São Paulo, quinta-feira, 05 de junho de 2008

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Economistas prevêem queda nos juros básicos apenas no 2º semestre de 2009

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O ciclo de elevações da taxa básica Selic ainda vai longe, devendo se estender ao menos até o fim de 2008. E, para economistas consultados pela Folha, novas quedas nos juros básicos da economia tendem a ocorrer apenas no segundo semestre de 2009. Ontem o Copom elevou a taxa Selic em 0,50 ponto percentual, para 12,25% ao ano, como esperava a maioria do mercado financeiro. Uma parcela menor dos analistas e dos investidores contava com uma alta de 0,75 ponto.
A mais recente pesquisa Focus feita pelo Banco Central, com cem instituições financeiras, mostra que a expectativa é que a taxa Selic esteja em 13,75% no fim do ano. Mas não é difícil encontrar quem projete juros ainda mais elevados.
Para Newton Rosa, economista-chefe da Sul América Investimentos, os juros devem estar em 14,25% em dezembro.
"Com sucessivos aumentos de 0,50 ponto, alcançando os 14,25% no fim do ano, o BC pode ir desacelerando gradativamente a economia", afirma Rosa. "Entendo que o BC deve manter os juros nesse patamar, de 14,25%, por algum tempo. Um novo ciclo de corte dos juros deve acontecer apenas lá pelo segundo semestre de 2009", diz o economista.
A inflação voltou a ser uma preocupação para a economia mundial. Tanto nos EUA como na Europa e no Brasil, a pressão sobre os preços retornou com força e deve impedir quedas nos juros tão cedo.
Por aqui, poucos acreditam que o centro da meta de inflação projetada pelo BC -4,5% em 2008- consiga ser atingido. Segundo o boletim Focus, o IPCA -índice que baliza a meta- deve encerrar o ano com 5,48% de alta acumulada.

Esfriar um pouco
"A inflação deve ficar entre 5,5% e 6% neste ano. O atual ciclo de elevação da taxa Selic deve esfriar um pouco os preços em 2009. É melhor o BC conduzir um ciclo mais longo de juros, que devem subir ao menos até o fim do ano, do que dar uma pancada de uma vez", diz José Francisco Gonçalves, economista-chefe do Banco Fator.
"A retomada das quedas nos juros caberia apenas no segundo semestre de 2009. Mas isso vai depender muito de fatores como os preços das commodities internacionais e a evolução da demanda no país", diz o economista, que projeta Selic de 13,75% no fim de 2008.
Para Gonçalves, a Selic nesse nível conduzirá os juros reais acima dos 8%, o que "representa um patamar bem elevado".
O Brasil registra os maiores juros reais do planeta, agora com taxa de 6,9% anuais. A Austrália aparece como o segundo país no ranking calculado pela UpTrend Consultoria Econômica, com taxa de 5,5%. A Turquia vem em terceiro, com juros reais de 5,3% ao ano.
Para calcular os juros reais, considera-se a taxa básica e desconta-se dela a inflação projetada para os 12 meses seguintes. A taxa é relevante para as decisões de investimentos futuros das empresas. Ou seja, um cenário de juros reais maiores desestimula os investimentos e esfria a economia.
Um fator que ajuda o BC contra as pressões inflacionárias é o câmbio. O dólar em níveis historicamente baixos, como ocorre hoje, favorece o controle da inflação, sendo um de seus principais efeitos o barateamento de insumos.


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