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País joga dinheiro pela janela, diz Alencar
Para o vice, Brasil poderia ter economizado, com o pagamento de juros, R$ 300 bi para saúde e educação
MÁRCIO RODRIGUES
DA FOLHA ONLINE
O presidente em exercício,
José Alencar, afirmou ontem
que o Brasil "joga dinheiro pela
janela" ao praticar juros tão altos. A afirmação foi feita na
abertura do seminário Ethanol
Summit 2007, em São Paulo.
"Disseram que na Presidência não devo falar mal dos juros.
No entanto, como estou em
uma democracia, vou falar",
disse Alencar, antes de criticar
a política monetária do governo. O vice-presidente ataca os
juros desde que assumiu a Vice-Presidência, em 2003.
A declaração foi feita na véspera do primeiro dia da reunião
do Copom (Comitê de Política
Monetária), em que será definida a nova Selic, taxa básica de
juros da economia, atualmente
em 12,5% -o resultado será divulgado amanhã.
Segundo Alencar, apenas no
primeiro governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o
Brasil pagou R$ 600 bilhões em
juros. "Se tivéssemos reduzido
a taxa nominal à metade da praticada, haveria a economia de
R$ 300 bilhões, que poderiam
ser usados para saúde, educação e infra-estrutura, uma vez
que temos um Orçamento muito enxuto que não contempla
todas as necessidades."
Ainda segundo Alencar, mesmo que a taxa fosse a metade, o
juro brasileiro ainda seria três
vezes superior à média praticada pelo mundo.
Expectativa
Na avaliação dos aproximadamente cem analistas consultados semanalmente pelo Banco Central na pesquisa Focus,
os juros básicos da economia
devem ser reduzidos de 12,5%
ao ano para 12% na reunião do
Copom que termina amanhã.
A Selic está em queda desde
setembro de 2005. Nos últimos
meses, porém, o BC tem adotado um ritmo mais cauteloso na
redução dos juros, com cortes
de 0,25 ponto percentual a cada
encontro do Copom.
Agora, a expectativa do mercado é que os juros comecem a
cair mais rapidamente. Na última reunião do Copom, em
abril, três dos sete diretores do
Banco Central já haviam votado por um corte de meio ponto
na taxa, mas prevaleceu a
maior cautela da maioria.
A expectativa dos analistas
consultados pelo BC é que os
juros caiam para 10,75% ao ano
até dezembro. Essa queda seria
possível graças ao comportamento da inflação, que, segundo a pesquisa, deve ficar em
3,5% neste ano -abaixo, portanto, da meta de 4,5%.
Um dos fatores que ajudam
no controle da inflação é a queda do dólar. Pela primeira vez, a
pesquisa de mercado do BC
prevê que a moeda dos EUA encerre o ano cotada a menos de
R$ 2 -a estimativa é de R$ 1,95.
A projeção para o crescimento da economia neste ano, por
sua vez, foi elevada de 4,16%
para 4,2%. Para 2008, a estimativa foi mantida em 4%.
Balança
As expectativas do mercado
para o saldo da balança comercial brasileira para este ano
cresceram para US$ 36,44 bilhões, contra a previsão de US$
36,10 bilhões divulgada no boletim anterior.
Neste mês, até o dia 3, o saldo
acumulado é de US$ 323 milhões, segundo o Ministério do
Desenvolvimento. No ano, o
superávit comercial está acumulado em US$ 17,177 bilhões.
Colaborou a Sucursal de Brasília
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