em um momento favorável.

FOLHA - Então, não é euforia?
EID
- Não acho que seja. Juntando com o PIB americano, que foi surpreendente, tem consistência a alta da Bolsa.

FOLHA - E quem tem ações, deve vender ou é possível ganhar mais?
EID
- Não adianta. Se ficar entrando e saindo, certamente o investidor vai se dar mal. É melhor ir para um fundo de ações e deixar que tomem as decisões.

FOLHA - O grau de investimento mudou as previsões para a Bolsa no ano? O que mudou desde quarta?
EID
- A Bolsa estava em um círculo virtuoso, mas ainda sujeito a muita volatilidade por conta de entrada e saída de capital estrangeiro. Com o "investment grade", é bem provável que os capitais sejam mais estáveis, que venham mais recursos e a volatilidade diminua. O crescimento do Ibovespa pode ser mais rápido. Hoje [sexta] recebi um relatório do UBS falando em 85 mil pontos rapidamente.

FOLHA - Rápido quanto?
EID
- Ninguém é louco de botar prazo, mas eu não teria dúvida em apostar que até o fim do ano podemos chegar a 85 mil. Não achei que poderia ter 20%, 30% [de valorização] até o fim do ano, agora acho que pode.

FOLHA - Quais empresas e setores que devem se valorizar mais?
EID
- Exportadores vão sofrer com essa notícia, já que o câmbio vai "derreter" mais. Os setores ligados ao consumo vão se beneficiar do crédito e os bancos vão dar risada.


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