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Fundos ganham com turbulência de maio
Volatilidade no mês passado ajudou a elevar os ganhos de fundos multimercados que rendem mais no sobe-e-desce
Alguns gestores tiraram proveito para lucrar com
a saída "exagerada" de investidores do mercado brasileiro
MARIA CRISTINA FRIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
Apesar do intenso sobe-e-desce dos mercados nas últimas semanas, e da queda de
9,5% da Bovespa no fechamento do mês passado, alguns fundos, mesmo investindo em
ações, conseguiram ter um desempenho melhor em maio do
que no mês anterior.
A volatilidade que jogou quase todos os fundos de ações no
vermelho fez a alegria de alguns
gestores de fundos multimercados. Dentre os que se beneficiaram, é marcante a presença
de fundos "long-short".
Nesses fundos, o gestor faz
operações casadas de compra
(ficar "long") de ações e venda
de papéis (ficar "short"), nos
mercados de opções e à vista,
para tentar superar a rentabilidade do CDI. Não importa se a
Bolsa sobe ou cai nessas operações, porque o volume de compra, em geral, é equivalente ao
de venda de ações.
"O sucesso ocorre se a ação
escolhida para compra apresenta desempenho superior à
opção de venda", diz Alexandre
Póvoa, do Modal Asset Management. Dentre os "long-short", a melhor rentabilidade
em maio foi do Questus Long
Short 30 FI Ações que teve alta
de 6,18% em maio, segundo o
site Fortuna. No período, o CDI
foi de 1,28%, e o dólar subiu
10,11%. A maior taxa negativa,
de 3,40%, foi do Strategy Long
Short, da Hedging-Griffo.
Volatilidade
Há um tipo de fundo multimercado que ganha justamente
quando se intensifica o sobe-e-desce da Bolsa. Em época de
muita incerteza, as cotações
dos papéis oscilam mais, e são
essas mudanças na volatilidade
que criam chances de ganho.
Modelos econométricos
mostram como se comporta a
volatilidade do ativo ao longo
do tempo e como ela pode retornar à média. Momentos de
euforia, como o da maxivalorização de 1999, também ajudam
quem aposta na volatilidade,
lembra Paulo Ramos, gestor do
Sul América Dinâmico. "O pior
cenário é quando todos têm a
mesma opinião em relação à
Bolsa e ela oscila pouco", diz.
O fundo rendeu 156,26% do
CDI em maio, o que evidencia a
agressividade da estratégia. No
acumulado do ano, o fundo registra 106% do CDI. Por dois
meses, em março e abril, o fundo ficou no vermelho.
"Foram meses de calmaria
nos mercados, em que caiu a
volatilidade", lembra Marcelo
Assalin, diretor da Sul América.
Com o aumento da volatilidade, o preço das opções sobe.
O fundo compra volatilidade, a
um risco conhecido, segundo
Ramos. O investidor sabe qual a
perda máxima, estipulada no
regulamento: duas vezes o CDI,
ou seja, o próprio CDI e o custo
de oportunidade (de ter deixado de ganhar em outra aplicação). "Não há perda de principal nem alavancagem", afirma.
Outro fundo que aposta nas
oscilações é o SWL Volatilidade, com alta de 0,95% em maio.
Mesmo sem uma estratégia
calcada nas turbulências, outros fundos multimercados se
beneficiaram da volatilidade.
Alguns por estarem já na defensiva, haviam apostado no dólar
e usaram opções futuras para
proteger aplicações em Bolsa.
Outros gestores tiraram proveito dos "exageros da saída de
investidores", diz Mauro
Bernstein, do Credit Suisse, cujos fundos "long-short" subiram 2,84% e 2,14% em maio.
"Alguns bons papéis sofreram
muito. Mas, se os fundamentos
da ação forem bons, se gostarmos dela, pode haver a chance
de montar posições novas."
Dentre os grandes fundos de
ações, os de telecomunicações
lideraram as baixas na semana
passada, conforme levantamento do site Fortuna.
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