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Brasil vai vender mais energia para a Argentina
HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo brasileiro decidiu
aumentar a quantidade de
energia exportada para a Argentina, que vive crise de abastecimento. O Brasil exportava
aproximadamente 600 MW
(megawatts) médios para o país
vizinho e passará, a partir de
hoje, a vender cerca de 800
MW médios. Até sábado, serão
1.030 MW -capacidade máxima do sistema argentino.
Para tornar possível o aumento da energia enviada, a Petrobras reduzirá a quantidade
de gás natural dos processos industriais e destinará o combustível para duas de suas termelétricas que poderão gerar mais
para exportar: Araucária (450
MW) e Termorio (150 MW). A
estatal brasileira substituirá o
gás que usaria internamente
por outro combustível (como
óleo) e repassará o custo para o
preço da energia exportada.
Além do aumento da capacidade de exportação das termelétricas da Petrobras, a termelétrica de Igarapé, da estatal estadual Cemig (MG), irá enviar
cerca de 150 MW médios. A usina, que usa óleo para gerar
energia, não estava produzindo
para o mercado brasileiro por
questões de preço. Hoje há sobra de energia hidrelétrica
(mais barata) no Brasil e, por isso, as termelétricas têm sido
pouco usadas.
As usinas termelétricas da
Tractebel no Sul do país, que já
estavam exportando para a Argentina, continuarão a vender
para o país vizinho. Os produtores brasileiros -Petrobras,
Tractebel e Cemig- lucrarão
com a crise argentina porque
conseguirão mercado para uma
energia cara que não teria uso
no Brasil. A energia exportada
sai por aproximadamente R$
200 por MWh (megawatt-hora). No Brasil, a energia comercializada tem preço médio de
R$ 135 por MWh. A empresa
que faz a transmissão (Cien)
também ganha com o aumento
da venda.
De acordo o com diretor-geral do ONS (Operador Nacional
do Sistema Elétrico), Hermes
Chipp, o limite máximo de exportação deverá ser usado até
agosto. "Vai ser exportado o
máximo durante o auge do inverno, quando muita energia é
consumida na Argentina para
fazer funcionar os sistemas de
aquecimento", disse Chipp. Segundo ele, a energia vendida à
Argentina não está sendo usada
pelo Brasil. "O aumento da exportação é uma determinação
do governo brasileiro", disse.
Outras quatro usinas termelétricas que já estão exportando podem aumentar a capacidade de exportação, se isso for
tecnicamente possível.
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