São Paulo, terça-feira, 05 de junho de 2007

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País joga dinheiro pela janela, diz Alencar

Para o vice, Brasil poderia ter economizado, com o pagamento de juros, R$ 300 bi para saúde e educação

MÁRCIO RODRIGUES
DA FOLHA ONLINE

O presidente em exercício, José Alencar, afirmou ontem que o Brasil "joga dinheiro pela janela" ao praticar juros tão altos. A afirmação foi feita na abertura do seminário Ethanol Summit 2007, em São Paulo.
"Disseram que na Presidência não devo falar mal dos juros. No entanto, como estou em uma democracia, vou falar", disse Alencar, antes de criticar a política monetária do governo. O vice-presidente ataca os juros desde que assumiu a Vice-Presidência, em 2003.
A declaração foi feita na véspera do primeiro dia da reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), em que será definida a nova Selic, taxa básica de juros da economia, atualmente em 12,5% -o resultado será divulgado amanhã.
Segundo Alencar, apenas no primeiro governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o Brasil pagou R$ 600 bilhões em juros. "Se tivéssemos reduzido a taxa nominal à metade da praticada, haveria a economia de R$ 300 bilhões, que poderiam ser usados para saúde, educação e infra-estrutura, uma vez que temos um Orçamento muito enxuto que não contempla todas as necessidades."
Ainda segundo Alencar, mesmo que a taxa fosse a metade, o juro brasileiro ainda seria três vezes superior à média praticada pelo mundo.

Expectativa
Na avaliação dos aproximadamente cem analistas consultados semanalmente pelo Banco Central na pesquisa Focus, os juros básicos da economia devem ser reduzidos de 12,5% ao ano para 12% na reunião do Copom que termina amanhã.
A Selic está em queda desde setembro de 2005. Nos últimos meses, porém, o BC tem adotado um ritmo mais cauteloso na redução dos juros, com cortes de 0,25 ponto percentual a cada encontro do Copom.
Agora, a expectativa do mercado é que os juros comecem a cair mais rapidamente. Na última reunião do Copom, em abril, três dos sete diretores do Banco Central já haviam votado por um corte de meio ponto na taxa, mas prevaleceu a maior cautela da maioria.
A expectativa dos analistas consultados pelo BC é que os juros caiam para 10,75% ao ano até dezembro. Essa queda seria possível graças ao comportamento da inflação, que, segundo a pesquisa, deve ficar em 3,5% neste ano -abaixo, portanto, da meta de 4,5%.
Um dos fatores que ajudam no controle da inflação é a queda do dólar. Pela primeira vez, a pesquisa de mercado do BC prevê que a moeda dos EUA encerre o ano cotada a menos de R$ 2 -a estimativa é de R$ 1,95.
A projeção para o crescimento da economia neste ano, por sua vez, foi elevada de 4,16% para 4,2%. Para 2008, a estimativa foi mantida em 4%.

Balança
As expectativas do mercado para o saldo da balança comercial brasileira para este ano cresceram para US$ 36,44 bilhões, contra a previsão de US$ 36,10 bilhões divulgada no boletim anterior.
Neste mês, até o dia 3, o saldo acumulado é de US$ 323 milhões, segundo o Ministério do Desenvolvimento. No ano, o superávit comercial está acumulado em US$ 17,177 bilhões.


Colaborou a Sucursal de Brasília

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