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Chávez vai lançar "bônus do Sul" com a Argentina
Título conjunto pode ter seguro venezuelano, diz jornal; desde moratória, Argentina só emite papéis com legislação local
Casa Rosada não dá
detalhes sobre a operação;
Kirchner sinaliza que papel
possa ser usado para
financiar setor energético
DE BUENOS AIRES
Após se transformar em um
dos principais credores da Argentina pós-default, agora o
presidente venezuelano, Hugo
Chávez, lançará com o colega
Néstor Kirchner título público
conjunto no mercado financeiro, batizado de "bônus do Sul".
O anúncio foi feito ontem por
Kirchner em Caracas. "Começamos a trabalhar séria e firmemente a idéia da criação do "bônus do sul", um título conjunto
trabalhado por nossas áreas
econômicas", disse o argentino.
A Casa Rosada não forneceu
detalhes da nova operação nem
informou sob qual legislação
será lançado o papel. Desde que
declarou moratória, em 2002, a
Argentina só emite bônus com
legislação local. Segundo o jornal argentino "Ambito Financiero", US$ 1 bilhão será o montante do título conjunto.
Antes do discurso de Kirchner, o jornal dizia que o papel
poderia ser um bônus argentino, com seguro de pagamento
venezuelano, e não americano
(o que poderia ser chamado
"brady" venezuelano).
Segundo o presidente argentino, o bônus será lançado no
mercado em 60 a 90 dias. Ele
fez referência a empreendimentos energéticos conjuntos
no discurso, e uma das hipóteses é que o papel seja usado para financiar projetos no setor.
"[O título] vai permitir ter
um bom nível no mercado de
capitais, com boas taxas, com
bons níveis de segurança", disse ele, que também fez referência à criação de um banco para
o financiamento regional, espécie de alternativa ao FMI (Fundo Monetário Internacional).
A aliança financeira entre
Venezuela e Argentina já é intensa desde meados do ano
passado, quando Chávez comprou US$ 3,4 bilhões em títulos
da dívida argentina. Neste ano,
os Venezuelanos já compraram
US$ 1,4 bilhão.
Para Santiago Lopez, analista
da consultora argentina Delphos Investment, o financiamento venezuelano permite à
Argentina adiar a sua volta ao
mercado internacional. "Hoje,
as necessidades de financiamento da Argentina são baixas.
Ainda assim, o que o governo
precisa é conseguido dessa maneira quase artificial", aponta.
A vantagem da operação é
que, com o bônus conjunto, a
Argentina pagaria taxas de juros menores do que sozinha, já
que o risco-país da Venezuela é
menor. "Não sabemos como vai
funcionar. Parece ser mais uma
invenção argentina, como o doce de leite", brinca Lopez.
(FLÁVIA MARREIRO)
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