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Brasil terá recorde de dólares em 2007
Maiores bancos do mundo prevêem ingressos líquidos de US$ 28,8 bilhões no país em capital privado produtivo e especulativo
País deve receber mais da
metade do fluxo esperado
para América Latina; dólar,
que já caiu 11% no ano,
tende a se desvalorizar mais
FERNANDO CANZIAN
DA REPORTAGEM LOCAL
Os maiores bancos do mundo
estão prevendo um recorde de
fluxo de dólares para o Brasil
em 2007, o que deve acentuar a
tendência de desvalorização da
moeda americana.
Estimativa do Instituto de
Finanças Internacionais (IIF,
em inglês), que reúne 340 bancos, é que entrem no país até
dezembro US$ 28,8 bilhões líquidos (descontadas as saídas).
O valor inclui apenas o saldo
líquido positivo de fluxos de
bancos e empresas privadas estrangeiras ao país para investimentos especulativos ou produtivos. Ele deve se somar ainda aos mais de US$ 40 bilhões
previstos para entrar no país
via comércio exterior (com exportações estimadas em US$
157 bilhões e importações de
US$ 115 bilhões).
O dinheiro estrangeiro previsto para o Brasil equivale a
mais que o dobro do apurado
pelo IIF em 2006 e a mais da
metade dos US$ 55 bilhões em
fluxos líquidos previstos neste
ano a todos os países da América Latina (que receberá US$ 15
bilhões a mais neste ano).
Para o conjunto de países
emergentes do mundo, o IIF
prevê um fluxo total positivo de
US$ 544,9 bilhões. Mais da metade desse valor será dirigida
aos países asiáticos, com China
e Índia liderando o bloco.
Desse fluxo total de mais de
meio trilhão de dólares em
2007 em direção aos emergentes, a fatia brasileira será de
5,3%, bem acima dos 2,3% que
ingressaram no ano passado.
Dólar em queda livre
Desde o início do ano, o dólar
já sofreu desvalorização de
quase 11% devido à grande oferta de moeda norte-americana
no mercado.
O Banco Central já adquiriu,
nos cinco primeiros meses de
2007, mais dólares para reforçar suas reservas e tentar segurar as cotações do que durante
todo o ano de 2006.
Mesmo assim, a previsão do
mercado é novas quedas no
preço da moeda americana em
razão do saldo comercial acima
dos US$ 40 bilhões.
Investimento produtivo
A melhora nos fundamentos
econômicos das economias
emergentes, segundo o IIF,
também será premiada em
2007 por um fluxo recorde de
investimentos diretos (no setor
produtivo) nos países em desenvolvimento.
O volume para este ano é estimado em US$ 193,8 bilhões,
ante os US$ 167,3 bilhões de
2006. A América Latina ficará
com cerca de US$ 42 bilhões do
total, e o Brasil, com cerca de
US$ 14 bilhões líquidos (entradas menos saídas).
No ano passado, segundo os
números do IIF, o Brasil teve
um fluxo contábil negativo nessa conta (-US$ 7 bilhões) em razão, principalmente, da compra pela Companhia Vale do
Rio Doce da mineradora canadense Inco. Foram pagos US$
18 bilhões no negócio.
Capital especulativo
O Brasil também será o principal destino, na América Latina, de capitais especulativos,
com um fluxo que deve ultrapassar os US$ 5 bilhões no ano.
O relatório do IIF também
prevê que apenas Brasil e Chile
registrem crescimento maior
do PIB (Produto Interno Bruto) neste ano em relação a
2006. A previsão dos banqueiros para o Brasil é de crescimento de 4,6% (3,7% no ano
passado). Na América Latina
como um todo, o crescimento
médio ficaria em 4,7%, ante
5,2% em 2006.
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