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Pela 1ª vez, Aneel deve pedir fim de concessão
Distribuidora no Amapá está em situação pré-falimentar, diz órgão
Para agência reguladora, há falta de conservação dos equipamentos, despreparo dos operadores e falta de segurança nas instalações
HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Aneel (Agência Nacional de
Energia Elétrica) deverá, pela
primeira vez, pedir o fim da
concessão de uma distribuidora de energia elétrica. Para a
agência, a CEA (Companhia de
Eletricidade do Amapá, estatal
estadual) está em situação
"pré-falimentar", com "falta de
conservação dos equipamentos", "despreparo dos operadores" e "falta de segurança nas
instalações", segundo relatório
da área técnica que deve ser votado hoje.
O processo de análise da situação crítica da CEA se arrasta
há quase dez anos na agência.
Caso a Aneel decida pedir a caducidade de concessão, medida
mais drástica que a legislação
permite, a decisão final é do Ministério de Minas e Energia.
Nesse caso, há dois desfechos
possíveis: a empresa ser federalizada e assumida pela Eletrobrás ou vendida, em licitação,
para a iniciativa privada.
A fiscalização na CEA começou em 1998 e, desde então, a
empresa vem descumprindo a
maior parte das determinações
da Aneel e dos acordos feitos
para pagamento de dívidas. Segundo a empresa, a dívida total
é de aproximadamente R$ 500
milhões, sendo R$ 334 milhões
com a Eletronorte, estatal federal fornecedora da energia.
Um dos principais problemas apontados pelos técnicos
da agência reguladora para explicar a atual situação é o nível
de inadimplência dos consumidores. Do total de contas a receber da empresa, "80% são débitos vencidos de consumidores,
com predominância das classes
poder público, iluminação pública e serviço público".
Ou seja, de acordo com a análise da Aneel, é o próprio governo do Amapá, dono da empresa, um dos responsáveis pelo
calote que torna a distribuidora
inviável.
Um dos problemas verificados pela Aneel foi o não-fornecimento da energia 24 horas
por dia -o que se chama de
continuidade do serviço e é
uma das obrigações mais elementares das distribuidoras de
energia. O problema chegou a
gerar uma ação movida pelo
Ministério Público do Estado
do Amapá contra a CEA, por
conta de problemas de fornecimento no Oiapoque. De acordo
com a ação, faltou luz todos os
dias do mês de outubro do ano
passado.
A situação da CEA demonstra uma falha no modelo pensado para o setor elétrico: a inviabilidade econômica de distribuidoras, principalmente nas
regiões Norte e Nordeste, com
densidade populacional menor
e perfil de consumidores residenciais de baixa renda.
Outro lado
De acordo com Josimar Peixoto de Souza, presidente da
CEA, caso a decisão da Aneel
seja pela caducidade da concessão, a empresa deverá recorrer
no prazo legal.
Ele disse que nesse prazo será apresentado um novo plano
de reestruturação da companhia, que prevê sociedade com
a Eletrobrás, que passaria a ter
49% das ações da empresa. A
Eletrobrás arcaria com parte da
dívida e o restante seria refinanciado em até 25 anos.
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