São Paulo, quarta-feira, 05 de julho de 2006

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Governo quer dividir com entidades o ônus de vetar FGTS para domésticos

JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo quer dividir com entidades que representam patrões e trabalhadores o ônus de vetar dispositivos da medida provisória que foi modificada pelo Congresso e tornou obrigatório o recolhimento de FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) para empregados domésticos.
Ontem, o ministro Luiz Marinho (Trabalho) afirmou que, tecnicamente, a extensão do benefício aos domésticos elevará a informalidade entre esses trabalhadores. "A avaliação técnica é que haverá diminuição da formalidade. Os especialistas têm se manifestado na imprensa e estão de acordo com as análises que nós fazemos", disse o ministro.
Há ainda um entendimento de que a multa rescisória de 40% sobre o FGTS -obrigatória nos casos de demissão sem justa causa- é o fator que mais pesa para aumentar a informalidade. Atualmente, o recolhimento de FGTS para empregados domésticos é facultativo.

Recomendação
Apesar do diagnóstico do Trabalho, Marinho afirmou que o governo só adotará uma posição depois de conversar com as entidades que representam domésticos e patrões. Segundo ele, o Executivo seguirá a recomendação das duas partes, que pode representar um meio-termo entre os interesses de patrões e empregados.
Nos próximos dias, a ministra Nilcéa Freire (Políticas para as Mulheres) deverá marcar uma reunião com os sindicatos e associações.

Tensão pré-eleitoral
Marinho voltou a criticar o comportamento do Congresso e disse que a extensão do FGTS obrigatório para domésticos é resultado da tensão pré-eleitoral. "O aumento da informalidade interessa para alguém na sociedade brasileira? Parece-me que não. Mas é uma discussão que precisamos fazer. Nós recomendaremos a partir do diálogo com as entidades", disse o ministro.
Ele ainda colocou em dúvida que os parlamentares tenham aprovado a medida para favorecer a categoria. "Isso foi feito em defesa da categoria das domésticas ou não? Simplesmente pensando no constrangimento político de um veto por parte do governo, para desgastá-lo. Os parlamentares precisam, quando votam, pensar no objetivo, na responsabilidade que têm perante a sociedade."


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