São Paulo, quinta-feira, 05 de julho de 2007

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Brasil vai vender mais energia para a Argentina

HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo brasileiro decidiu aumentar a quantidade de energia exportada para a Argentina, que vive crise de abastecimento. O Brasil exportava aproximadamente 600 MW (megawatts) médios para o país vizinho e passará, a partir de hoje, a vender cerca de 800 MW médios. Até sábado, serão 1.030 MW -capacidade máxima do sistema argentino.
Para tornar possível o aumento da energia enviada, a Petrobras reduzirá a quantidade de gás natural dos processos industriais e destinará o combustível para duas de suas termelétricas que poderão gerar mais para exportar: Araucária (450 MW) e Termorio (150 MW). A estatal brasileira substituirá o gás que usaria internamente por outro combustível (como óleo) e repassará o custo para o preço da energia exportada.
Além do aumento da capacidade de exportação das termelétricas da Petrobras, a termelétrica de Igarapé, da estatal estadual Cemig (MG), irá enviar cerca de 150 MW médios. A usina, que usa óleo para gerar energia, não estava produzindo para o mercado brasileiro por questões de preço. Hoje há sobra de energia hidrelétrica (mais barata) no Brasil e, por isso, as termelétricas têm sido pouco usadas.
As usinas termelétricas da Tractebel no Sul do país, que já estavam exportando para a Argentina, continuarão a vender para o país vizinho. Os produtores brasileiros -Petrobras, Tractebel e Cemig- lucrarão com a crise argentina porque conseguirão mercado para uma energia cara que não teria uso no Brasil. A energia exportada sai por aproximadamente R$ 200 por MWh (megawatt-hora). No Brasil, a energia comercializada tem preço médio de R$ 135 por MWh. A empresa que faz a transmissão (Cien) também ganha com o aumento da venda.
De acordo o com diretor-geral do ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico), Hermes Chipp, o limite máximo de exportação deverá ser usado até agosto. "Vai ser exportado o máximo durante o auge do inverno, quando muita energia é consumida na Argentina para fazer funcionar os sistemas de aquecimento", disse Chipp. Segundo ele, a energia vendida à Argentina não está sendo usada pelo Brasil. "O aumento da exportação é uma determinação do governo brasileiro", disse.
Outras quatro usinas termelétricas que já estão exportando podem aumentar a capacidade de exportação, se isso for tecnicamente possível.


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