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Cafezinho, chope e loteria sobem mais, diz FGV
DA SUCURSAL DO RIO
Os pequenos "vícios" do
dia-a-dia, como o cafezinho
após o almoço seguido de um
cigarro ou o chope no final do
dia com amigos num bar, ficaram mais caros nos últimos anos e subiram acima da
inflação média, revela levantamento da FGV (Fundação
Getulio Vargas).
De janeiro de 2001 a maio
de 2007, o IPC (Índice de
Preços ao Consumidor) teve
alta de 53,2%. Os cigarros subiram mais -76,73%. O café
servido no balcão seguiu a
mesma tendência, com aumento de 84,53%.
No caso do chope e da cerveja vendidos em bares, restaurantes e afins, o aumento
também foi maior do que a
inflação: 78,69% no período.
Na lista do que batizou como "vícios", a FGV selecionou ainda os jogos lotéricos
(só os oficiais, pois atividades
ilegais como rinha de galo e
jogo do bicho não são pesquisados), que subiram 73,21%.
Segundo André Braz, economista da FGV, o café subiu
na esteira dos reajustes do
grão e do açúcar no mercado
internacional. Ele afirmou,
porém, que o produto no supermercado tende a acompanhar mais de perto os preços da commodity.
"O dono do bar e do restaurante espera um período
maior para ver qual é a tendência dos preços no atacado
antes de reajustar sua tabela.
Há uma rigidez maior nesses
serviços", disse.
A cerveja e o chope, por
sua vez, têm um comportamento sazonal: sobem no verão quando o consumo é
maior, segundo o economista. Já o cigarro subiu por causa do aumento da carga de
tributos, principal componente do preço do produto.
A FGV fez ainda uma seleção de "virtudes", o que batizou de "bons hábitos de consumo". Incluiu na lista academias de ginástica, salão de
beleza e livros. Em todos os
casos, os reajustes acumulados foram menores do que o
IPC -48,45%, 34,25% e
45,01%, respectivamente.
Classificados ainda como
hábitos virtuosos de consumo, os jornais e os cinemas
tiveram seus preços reajustados acima da inflação
-58,13% e 66,78%.
Em 2007 (janeiro a maio),
as altas do cafezinho (2,48%)
e do chope (3,08%) superaram o IPC acumulado de
2,08%. No rol dos bons hábitos, ficaram acima da inflação os cinemas -2,69%.
A FGV usou o senso comum para fazer a seleção. Irritou, porém, a Abic (Associação Brasileira da Indústria de Café). Em nota, a entidade disse "contestar veementemente" o modo como
a fundação se refere ao café,
que "não é um hábito nocivo
à saúde". "Tratar o café como
vício, colocando-o ao lado de
bebidas, fumo e jogo é uma
irresponsabilidade."
A Abic diz que o café é a bebida mais "democrática e barata" do país.
(PEDRO SOARES)
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