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BENJAMIN STEINBRUCH
A luta continua
O objetivo do empresariado é nobre: fazer o país crescer para dar emprego e
bem-estar aos brasileiros
HABITUADO A escrever semanalmente neste espaço, às
vezes fico desolado ao consultar textos de anos passados, por
constatar que persistem problemas
de longa data apontados na economia do país. Na semana passada, fui
reler o que escrevi três anos atrás,
quando Paulo Skaf assumiu a presidência da Federação das Indústrias
do Estado de São Paulo, entidade da
qual tenho a honra de ser o primeiro
vice-presidente.
"Nossas tarefas", como dizia no
artigo de setembro de 2004, seriam
árduas. A primeira seria lutar contra
o terrorismo monetário, para propor fórmulas alternativas à política
de juros pornográficos, que privilegia o setor financeiro em detrimento da atividade produtiva.
A segunda seria fazer o que chamei de "vigilância cambial", para
que não voltasse a haver uma valorização do real, como já ocorreu no
passado recente, com efeitos desastrosos para as exportações e para a
economia em geral.
A terceira seria interferir de forma
pró-ativa para a negociação de acordos comerciais com Estados Unidos
(Alca) e União Européia, para que
fossem fechados de forma a evitar o
isolamento comercial brasileiro,
mas sem ceifar negócios e empregos
no país.
A quarta seria buscar argumentos
para convencer o governo a aumentar a eficiência dos gastos públicos e
reduzir a carga tributária, na certeza
de que a renúncia fiscal de hoje representa a arrecadação de amanhã.
A quinta seria lutar pela formulação de uma política industrial voltada ao estímulo de setores estratégicos. E a sexta seria a defesa de medidas para forjar a formação e a sobrevivência de grandes grupos nacionais internacionalizados.
Passaram-se três anos. É indiscutível que as condições melhoraram
na economia do país, por méritos
próprios e também em razão da excelente conjuntura mundial, com
expansão de produção em todos os
países e alta dos preços das commodities.
Internamente, porém, perdemos
muito tempo com teimosias e falta
de determinação. Os juros caíram,
mas ainda são exorbitantes, e o Banco Central continua em sua política
de redução lenta e gradual da taxa
básica. O problema do câmbio se
agravou de forma espantosa -quase
2.000 empresas pararam de exportar e algumas até fecharam as portas. Praticamente nada se fez em
matéria de acordos comerciais, a
carga tributária se mantém elevada
e houve apenas um esboço de política industrial.
Na semana passada, Paulo Skaf foi
reeleito presidente da Fiesp por
mais quatro anos. Foi também escolhido para presidir o Ciesp (Centro
das Indústrias do Estado de São
Paulo), reunificando a direção das
duas entidades estaduais da indústria.
A tarefa do empresariado de São
Paulo ainda é muito parecida com a
de três anos atrás. Mas com a diferença de que, agora, existe uma
união muito maior. Observe-se que
a chapa vencedora teve apoio quase
unânime do empresariado. Recebeu
96,7% dos votos válidos na Fiesp e
99% no Ciesp. Ou seja, ficou demonstrado que a chapa foi única
porque os empresários paulistas, representantes de mais de 150 mil indústrias, pensam o país de forma
muito próxima daquela que vem
sendo proposta pelas suas lideranças.
Unidos, portanto, estamos mais
fortes para influir sem receios, porque o objetivo é nobre: fazer o país
crescer para dar emprego e bem-estar aos brasileiros. A luta continua.
E, não custa lembrar, somos nacionalistas e desenvolvimentistas.
BENJAMIN STEINBRUCH, 53, empresário, é diretor-presidente da Companhia Siderúrgica Nacional, presidente do
conselho de administração da empresa e primeiro vice-presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de
São Paulo).
bvictoria@psi.com.br
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