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Petrobras vê auto-suficiência até 2020
Empresa diz que, apesar da previsão do aumento no consumo de combustíveis, novas descobertas garantem independência
Objetivo da companhia é sempre manter a produção
20% acima do consumo, a
fim de driblar efeitos de
paralisação de plataformas
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Apesar da alta na previsão do
consumo de combustíveis -de
2,6% para 3% ao ano-, a auto-suficiência "sustentável" na
produção de petróleo está assegurada até 2020, graças às descobertas de óleo feitas a partir
de 2003, afirmou o gerente-executivo de Exploração e Produção da Petrobras, Francisco
Nepomuceno, em entrevista à
Folha.
"Com o potencial das descobertas recentes, manteremos a
auto-suficiência pelos próximos 15 anos. Até 2020, pelo
menos", disse Nepomuceno.
Segundo ele, o objetivo da companhia é sempre manter a produção 20% acima do consumo
para "suportar" paradas de plataformas para manutenção
sem "perder" momentaneamente a auto-suficiência.
De acordo com o executivo, a
produção crescerá 7,8% ao ano,
num ritmo mais intenso do que
o consumo, o que asseguraria a
auto-suficiência. Ao final de
2015, a estatal produzirá 3,5
milhões de barris/dia de óleo e
gás, 20% acima do consumo.
Desse total, 2,8 milhões de barris/dia serão em óleo e 724 mil
em barris equivalentes de gás.
Neste ano, que marca o início
da auto-suficiência do país, a
produção média chegará a
1,880 milhão de barris/dia, ante
um consumo de derivados de
1,826 milhão.
Para colocar as novas descobertas em produção, a Petrobras elevou os investimentos
previstos na área de Exploração e Produção de US$ 25 bilhões em seu antigo plano de
negócios (2006-2010) para
US$ 40,7 bilhões (2007-2011)
no atual. O total que será investido é de US$ 87,1 bilhões.
Nepomuceno disse que a
companhia deu prioridade no
novo plano aos campos de óleo
leve (de maior valor comercial
e menor custo de refino) e ao
gás. "Depois da crise da Bolívia
[nacionalização dos hidrocarbonetos], tivemos de acelerar
os projetos de gás para colocar
o produto no Sudeste."
Para cumprir o novo foco, a
Petrobras antecipou alguns
projetos. Foi o caso de dois
campos na bacia do Espírito
Santo: um de gás, cuja produção estimada é 6 milhões de
metros cúbicos a partir de
2008, e outro de óleo leve, com
capacidade de extração de 100
mil barris/dia de óleo e 2,5 milhões de metros cúbicos de gás,
também a partir de 2008. Cada
um deve consumir US$ 1,5 bilhão em investimentos para a
instalação de plataformas.
No caso do gás, a meta é elevar as vendas ao mercado do
Sudeste dos atuais 27 milhões
de metros cúbicos/dia (a maior
parte originária da Bolívia) para 40 milhões de metros cúbicos/dia ao final de 2008 e para
55 milhões de metros cúbicos
diários em 2010, reduzindo a
dependência do país vizinho.
Preços de mercado
Para Nepomuceno, os preços
mais altos do petróleo fizeram
muitos campos se tornarem
economicamente viáveis, o que
elevou a demanda por equipamentos e serviços e, conseqüentemente, os custos.
Na avaliação do executivo da
Petrobras, o piso para a cotação
do petróleo a longo prazo é de
US$ 50. Hoje, afirma, o preço
está "muito alto", na faixa de
US$ 77 a US$ 78 o barril. "Num
momento de maior estabilidade política [no Oriente Médio],
o preço baixará um pouco mais.
Só que dificilmente o petróleo
irá agora para preços baixos.
Acho que o valor de US$ 50 é algo razoável."
A Petrobras considerou viáveis todos projetos que fossem
rentáveis com preços a partir
de US$ 35 o barril. Se os preços
ficaram acima desse valor, aumentam os lucros da companhia estatal.
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