São Paulo, terça-feira, 05 de junho de 2007

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Grifes mudam de estratégia para exportar

Estilistas do 10º Fashion Business, no Rio, investem em "sensualidade comportada" para estrangeiros

JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO

A moda brasileira é sinônimo de sensualidade no exterior, mas, na hora de comprar, os estrangeiros preferem mais de recato, com biquínis GG e transparência zero. Para se adaptar ao gosto de europeus, asiáticos e americanos, os estilistas que participam da 10ª edição do Fashion Business, feira de negócios que acompanha a Fashion Rio nesta semana, apostam em modelagens diferentes e materiais artesanais na coleção primavera/verão.
Diferenças culturais e biotipos diversos são alguns dos aspectos que precisam ser levados em conta pelo lojista com planos de exportar. A estilista Maria Helena Muniz, da Enseada da Praia (integrante do Pólo de Cabo Frio, no Rio), vende biquínis e maiôs para EUA, Portugal, Japão, Grécia, Tailândia e Austrália. "Cada país tem uma preferência. Na Itália, o nosso G do sutiã seria o P deles. Em Portugal, gostam da calcinha maior e mais alta. Atendi um pedido da Espanha em que a modelagem nunca mais foi usada, ninguém queria um modelo tão grande", conta.
Para quem pensa que a moda praia brasileira é de pouco pano, há quem exija proporções ainda menores. "Estamos vendendo para Honolulu, no Havaí, mas a nossa tanga P é a G das havaianas", disse. Segundo Muniz, o maior atrativo para estrangeiros é o uso de diferentes formatos, bordados e materiais originais, como bambu.
As proporções diminutas nem sempre facilitam as vendas. A empresária Mônica Equatore, dona da grife carioca de mesmo nome, decidiu focar sua estratégia no mercado interno e pretende abrir lojas em outros Estados. "Fizemos exportações para Japão e Espanha, mas era difícil trabalhar separadamente com o tamanho PP para as japonesas", disse. Segundo ela, o conservadorismo é maior e as transparências estão fora de questão para o consumidor estrangeiro.
O formato da roupa é tão importante para a indústria da moda que o curso de modelagem do Senai está realizando um estudo sobre as formas do brasileiro. Segundo Flávio Sabrá, coordenador do curso, a tabela de medidas usada pela indústria está desatualizada.
"Queremos que a produção seja mais fidedigna ao corpo do brasileiro. Nos últimos anos, ele se tornou mais alto e mais sedentário, mas as tabelas ainda não refletem isso", disse. O curso já avaliou 700 pessoas e pretende tirar as medidas de até 6.000 ao fim do estudo em diversos pontos do país.
A medição dos negócios será em tempo real nesta edição. Funcionários do Banco do Brasil irão aos pontos-de-venda registrar os contratos fechados. A idéia é dar segurança aos compradores sobre prazos combinados e garantia de registro.
A última edição do Fashion Business primavera/verão movimentou R$ 420 milhões no mercado doméstico e R$ 12,3 milhões em vendas para o exterior. Nesta edição, participam quase 90 expositores, com grifes como Maria Bonita Extra, Cavendish e Doc Dog.


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