São Paulo, quinta-feira, 05 de julho de 2007

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Cafezinho, chope e loteria sobem mais, diz FGV

DA SUCURSAL DO RIO

Os pequenos "vícios" do dia-a-dia, como o cafezinho após o almoço seguido de um cigarro ou o chope no final do dia com amigos num bar, ficaram mais caros nos últimos anos e subiram acima da inflação média, revela levantamento da FGV (Fundação Getulio Vargas).
De janeiro de 2001 a maio de 2007, o IPC (Índice de Preços ao Consumidor) teve alta de 53,2%. Os cigarros subiram mais -76,73%. O café servido no balcão seguiu a mesma tendência, com aumento de 84,53%.
No caso do chope e da cerveja vendidos em bares, restaurantes e afins, o aumento também foi maior do que a inflação: 78,69% no período.
Na lista do que batizou como "vícios", a FGV selecionou ainda os jogos lotéricos (só os oficiais, pois atividades ilegais como rinha de galo e jogo do bicho não são pesquisados), que subiram 73,21%.
Segundo André Braz, economista da FGV, o café subiu na esteira dos reajustes do grão e do açúcar no mercado internacional. Ele afirmou, porém, que o produto no supermercado tende a acompanhar mais de perto os preços da commodity.
"O dono do bar e do restaurante espera um período maior para ver qual é a tendência dos preços no atacado antes de reajustar sua tabela. Há uma rigidez maior nesses serviços", disse.
A cerveja e o chope, por sua vez, têm um comportamento sazonal: sobem no verão quando o consumo é maior, segundo o economista. Já o cigarro subiu por causa do aumento da carga de tributos, principal componente do preço do produto.
A FGV fez ainda uma seleção de "virtudes", o que batizou de "bons hábitos de consumo". Incluiu na lista academias de ginástica, salão de beleza e livros. Em todos os casos, os reajustes acumulados foram menores do que o IPC -48,45%, 34,25% e 45,01%, respectivamente.
Classificados ainda como hábitos virtuosos de consumo, os jornais e os cinemas tiveram seus preços reajustados acima da inflação -58,13% e 66,78%.
Em 2007 (janeiro a maio), as altas do cafezinho (2,48%) e do chope (3,08%) superaram o IPC acumulado de 2,08%. No rol dos bons hábitos, ficaram acima da inflação os cinemas -2,69%.
A FGV usou o senso comum para fazer a seleção. Irritou, porém, a Abic (Associação Brasileira da Indústria de Café). Em nota, a entidade disse "contestar veementemente" o modo como a fundação se refere ao café, que "não é um hábito nocivo à saúde". "Tratar o café como vício, colocando-o ao lado de bebidas, fumo e jogo é uma irresponsabilidade."
A Abic diz que o café é a bebida mais "democrática e barata" do país. (PEDRO SOARES)


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