São Paulo, sábado, 05 de agosto de 2006

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Após queda industrial, alta do PIB já é revista para baixo

Produção de junho frustrou expectativas de especialistas, que previam retração menor

Novos dados de julho sobre comportamento do setor, como consumo de energia e vendas de veículos, mostram pequena reação


DA SUCURSAL DO RIO

A produção industrial de julho frustrou todas as expectativas de especialistas que projetavam uma retração menos intensa -de 0,3% a 1,1%, dependendo da consultoria. A partir dos dados da indústria, especialistas já começam a refazer para baixo suas projeções para o PIB (Produto Interno Bruto).
Bráulio Borges, da LCA, disse que a projeção será revista de 1,1% no segundo trimestre deste ano para "um patamar um pouco inferior, algo entre 0,9% e 1%". No primeiro trimestre, a alta havia sido de 1,4%.
Já o economista Sérgio Vale, da MB Associados, disse que, por enquanto, a "projeção de crescimento da economia de 4,5% neste ano está mantida", "mas o resultado pode ser revisto". "Podemos ter um número pior do que esse."
Estêvão Kopschitz, do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), disse que ainda não está definido se haverá uma revisão da previsão de crescimento para este ano, mas "com o dado da indústria de julho certamente não será um ajuste para cima".
O Ipea previa uma queda de 0,7% na produção industrial de maio para junho. A MB Associados projetava uma retração maior, de 1,1% -a queda ficou em 1,7%.
Já a consultoria Tendências estimava um recuo de 0,3%. Ainda assim, o economista da consultoria Guilherme Maia disse que a previsão para o crescimento da indústria neste ano está mantida em 3,4%.
Os primeiros dados de setores que indicam o comportamento da indústria, como consumo de energia e vendas de veículos, mostram que haverá uma pequena reação em julho. Estimativa preliminar da LCA aponta uma expansão de 0,3%. A previsão inicial da Tendências aponta alta de 0,2%.
Na opinião de Vale, da MB, o câmbio desfavorável às exportações contribuiu negativamente para o desempenho em junho, afetando ramos como calçados, madeira e móveis. Estêvão Kopschitz, economista do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), disse que é difícil avaliar o impacto "pontual" do câmbio em junho, que tem afetado a indústria no longo prazo.
Já Braulio Borges destacou que o efeito da Copa do Mundo, que paralisou parcialmente linhas de produção em dias de jogos do Brasil, foi maior do que o previsto e afetou diretamente a indústria em junho.
Para o economista, a greve da Receita Federal, que se estendeu até junho, prejudicou setores da indústria que tiveram dificuldades para importar componentes. Um exemplo é o ramo eletrônico e de equipamentos para comunicação -queda de 3,3% de maio para junho-, bastante dependente de importação de peças. Já Guilherme Maia, da Tendências, disse que a produção se ajustou em junho ao aumento de estoques.


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