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Lucro do Bradesco cai 9,6% no 1º trimestre
Crédito estagnado e inadimplência maior afetam resultado do banco, que registrou ganho líquido de R$ 1,72 bi, o menor em dois anos
Participação da área de crédito no resultado total recuou de 26% para 15%; inadimplência ainda deve crescer mais, prevê banco
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
O lucro permanece bilionário. Mas o Bradesco mostrou no
primeiro balanço de 2009 de
forma mais explícita o impacto
da crise internacional em seu
resultado. Em um cenário de
crédito estagnado e aumento
da inadimplência, o Bradesco
computou lucro líquido de R$
1,723 bilhão no primeiro trimestre -recuo de 9,6% sobre o
mesmo período de 2008.
No fim de março, o Bradesco
estava com uma carteira de crédito de R$ 214,29 bilhões, cifra
0,5% menor que o saldo de dezembro. O crédito vinha crescendo de forma contínua e sendo um dos grandes motores dos
resultados do setor bancário
brasileiro nos últimos nos anos.
A inadimplência, que tinha
se estabilizado no ano passado,
rondando os 3,5%, saltou para
4,3% dos empréstimos vencidos há mais de 90 dias, até março. Para o banco, o pior momento ainda não chegou.
Milton Vargas, vice-presidente do Bradesco, prevê que a
inadimplência ainda vai subir
até o fim do terceiro trimestre,
podendo atingir um patamar
em torno dos 4,9%, para apenas
depois começar a melhorar.
"O crédito estacionou. Atendemos toda a demanda que
apareceu, mas houve queda [na
procura por empréstimos]",
afirma Vargas.
Essa mudança de cenário se
espelha na participação do crédito no resultado total do banco. De 26% do total no quarto
trimestre de 2008, a contribuição do crédito para o resultado
recuou para 15% no período
que vai de janeiro a março.
Com a expectativa de inadimplência ainda crescente, o
banco elevou em 11,3% sua provisão para devedores duvidosos
-recursos reservados para
possíveis perdas com crédito-,
que alcançou saldo de R$ 11,42
bilhões. O aumento da provisão
prejudica o resultado líquido
das companhias.
"O balanço deixa mais clara a
posição assumida pelo banco
diante da crise, ao se tornar
mais seletivo para conceder
crédito", afirma Luis Miguel
Santacreu, analista financeiro
da Austin Rating. "Pior seria se
o banco estivesse ainda concedendo crédito de forma acelerada em um cenário que não é
muito favorável. Isso poderia
acabar por se refletir em uma
inadimplência muito mais
preocupante", afirma.
O R$ 1,723 bilhão de lucro líquido do banco representou o
mais fraco resultado desde o 1º
trimestre de 2007. E, se não
fosse a tesouraria do banco, o
resultado da instituição seria
ainda mais fraco. É por meio da
tesouraria que as empresas
conseguem ganhos por meio de
aplicações no mercado e em títulos do governo. A participação da tesouraria no resultado
subiu de 6% no primeiro trimestre de 2008 para 17% agora.
No caso das receitas com
prestação de serviços (como tarifas e taxas cobradas de contas,
cartões e mesmo de fundos de
investimento), que respondem
por 24% do resultado do banco,
o que se viu também foi estagnação. O crescimento trimestral nesse segmento ficou em
apenas 0,7%.
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