São Paulo, sábado, 05 de agosto de 2006

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Petrobras vê auto-suficiência até 2020

Empresa diz que, apesar da previsão do aumento no consumo de combustíveis, novas descobertas garantem independência

Objetivo da companhia é sempre manter a produção 20% acima do consumo, a fim de driblar efeitos de paralisação de plataformas


PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

Apesar da alta na previsão do consumo de combustíveis -de 2,6% para 3% ao ano-, a auto-suficiência "sustentável" na produção de petróleo está assegurada até 2020, graças às descobertas de óleo feitas a partir de 2003, afirmou o gerente-executivo de Exploração e Produção da Petrobras, Francisco Nepomuceno, em entrevista à Folha.
"Com o potencial das descobertas recentes, manteremos a auto-suficiência pelos próximos 15 anos. Até 2020, pelo menos", disse Nepomuceno. Segundo ele, o objetivo da companhia é sempre manter a produção 20% acima do consumo para "suportar" paradas de plataformas para manutenção sem "perder" momentaneamente a auto-suficiência.
De acordo com o executivo, a produção crescerá 7,8% ao ano, num ritmo mais intenso do que o consumo, o que asseguraria a auto-suficiência. Ao final de 2015, a estatal produzirá 3,5 milhões de barris/dia de óleo e gás, 20% acima do consumo. Desse total, 2,8 milhões de barris/dia serão em óleo e 724 mil em barris equivalentes de gás.
Neste ano, que marca o início da auto-suficiência do país, a produção média chegará a 1,880 milhão de barris/dia, ante um consumo de derivados de 1,826 milhão.
Para colocar as novas descobertas em produção, a Petrobras elevou os investimentos previstos na área de Exploração e Produção de US$ 25 bilhões em seu antigo plano de negócios (2006-2010) para US$ 40,7 bilhões (2007-2011) no atual. O total que será investido é de US$ 87,1 bilhões.
Nepomuceno disse que a companhia deu prioridade no novo plano aos campos de óleo leve (de maior valor comercial e menor custo de refino) e ao gás. "Depois da crise da Bolívia [nacionalização dos hidrocarbonetos], tivemos de acelerar os projetos de gás para colocar o produto no Sudeste."
Para cumprir o novo foco, a Petrobras antecipou alguns projetos. Foi o caso de dois campos na bacia do Espírito Santo: um de gás, cuja produção estimada é 6 milhões de metros cúbicos a partir de 2008, e outro de óleo leve, com capacidade de extração de 100 mil barris/dia de óleo e 2,5 milhões de metros cúbicos de gás, também a partir de 2008. Cada um deve consumir US$ 1,5 bilhão em investimentos para a instalação de plataformas.
No caso do gás, a meta é elevar as vendas ao mercado do Sudeste dos atuais 27 milhões de metros cúbicos/dia (a maior parte originária da Bolívia) para 40 milhões de metros cúbicos/dia ao final de 2008 e para 55 milhões de metros cúbicos diários em 2010, reduzindo a dependência do país vizinho.

Preços de mercado
Para Nepomuceno, os preços mais altos do petróleo fizeram muitos campos se tornarem economicamente viáveis, o que elevou a demanda por equipamentos e serviços e, conseqüentemente, os custos.
Na avaliação do executivo da Petrobras, o piso para a cotação do petróleo a longo prazo é de US$ 50. Hoje, afirma, o preço está "muito alto", na faixa de US$ 77 a US$ 78 o barril. "Num momento de maior estabilidade política [no Oriente Médio], o preço baixará um pouco mais. Só que dificilmente o petróleo irá agora para preços baixos. Acho que o valor de US$ 50 é algo razoável."
A Petrobras considerou viáveis todos projetos que fossem rentáveis com preços a partir de US$ 35 o barril. Se os preços ficaram acima desse valor, aumentam os lucros da companhia estatal.


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