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AÉREAS
"Proar" virá via medida provisória, prevê perdão de dívida de impostos, isenção de tributos e seguro antiterrorismo grátis
Empresas de aviação ganham até R$ 1 bi
MARIANA MAINENTI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo anunciou um pacote
de ajuda às companhias aéreas
brasileiras que pode chegar a R$ 1
bilhão. O objetivo do pacote, que
vem sendo negociado há quase
um ano com as empresas, é tentar
aliviar a crise do setor, que piorou
após os atentados nos EUA.
A mais importante das medidas
é o perdão de uma dívida de cerca
de R$ 500 milhões (mas o perdão
pode ser maior) em PIS e Cofins
que as empresas têm com a
União. A ajuda às aéreas, ironicamente chamada de "Proar" (em
referência ao Proer, que cobriu o
rombo de bancos quebrados) será
baixada em medida provisória
que deve ser publicada hoje no
"Diário Oficial" da União.
A esse valor somam-se R$ 300
milhões que as empresas vão economizar com as despesas do seguro por danos causados a vítimas em terra de atentados aéreos
terroristas e de guerras. Todo o
risco foi assumido pela União.
Do pacote faz parte também um
alívio tributário de R$ 68 milhões
(que pode ser maior), em isenção
de Imposto de Renda e do IOF
(Imposto sobre Operações Financeiras) no seguro.
"O setor de aviação não está recebendo privilégio. É um setor
que passa por dificuldades no
mundo todo. A indústria de aviação não tem culpa pelo terrorismo e todos os países adotaram
medidas de apoio depois de 11 de
setembro. O Brasil está tomando
medidas justificadas para dar às
companhias aéreas brasileiras
isonomia em relação às estrangeiras", afirmou o ministro Sergio
Amaral (Desenvolvimento).
"As empresas vão poder contar
com recursos, inclusive do
BNDES, sempre que precisarem.
Mas recomendei a elas que façam
uma reestruturação do setor",
disse. Sobre o perdão da dívida de
R$ 500 milhões , ele explicou que
o perdão foi dado para corrigir a
falta de isonomia entre as companhias brasileiras e as estrangeiras.
Entre 1988 e 1999 as companhias brasileiras eram obrigadas a
pagar PIS/Cofins sobre passagens
aéreas e cargas, mas não repassaram o que recolheram ao governo. Preferiram entrar na Justiça
contestando o fato de terem de
pagar os tributos enquanto empresas estrangeiras eram isentas.
Com a decisão de ontem, o governo reconhece que a situação de
fato representava uma desigualdade de condições de competição.
"Esse passivo [a dívida do PIS/
Cofins" está sendo perdoado",
afirmou o ministro. Segundo ele,
"essa medida é muito importante
nesse momento, especialmente
porque a Varig faz uma renegociação de suas dívidas".
No caso do seguro para vítimas
de atentados terroristas, ele passou a ser obrigatório após os atentados de 11 de setembro. As companhias aéreas brasileiras tinham
de fazer o seguro equivalente aos
riscos de até US$ 150 milhões. O
que ultrapassasse este valor e chegasse a no máximo US$ 800 milhões era bancado pelo governo.
Desde agosto, elas não precisam
bancar risco algum, e o governo
cobrirá eventos de até US$ 1 bilhão. Ainda não está decidido se o
governo contratará um seguro
para cobrir este risco.
No campo tributário, o maior
alívio para as empresas aéreas
vem da isenção do Imposto de
Renda Retido na Fonte até dezembro de 2003 e também das
operações de leasing, uma economia anual de R$ 50 milhões.
A redução de 7,05% para zero
na alíquota de IOF no seguro de
responsabilidade civil resultará
em alívio de R$ 18 milhões.
Houve mudança também na
cobrança de PIS/Cofins sobre o
pagamento de querosene para
aviação. Antes, apenas as empresas aéreas brasileiras eram obrigadas a pagar. Agora, as estrangeiras
também são. A cobrança passa a
ser feita na refinaria e não na distribuição. As brasileiras não ganham diretamente com essa medida, mas são beneficiadas pela
isonomia de condições.
Haverá também ampliação dos
casos de isenção de Imposto de
Importação de partes e peças de
aviões. A decisão sairá no dia 9 de
setembro.
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