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ARROCHO DO FUTURO
Superávit maior já havia sido acertado com o FMI nos EUA
FMI cobrou mais economia de gastos, revela governo
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo anunciou ontem um
aperto adicional de R$ 1,69 bilhão
em suas contas neste ano, revelou
que a medida atende a cobranças
do FMI e se atrapalhou ao tentar
explicar por que havia divulgado
que o acordo com o Fundo Monetário Internacional não implicaria
novos sacrifícios.
Pelos termos do acordo, a meta
de superávit primário -a economia destinada a pagar juros da dívida- do setor público em 2002
foi elevada de 3,75% para 3,88%
do PIB (Produto Interno Bruto),
ou seja, de R$ 48,66 bilhões para
R$ 50,35 bilhões.
Quando a equipe econômica divulgou pela primeira vez os termos do acordo, em 8 de agosto,
disse que o superávit fiscal já previsto para este ano não precisaria
ser elevado.
Ontem, o ministro da Fazenda,
Pedro Malan, disse que a medida
havia sido comunicada aos quatro principais presidenciáveis
-Luiz Inácio Lula da Silva (PT),
Ciro Gomes (PPS), Serra e Anthony Garotinho (PSB)- nos encontros de 19 de agosto com o
presidente Fernando Henrique
Cardoso.
Questionado sobre o motivo do
ajuste extra, Malan afirmou, sem
mencionar o FMI, que o objetivo
foi aplacar "ansiedades que assaltaram alguns corações, mentes e
nervos mais frágeis de alguns analistas da cena brasileira", presumivelmente em referência aos temores do mercado quanto à capacidade do governo de honrar suas
dívidas.
Segundo Malan, a decisão não
fora divulgada antes porque faltavam detalhes técnicos sobre as
fontes de receita necessárias para
cumprir a nova meta.
Pouco depois, na mesma entrevista, o secretário-executivo da
Fazenda, Amaury Bier, relatou
que a elevação do superávit já estava acertada antes de 8 de agosto
com o FMI, que, aliás, cobrava um
aperto adicional maior, de 0,17%
do PIB, ou R$ 2,2 bilhões.
Como versão final para o caso,
Malan disse que na entrevista de
agosto -da qual ele próprio participou, ao lado do presidente do
Banco Central, Armínio Fraga-
os membros da equipe no Brasil
não estavam a par dos detalhes da
nova meta. Na ocasião, Bier estava em Washington negociando
com o FMI.
Sobre os encontros com os presidenciáveis, Malan afirmou não
ter entrado em detalhes sobre os
números do superávit esperado
para este ano, mas disse que os
termos gerais do acordo foram
enviados por escrito aos candidatos posteriormente.
"Pequeno esforço"
A equipe econômica informou
que não serão necessários novos
cortes de gastos para o cumprimento do compromisso assumido com o Fundo, chamado por
Malan de um "pequeno esforço
adicional".
O R$ 1,69 bilhão extra -0,5%
da arrecadação total de R$ 310,9
bilhões esperada pelo governo para 2002- virá de pagamentos de
impostos atrasados e renegociações de dívidas de Estados e municípios com a Receita.
O superávit primário deste ano,
se cumprido, será o maior da gestão FHC. A política de gerar expressivos superávits para tentar
deter a escalada da dívida pública
foi iniciada em 1999, depois de um
acordo com o FMI.
O novo acordo, o terceiro dos
anos FHC, também estabelece a
meta de superávit primário para
2003, de 3,75% do PIB, e permite a
liberação de US$ 30 bilhões ao
Brasil, dos quais US$ 24 bilhões
no próximo ano, o primeiro do
mandato do novo presidente.
Os termos do acordo serão
apreciados amanhã pela diretoria
do Fundo, mas o exame é considerado mera formalidade pelo
Ministério da Fazenda. (GUSTAVO PATÚ, LEONARDO SOUZA E NEY HAYASHI DA CRUZ)
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