São Paulo, terça-feira, 05 de junho de 2001

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SALTO NO ESCURO

Governador mineiro diz que mudança nas medidas causa "dúvidas sobre o que realmente está acontecendo"

Para Itamar, mudança traz perplexidade

RAINIER BRAGON
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

O governador de Minas Gerais, Itamar Franco (PMDB), convocou na noite de ontem a imprensa mineira para ler uma nota em que se diz porta-voz dos setores da sociedade que estariam "perplexos e inseguros" com o fato de o governo federal ter alterado novamente o plano de racionamento.
"A situação de instabilidade institucional e de insegurança social que domina o país, com as mudanças de normas de conduta que o senhor presidente impõe à sociedade, causa-nos dúvida quanto ao que realmente está acontecendo no governo federal", leu o governador, que é um dos principais críticos do Planalto.
O ex-presidente anunciou ter adiado para amanhã o anúncio que faria hoje do plano nacional alternativo preparado por seu governo para o enfrentamento da crise energética nacional.
Há vários dias o governador vem mantendo reuniões com a direção da estatal Cemig (Companhia Energética de Minas Gerais) e com sua equipe política para elaborar o plano, que seria apresentado como alternativa às normas do "ministério do apagão".
A Agência Folha apurou que o plano mineiro apresentaria, entre outras medidas, proposta para ampliação de investimentos na geração de energia, suspensão das propostas de privatização das energéticas e negociações segmentadas de redução de energia com os setores da indústria, como forma de reduzir o impacto sobre os consumidores residenciais.

Sem consulta
A Câmara da Sociedade Civil, ou "ministério do apagão 2", formada na semana passada -composto de sindicalistas, indústrias e representantes do comércio e que tem como função levantar propostas alternativas ao governo sobre racionamento-, não foi nem sequer consultada sobre as alterações anunciadas ontem.
"Não fomos ouvidos. Eles não falam com o povo", afirmou Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, presidente da Força Sindical.
"O governo está tentando apagar incêndio, resolver primeiro os problemas que vão aparecendo", afirma Marcel Solimeo, economista da Associação Comercial de São Paulo e um dos 18 integrantes da nova comissão.
"Estamos pedindo uma audiência com o presidente Fernando Henrique Cardoso para ver se ele nos escuta. Queremos marcar o encontro para até sexta-feira", disse Paulinho, da Força.
O Instituto Cidadania, em São Paulo, também quer ser ouvido pelo governo. O líder petista Luiz Inácio Lula da Silva, conselheiro do instituto, disse ontem que haverá um seminário sobre energia promovido pela entidade em julho. O objetivo é elaborar uma proposta alternativa ao programa de racionamento.


Colaborou ADRIANA MATTOS, da Reportagem Local


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