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SALTO NO ESCURO
Governador mineiro diz que mudança nas medidas causa "dúvidas sobre o que realmente está acontecendo"
Para Itamar, mudança traz perplexidade
RAINIER BRAGON
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
O governador de Minas Gerais,
Itamar Franco (PMDB), convocou na noite de ontem a imprensa
mineira para ler uma nota em que
se diz porta-voz dos setores da sociedade que estariam "perplexos e
inseguros" com o fato de o governo federal ter alterado novamente
o plano de racionamento.
"A situação de instabilidade institucional e de insegurança social
que domina o país, com as mudanças de normas de conduta que
o senhor presidente impõe à sociedade, causa-nos dúvida quanto
ao que realmente está acontecendo no governo federal", leu o governador, que é um dos principais
críticos do Planalto.
O ex-presidente anunciou ter
adiado para amanhã o anúncio
que faria hoje do plano nacional
alternativo preparado por seu governo para o enfrentamento da
crise energética nacional.
Há vários dias o governador
vem mantendo reuniões com a
direção da estatal Cemig (Companhia Energética de Minas Gerais)
e com sua equipe política para elaborar o plano, que seria apresentado como alternativa às normas
do "ministério do apagão".
A Agência Folha apurou que o
plano mineiro apresentaria, entre
outras medidas, proposta para
ampliação de investimentos na
geração de energia, suspensão das
propostas de privatização das
energéticas e negociações segmentadas de redução de energia
com os setores da indústria, como
forma de reduzir o impacto sobre
os consumidores residenciais.
Sem consulta
A Câmara da Sociedade Civil,
ou "ministério do apagão 2", formada na semana passada -composto de sindicalistas, indústrias e
representantes do comércio e que
tem como função levantar propostas alternativas ao governo sobre racionamento-, não foi nem
sequer consultada sobre as alterações anunciadas ontem.
"Não fomos ouvidos. Eles não
falam com o povo", afirmou Paulo Pereira da Silva, o Paulinho,
presidente da Força Sindical.
"O governo está tentando apagar incêndio, resolver primeiro os
problemas que vão aparecendo",
afirma Marcel Solimeo, economista da Associação Comercial de
São Paulo e um dos 18 integrantes
da nova comissão.
"Estamos pedindo uma audiência com o presidente Fernando
Henrique Cardoso para ver se ele
nos escuta. Queremos marcar o
encontro para até sexta-feira",
disse Paulinho, da Força.
O Instituto Cidadania, em São
Paulo, também quer ser ouvido
pelo governo. O líder petista Luiz
Inácio Lula da Silva, conselheiro
do instituto, disse ontem que haverá um seminário sobre energia
promovido pela entidade em julho. O objetivo é elaborar uma
proposta alternativa ao programa
de racionamento.
Colaborou ADRIANA MATTOS,
da Reportagem Local
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