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Após queda industrial, alta do PIB já é revista para baixo
Produção de junho frustrou expectativas de especialistas, que previam retração menor
Novos dados de julho sobre
comportamento do setor, como consumo de energia e vendas de veículos, mostram pequena reação
DA SUCURSAL DO RIO
A produção industrial de julho frustrou todas as expectativas de especialistas que projetavam uma retração menos intensa -de 0,3% a 1,1%, dependendo da consultoria. A partir
dos dados da indústria, especialistas já começam a refazer para
baixo suas projeções para o PIB
(Produto Interno Bruto).
Bráulio Borges, da LCA, disse
que a projeção será revista de
1,1% no segundo trimestre deste ano para "um patamar um
pouco inferior, algo entre 0,9%
e 1%". No primeiro trimestre, a
alta havia sido de 1,4%.
Já o economista Sérgio Vale,
da MB Associados, disse que,
por enquanto, a "projeção de
crescimento da economia de
4,5% neste ano está mantida",
"mas o resultado pode ser revisto". "Podemos ter um número pior do que esse."
Estêvão Kopschitz, do Ipea
(Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), disse que ainda
não está definido se haverá
uma revisão da previsão de
crescimento para este ano, mas
"com o dado da indústria de julho certamente não será um
ajuste para cima".
O Ipea previa uma queda de
0,7% na produção industrial de
maio para junho. A MB Associados projetava uma retração
maior, de 1,1% -a queda ficou
em 1,7%.
Já a consultoria Tendências
estimava um recuo de 0,3%.
Ainda assim, o economista da
consultoria Guilherme Maia
disse que a previsão para o crescimento da indústria neste ano
está mantida em 3,4%.
Os primeiros dados de setores que indicam o comportamento da indústria, como consumo de energia e vendas de
veículos, mostram que haverá
uma pequena reação em julho.
Estimativa preliminar da LCA
aponta uma expansão de 0,3%.
A previsão inicial da Tendências aponta alta de 0,2%.
Na opinião de Vale, da MB, o
câmbio desfavorável às exportações contribuiu negativamente para o desempenho em
junho, afetando ramos como
calçados, madeira e móveis. Estêvão Kopschitz, economista
do Ipea (Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada), disse
que é difícil avaliar o impacto
"pontual" do câmbio em junho,
que tem afetado a indústria no
longo prazo.
Já Braulio Borges destacou
que o efeito da Copa do Mundo,
que paralisou parcialmente linhas de produção em dias de
jogos do Brasil, foi maior do que
o previsto e afetou diretamente
a indústria em junho.
Para o economista, a greve da
Receita Federal, que se estendeu até junho, prejudicou setores da indústria que tiveram dificuldades para importar componentes. Um exemplo é o ramo eletrônico e de equipamentos para comunicação -queda
de 3,3% de maio para junho-,
bastante dependente de importação de peças. Já Guilherme
Maia, da Tendências, disse que
a produção se ajustou em junho
ao aumento de estoques.
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