São Paulo, segunda-feira, 05 de junho de 2006

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Fundos ganham com turbulência de maio

Volatilidade no mês passado ajudou a elevar os ganhos de fundos multimercados que rendem mais no sobe-e-desce

Alguns gestores tiraram proveito para lucrar com a saída "exagerada" de investidores do mercado brasileiro

MARIA CRISTINA FRIAS
DA REPORTAGEM LOCAL

Apesar do intenso sobe-e-desce dos mercados nas últimas semanas, e da queda de 9,5% da Bovespa no fechamento do mês passado, alguns fundos, mesmo investindo em ações, conseguiram ter um desempenho melhor em maio do que no mês anterior.
A volatilidade que jogou quase todos os fundos de ações no vermelho fez a alegria de alguns gestores de fundos multimercados. Dentre os que se beneficiaram, é marcante a presença de fundos "long-short".
Nesses fundos, o gestor faz operações casadas de compra (ficar "long") de ações e venda de papéis (ficar "short"), nos mercados de opções e à vista, para tentar superar a rentabilidade do CDI. Não importa se a Bolsa sobe ou cai nessas operações, porque o volume de compra, em geral, é equivalente ao de venda de ações.
"O sucesso ocorre se a ação escolhida para compra apresenta desempenho superior à opção de venda", diz Alexandre Póvoa, do Modal Asset Management. Dentre os "long-short", a melhor rentabilidade em maio foi do Questus Long Short 30 FI Ações que teve alta de 6,18% em maio, segundo o site Fortuna. No período, o CDI foi de 1,28%, e o dólar subiu 10,11%. A maior taxa negativa, de 3,40%, foi do Strategy Long Short, da Hedging-Griffo.

Volatilidade
Há um tipo de fundo multimercado que ganha justamente quando se intensifica o sobe-e-desce da Bolsa. Em época de muita incerteza, as cotações dos papéis oscilam mais, e são essas mudanças na volatilidade que criam chances de ganho.
Modelos econométricos mostram como se comporta a volatilidade do ativo ao longo do tempo e como ela pode retornar à média. Momentos de euforia, como o da maxivalorização de 1999, também ajudam quem aposta na volatilidade, lembra Paulo Ramos, gestor do Sul América Dinâmico. "O pior cenário é quando todos têm a mesma opinião em relação à Bolsa e ela oscila pouco", diz.
O fundo rendeu 156,26% do CDI em maio, o que evidencia a agressividade da estratégia. No acumulado do ano, o fundo registra 106% do CDI. Por dois meses, em março e abril, o fundo ficou no vermelho.
"Foram meses de calmaria nos mercados, em que caiu a volatilidade", lembra Marcelo Assalin, diretor da Sul América.
Com o aumento da volatilidade, o preço das opções sobe. O fundo compra volatilidade, a um risco conhecido, segundo Ramos. O investidor sabe qual a perda máxima, estipulada no regulamento: duas vezes o CDI, ou seja, o próprio CDI e o custo de oportunidade (de ter deixado de ganhar em outra aplicação). "Não há perda de principal nem alavancagem", afirma.
Outro fundo que aposta nas oscilações é o SWL Volatilidade, com alta de 0,95% em maio.
Mesmo sem uma estratégia calcada nas turbulências, outros fundos multimercados se beneficiaram da volatilidade. Alguns por estarem já na defensiva, haviam apostado no dólar e usaram opções futuras para proteger aplicações em Bolsa.
Outros gestores tiraram proveito dos "exageros da saída de investidores", diz Mauro Bernstein, do Credit Suisse, cujos fundos "long-short" subiram 2,84% e 2,14% em maio. "Alguns bons papéis sofreram muito. Mas, se os fundamentos da ação forem bons, se gostarmos dela, pode haver a chance de montar posições novas."
Dentre os grandes fundos de ações, os de telecomunicações lideraram as baixas na semana passada, conforme levantamento do site Fortuna.


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