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ARROCHO DO FUTURO
Acerto com o FMI prevê que eleito consiga do Congresso recursos para substituir perda de receita da CPMF
Acordo passa lição de casa ao novo governo
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O novo acordo fechado com o Fundo Monetário Internacional
prevê que, nos três primeiros meses de seu mandato, o sucessor do
presidente Fernando Henrique
Cardoso negocie com o Congresso medidas que tenham por objetivo garantir a manutenção de superávit fiscal nos anos seguintes.
A principal preocupação se refere à redução da alíquota da
CPMF (Contribuição Provisória
sobre Movimentação Financeira),
que passa dos atuais 0,38% para
0,08% a partir de 2004. Com isso,
a arrecadação do tributo cairia de
R$ 22 bilhões para R$ 5 bilhões,
colocando em risco a obtenção
dos resultados fiscais considerados adequados pelo FMI.
Segundo o memorando do novo acordo, espera-se que o próximo governo apresente uma proposta ao Congresso, até o final de
março de 2003, para compensar a
perda de arrecadação.
O ministro Pedro Malan (Fazenda) disse que isso pode ser feito tanto com um aumento nas receitas como por um corte de gastos. "Vai haver uma queda expressiva na arrecadação. Está escrito lá [no acordo" que o próximo governo terá de encaminhar a
questão ao Congresso", afirmou.
Malan citou ainda frases dos
candidatos a presidente em que
eles se dizem favoráveis aos termos do acordo. Segundo ele, o
apoio dos presidenciáveis foi expresso no encontro com o presidente Fernando Henrique Cardoso, ocorrido há duas semanas.
O não-cumprimento dessa exigência não impedirá que o Brasil
tenha acesso à linha de crédito
oferecida pelo FMI, que permitirá
o saque de US$ 6 bilhões neste
ano e de US$ 24 bilhões em 2003.
Porém, caso o novo presidente
não encaminhe rapidamente uma
solução para essa questão, esse
comportamento poderá ser interpretado pelo Fundo como uma
falta de compromisso do governo
com a questão fiscal, o que dificultaria negociações posteriores.
A preocupação implícita nessa
exigência é o cumprimento das
metas de superávit primário acertada com o FMI. Em 2003, o setor
público (União, Estados, municípios e estatais) terá que economizar o equivalente a 3,75% do PIB
(Produto Interno Bruto) para pagar juros.
Só no primeiro semestre de
2003, o governo terá que acumular um superávit primário de R$
31,4 bilhões. O valor é bem superior aos R$ 25 bilhões da meta fixada pelo FMI para o primeiro semestre deste ano -o resultado ficou em R$ 28,9 bilhões, quase R$ 4 bilhões acima da meta. Entre julho de 2002 e junho de 2003, o esforço fiscal a ser alcançado é de
3,88% -o mesmo valor previsto
para este ano.
Três fatores poderão levar o
próximo governo a ter de aumentar a meta de 2003, segundo o texto do acordo: nova alta dólar que
eleve a cotação da moeda de maneira permanente, manutenção
de altas taxas de juros reais (descontada a inflação) e crescimento
menor da economia. Se necessário, esse aumento seria feito nas
revisões trimestrais do acordo.
O acordo com o FMI se encerra
no final de 2003, antes, portanto,
que entre em vigor a redução da
alíquota da CPMF.
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