São Paulo, sábado, 05 de agosto de 2006

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Indústria do suco cria piso para pagar a produtores

Valor de US$ 4 por caixa visa compensar perdas com cotação maior e câmbio

Segundo representante de citricultores, setor queria um valor maior, mas disse que resultado do acordo ficou "a contento"


DA REUTERS

Depois de dezenas de reuniões, representantes da indústria de suco de laranja congelado e concentrado do Brasil fecharam acordo com citricultores para o pagamento de um piso de US$ 4 por caixa de laranja para a safra 2006/07.
Esse piso, na opinião da indústria, deve compensar os produtores pela alta registrada no mercado internacional após os furacões que prejudicaram os pomares da Flórida.
Também é uma forma de compensação aos citricultores pela valorização do real. Muitos tinham feito contratos longos em dólar antes da desvalorização do dólar no Brasil e estavam recebendo valores bem abaixo do piso hoje fixado.
"Fechou um piso de US$ 4 para todos contratos dessa safra e há um mecanismo de reajuste que leva a até US$ 4,5 (dependendo do preço internacional)", disse o presidente da Abecitrus (Associação Brasileira dos Exportadores de Cítricos), Ademerval Garcia.
"E estabeleceu-se uma fórmula pela qual todos os produtores têm vínculos com a movimentação de preços no mercado internacional, todo mundo tem um sistema de participação, muito mais correto."
Segundo Garcia, aqueles produtores que têm contratos que estabelecem valores superiores a US$ 4,5 por caixa de 40,8 quilos poderão continuar negociando a sua produção normalmente, conforme o acordo realizado pela indústria. Ele disse que há contratos que vão de US$ 2 a US$ 5,5 por caixa.
"Optamos por favorecer mais o pequeno [produtor] do que o grande, uma forma de ter um maior número de produtores E evitar a evasão do campo e o avanço de outras culturas sobre pequenas propriedades."
Participaram da reunião os representantes de duas das quatro maiores empresas que dominam o setor no Brasil, a Cutrale e a Coinbra.
"Mas a Citrovita já tinha se manifestado que seguiria o acordo que fosse feito. A outra [Citrosuco] vai ter de decidir face ao fato novo. Acredito que vão acompanhar também", afirmou Garcia.
O coordenador da mesa diretora da Citricultura da Federação da Agricultura do Estado de São Paulo, Antônio Egidio Crestana, disse que o setor queria mais, mas que o acordo "foi a contento".
"Se considerarmos que o Estado produz 350 milhões de caixas, que 50 milhões ficam no mercado interno e que outras 70 milhões são produzidas pela própria indústria, temos 230 milhões de caixas. Suponhamos que a remuneração aumente em US$ 0,70 sobre as 230 milhões de caixas, são US$ 150 milhões a mais que serão colocados no mercado fora do contrato", disse Crestana.


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