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Indicadores mostram que agronegócio se recupera
Relação de troca para comprar adubo tem melhora
EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Diferentes dados revelam sinais de recuperação do agronegócio, apesar das reclamações
dos ruralistas, que pedem nova
renegociação de dívidas, garantia de preço mínimo e um pacote volumoso de recursos para o
plano agrícola 2009/10.
Um desses indicativos aparece numa espécie de índice de
custeio criado pela Anda (Associação Nacional para Difusão
de Adubos). Ele mede a quantidade do produto agrícola necessária para adquirir uma tonelada de fertilizante.
De dez produtos analisados,
houve queda de custo em oito
deles, numa comparação do
primeiro trimestre deste ano
com a média do ano passado.
Por exemplo: em 2008, um produtor tinha de oferecer 26,3 sacas de soja para receber uma tonelada de fertilizante. Neste
ano, até agora, precisa de 23,7
sacas -queda de 10%.
"Caiu o preço do adubo, aumentou o preço em reais do
produto exportado, a relação de
troca começa a ficar mais favorável", afirma Eduardo Daher,
da direção da Anda. Sobre o clima entre os representantes ruralistas, ele diz: "Neste momento não deveríamos estar nem
otimistas nem pessimistas".
Nos últimos meses, tanto a
CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil)
como integrantes da bancada
ruralista do Congresso têm feito reclamações públicas sobre
as dificuldades dos produtores.
A CNA tem orientado seus
associados a atuar com cautela
para a próxima safra, enquanto,
por conta dessa pressão, o governo se movimenta para buscar R$ 100 bilhões em créditos
para o plano agrícola e pecuário
2009/10. O plano passado teve
R$ 65 bilhões para a agropecuária empresarial.
Menos nuvens
Sobre as exportações, os números do agronegócio também
aparecem menos nebulosos.
Um trabalho da assessoria do
deputado federal Beto Faro
(PT-PA) revela que, dos 10 produtos que mais arrecadam com
vendas ao exterior, 4 têm apresentado forte alta em 2009.
Numa comparação entre o
primeiro trimestre deste ano e
os três primeiros meses de
2008, o produto que mais avançou em volume de recursos foi
o açúcar (59%), seguido de milho, (41%), soja (30%) e fumo
(13%). Se somados os dez principais produtos, 2009 apresenta leve queda (1%) ante 2008.
Em relação ao valor dos produtos, após uma aparente bolha de valorização pré-crise, o
índice criado pelo Centro de
Estudos Avançados em Economia Aplicada (USP) para medir
o preço das exportações tem
caído desde o fim do ano passado. Ainda hoje (136,73), porém,
mantém-se em patamar acima
da média dos últimos quatro
anos (133,01).
Para Karlin Saori Ishii, pesquisadora do Cepea, o atual cenário pode ser visto de dois ângulos: o do pessimismo, se comparado com o crescimento entre 2002 e setembro de 2008; e
de otimismo, se os atuais valores forem comparados com as
médias dos últimos anos. "Com
a crise, a gente tem o problema
de demanda e de crédito. Talvez, quando estabilizarem, os
preços terão de novo uma tendência de alta", diz Ishii.
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