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Indústria cresce 1,3% em maio
Setor foi puxado pela maior produção de máquinas e equipamentos, queda de juros e crédito maior
Na comparação com maio de 2006, alta foi de 4,9%, a 11ª expansão consecutiva da produção industrial, segundo o IBGE
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Contrariando algumas expectativas, a produção da indústria cresceu 1,3% de abril
para maio na comparação livre
de influências sazonais (típicas
de cada período). Havia oito
meses o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística)
não registra taxas negativas, já
que o dado de abril foi revisado
de -0,1% para zero. Na comparação com maio de 2006, a expansão foi de 4,9%, a décima
primeira alta consecutiva.
A maioria dos institutos e
consultorias previa de uma redução de 0,4% até um crescimento de 0,5% na comparação
com abril.
A categoria de bens de capital
(máquinas e equipamentos) foi
a propulsora da indústria em
maio. Sua produção subiu 5,1%
ante abril e 19,4% na comparação com maio de 2006 -a mais
alta taxa desde agosto de 2004.
No acumulado do ano, a expansão ficou em 16,3%. No caso da
indústria com um todo, a alta
foi bem mais modesta: 4,4% de
janeiro a maio.
Crescimento "saudável"
Para Sílvio Sales, coordenador de Indústria do IBGE, esse
perfil de crescimento, liderado
por máquinas e equipamentos,
é "bastante saudável", pois indica o aumento dos investimentos.
"Mostra que a indústria está
aumentando a capacidade produtiva, o que abre espaço para
atender à demanda futura [sem
o risco de pressões inflacionárias]", disse.
As perspectivas de crescimento maior da economia com
inflação baixa e aumento do
consumo, juros menores e risco-país em queda animam empresários a encomendarem
máquinas e equipamentos.
"Maior crescimento com estabilidade de preço é o ambiente ideal para fazer investimentos", diz Joel Bogdanski, economista do Itaú.
Segundo o IBGE, cresce mais
a produção de máquinas para a
indústria e para a agricultura
-18,6% e 23,4% no acumulado
do ano, respectivamente.
De acordo com a economista
Solange Srour, da Mellon Global Investments, além do aumento da demanda por bens de
capital produzidos no país,
cresceu também a procura por
importados, mais baratos com
a queda do dólar. "O que é positivo para aumentar a competitividade e modernizar as indústrias do país."
Juro menor
Em maio, também tiveram
bom desempenho os bens-duráveis -alta de 1,5% ante abril e
de 6% na comparação com
maio de 2006. O desempenho é
reflexo especialmente do aumento do crédito para a compra de automóveis e dos juros
menores, segundo o IBGE. A
produção de veículos subiu
3,7% em relação a abril. Foi o
principal impacto positivo no
resultado geral da indústria.
A maior produção de eletrodomésticos da linha branca (fogões, geladeiras etc) também
ajudou a impulsionar os duráveis, com alta de 8,4% ante
maio de 2006.
Já a linha de TV, vídeo e som
caiu 19,7%. O descompasso, diz
o IBGE, é explicado pelo câmbio -que amplia a importação
de eletroeletrônicos- e pelos
altos estoques formados por esse ramo.
A valorização do real também prejudica o desempenho
da categoria de bens intermediários (matérias-primas, insumos e componentes), cuja produção subiu 0,6% de maio para
abril e 2,8% ante maio de 2006,
abaixo da média da indústria. É
que muitas empresas buscam
fornecedores no exterior com
preços mais competitivos por
causa do câmbio, segundo
Srour, da Mellon.
Sob efeito de ramos afetados
pelo câmbio como vestuário e
calçados, os bens semi e não-duráveis também cresceram
menos que a média -4,3% na
comparação com maio de
2006. A redução pontual da
produção de bebidas (2,8% ante abril) também prejudicou a
categoria, que exerceu a principal pressão negativa no desempenho da indústria em maio.
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