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Economistas prevêem queda nos juros básicos apenas no 2º semestre de 2009
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
O ciclo de elevações da taxa
básica Selic ainda vai longe, devendo se estender ao menos até
o fim de 2008. E, para economistas consultados pela Folha,
novas quedas nos juros básicos
da economia tendem a ocorrer
apenas no segundo semestre
de 2009. Ontem o Copom elevou a taxa Selic em 0,50 ponto
percentual, para 12,25% ao
ano, como esperava a maioria
do mercado financeiro. Uma
parcela menor dos analistas e
dos investidores contava com
uma alta de 0,75 ponto.
A mais recente pesquisa Focus feita pelo Banco Central,
com cem instituições financeiras, mostra que a expectativa é
que a taxa Selic esteja em
13,75% no fim do ano. Mas não
é difícil encontrar quem projete juros ainda mais elevados.
Para Newton Rosa, economista-chefe da Sul América Investimentos, os juros devem
estar em 14,25% em dezembro.
"Com sucessivos aumentos
de 0,50 ponto, alcançando os
14,25% no fim do ano, o BC pode ir desacelerando gradativamente a economia", afirma Rosa. "Entendo que o BC deve
manter os juros nesse patamar,
de 14,25%, por algum tempo.
Um novo ciclo de corte dos juros deve acontecer apenas lá
pelo segundo semestre de
2009", diz o economista.
A inflação voltou a ser uma
preocupação para a economia
mundial. Tanto nos EUA como
na Europa e no Brasil, a pressão sobre os preços retornou
com força e deve impedir quedas nos juros tão cedo.
Por aqui, poucos acreditam
que o centro da meta de inflação projetada pelo BC -4,5%
em 2008- consiga ser atingido. Segundo o boletim Focus, o
IPCA -índice que baliza a meta- deve encerrar o ano com
5,48% de alta acumulada.
Esfriar um pouco
"A inflação deve ficar entre
5,5% e 6% neste ano. O atual ciclo de elevação da taxa Selic deve esfriar um pouco os preços
em 2009. É melhor o BC conduzir um ciclo mais longo de juros, que devem subir ao menos
até o fim do ano, do que dar
uma pancada de uma vez", diz
José Francisco Gonçalves, economista-chefe do Banco Fator.
"A retomada das quedas nos
juros caberia apenas no segundo semestre de 2009. Mas isso
vai depender muito de fatores
como os preços das commodities internacionais e a evolução
da demanda no país", diz o economista, que projeta Selic de
13,75% no fim de 2008.
Para Gonçalves, a Selic nesse
nível conduzirá os juros reais
acima dos 8%, o que "representa um patamar bem elevado".
O Brasil registra os maiores
juros reais do planeta, agora
com taxa de 6,9% anuais. A
Austrália aparece como o segundo país no ranking calculado pela UpTrend Consultoria
Econômica, com taxa de 5,5%.
A Turquia vem em terceiro,
com juros reais de 5,3% ao ano.
Para calcular os juros reais,
considera-se a taxa básica e
desconta-se dela a inflação projetada para os 12 meses seguintes. A taxa é relevante para as
decisões de investimentos futuros das empresas. Ou seja,
um cenário de juros reais maiores desestimula os investimentos e esfria a economia.
Um fator que ajuda o BC contra as pressões inflacionárias é
o câmbio. O dólar em níveis historicamente baixos, como
ocorre hoje, favorece o controle
da inflação, sendo um de seus
principais efeitos o barateamento de insumos.
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