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Temor sobre a Grécia se alastra e Bolsas despencam
Índice grego cai 6,68% e arrasta principais mercados; Bovespa tem queda de 3,35%
Investidores temem que os 110 bilhões de ajuda do FMI e da UE à Grécia não bastem para evitar que a crise contamine países vizinhos
DA REDAÇÃO
A falta de confiança dos investidores de que o pacote de
110 bilhões (R$ 253 bilhões)
irá salvar a endividada economia grega de um colapso e impedir que a crise se alastre por
países vizinhos (como Portugal
e Espanha) fez os principais índices europeus, americanos e
asiáticos despencarem ontem,
arrastando o euro para o patamar mais baixo em um ano.
A queda na Bolsa de Atenas
(-6,68%) ressoou pelos principais mercados do mundo, como Espanha, Portugal, China,
Brasil (queda de 3,35%) e EUA
(a maior queda em três meses).
O euro, que caiu 1,35% ante o
dólar, foi cotado a US$ 1,3019.
No Brasil, o temor europeu puxou o valor da moeda americana, que subiu 1,67%, para R$
1,761.
Lateralmente, os mercados
asiáticos também sofreram
com a divulgação da atividade
industrial chinesa em abril (o
menor nível em seis meses).
Para operadores e analistas,
o dinheiro -que será liberado
pela União Europeia e pelo
FMI (Fundo Monetário Internacional) em três anos- não
será suficiente para que a Grécia ponha suas contas em dia.
Há dúvidas também sobre
sua capacidade de realizar os
cortes no Orçamento, parte do
acordo para receber o dinheiro.
O plano de arrocho -que prevê
reduções salariais e aumento
de impostos- foi o estopim para as greves dos últimos dias.
Os títulos de dívida do governo grego caíram ontem, com o
rendimento do papel de referência subindo 36 pontos (a alta indica uma deterioração na
qualidade dos papéis, o que faz
investidores exigirem rendimentos maiores pelo risco).
Ibéricos
Investidores também observam com cautela Espanha e
Portugal, países com deficit alto e sob suspeita de incapacidade de pagar suas dívidas -ambos tiveram rebaixada a classificação de seus títulos de dívida
na semana passada. Num sinal
de que o nervosismo está se espalhando, os títulos portugueses e espanhóis também mostraram alta de rendimentos.
Rumores de que a Espanha
também estaria prestes a pedir
ajuda financeira ao FMI forçaram o primeiro-ministro espanhol, José Luis Rodríguez Zapatero, a ir a público afirmar
que a ideia de que o país será a
"próxima Grécia" é "uma absoluta loucura", que "prejudica as
taxas de juros espanholas e poderia aumentar o custo do país
para captar dinheiro [no mercado financeiro]".
Na avaliação de Arvind Subramanian, pesquisador do
Instituto Peterson de Economia Internacional e ex-diretor
de estudos macroeconômicos
do FMI, a Grécia terá de reestruturar sua dívida para que o
plano dê certo.
"Isso significa que bancos
alemães e franceses também
têm de perder. No plano atual,
estão totalmente protegidos",
disse à Folha.
"A Grécia tem uma dívida
muito grande, e suas perspectivas de crescimento não são
boas o suficiente, especialmente por não poder desvalorizar
sua moeda. A dívida da Grécia
tem de cair ao menos 50%, e o
país talvez tenha de deixar a
zona do euro", afirma.
Para Subramanian e outros
analistas, os riscos de contágio
só aumentam dia a dia. E se Espanha e Portugal não agirem
rápido e receberem financiamento logo, entrarão na espiral
da crise, pondo em risco a própria zona do euro.
(NATÁLIA PAIVA)
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