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Subsídio faz Brasil entrar na OMC contra EUA
Para país, corte da ajuda americana ao produtor de algodão não é suficiente
No começo do mês, entrou em vigor lei aprovada pelos EUA que reduz parte dos subsídios; processo na OMC será aberto em setembro
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo brasileiro decidiu
seguir adiante com o processo
na OMC (Organização Mundial
do Comércio) contra os subsídios pagos pelo governo americano aos produtores de algodão, que distorcem a competitividade no mercado mundial.
Segundo o Itamaraty, em 1º
de setembro a delegação brasileira em Genebra vai solicitar a
abertura do processo que vai
avaliar se as medidas adotadas
até agora pelos Estados Unidos
estão em conformidade com as
determinações da OMC.
No ano passado, o Brasil ganhou o processo, iniciado em
2002. Agora, se os Estados Unidos não mudarem os programas de subsídios condenados
pela OMC, o Brasil poderá ganhar o direito de aplicar retaliações comerciais contra produtos americanos.
Em 2004, a primeira vez em
que o órgão deu seu parecer, foi
determinado que os EUA eliminassem os subsídios à exportação de algodão e os apoios à
produção interna. Segundo a
Reuters, para o primeiro caso, a
retaliação é de US$ 3 bilhões.
Para o outro, US$ 1,37 bilhão.
O Brasil havia concordado
em não seguir com o processo
até o fim do ano fiscal americano, que acaba em agosto, como
forma de cooperar com as dificuldades do governo George W.
Bush com o lobby agrícola no
Congresso dos Estados Unidos.
Havia também uma espécie
de acordo tácito de não seguir
adiante enquanto não se soubesse os resultados da Rodada
Doha, em que se negociava corte de subsídios. Com a paralisação da Rodada, não há mais
perspectiva de prazos. No próximo dia 8, o Itamaraty vai submeter a decisão à Camex (Câmara de Comércio Exterior),
que decidirá se o país deverá levar o caso adiante.
Na última terça-feira, entrou
em vigor a lei aprovada pelo
Congresso americano em fevereiro que elimina um dos programas de subsídios, conhecido
como Step 2. Com a produção
de efeitos da norma, o governo
George W. Bush cumpriu parte
da determinação da OMC de
eliminar subsídios, tomada em
março de 2005, quando o Brasil
ganhou a ação.
Mas, segundo nota divulgada
ontem pelo Itamaraty, a medida não é suficiente para dar
cumprimento integral à decisão do Órgão de Solução de
Controvérsia da OMC. O texto
repete o que já foi dito pelo próprio Itamaraty na época da
aprovação da norma pelos parlamentares americanos.
"Os principais programas de
apoio interno mantidos pelos
Estados Unidos continuam em
plena operação, assegurando
níveis artificialmente elevados
de produção e exportação de algodão por parte dos produtores
norte-americanos", diz a nota.
O processo que vai examinar o
valor das possíveis retaliação
deve demorar aproximadamente um ano.
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