Braço executivo do bloco estima "profunda e ampla recessão" em 2009

Previsão anterior era de retração de 1,8%; pessimismo é resultado principalmente do desempenho da Alemanha, cujo PIB deve recuar 5,4%

DA REDAÇÃO

Diante da piora no cenário econômico, a União Europeia revisou suas projeções ontem, ao admitir que as estimativas anteriores estavam em descompasso com a realidade.
A Comissão Europeia, órgão executivo da UE, vislumbra agora uma "profunda e ampla recessão" no continente. As novas projeções apontam que as economias tanto dos 27 países que compõem a UE como dos 16 países da zona do euro irão encolher 4% neste ano.
Em 2010, a taxa de desemprego na zona do euro subirá para 11,5% -26 milhões estarão desempregados na região.
O pessimismo é puxado principalmente pelo desempenho da economia alemã -a maior da região-, que foi afetada pelo "quase colapso" do comércio global. A UE projeta que o PIB (Produto Interno Bruto) alemão irá sofrer contração de 5,4% neste ano, na esteira da diminuição da demanda global por produtos de alto valor agregado exportados pelo país.
Em janeiro, a UE afirmava que a economia alemã encolheria apenas 2,3% neste ano. Na época, a previsão era de queda de 1,8% para a União Europeia e de 1,9% para a zona do euro.
Com as previsões de ontem, aumentam as expectativas de que o Banco Central Europeu reduza a taxa básica de juros para 1% na próxima quinta-feira e anuncie novas medidas para estimular a economia. Os governos europeus devem também sentir maior pressão para ampliar os gastos.
O comissário europeu para Assuntos Econômicos, Joaquín Almunia, atribuiu a revisão das estimativas ao resultado do primeiro trimestre, "excepcionalmente ruim". Ele disse, porém, que as últimas sondagens sobre a confiança na economia da zona do euro e da Alemanha especificamente "parecem confirmar que a economia não está mais em queda livre."