São Paulo, quinta-feira, 05 de setembro de 2002

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PREÇOS

Quedas se concentram em produtos que não afetam o consumo diário das pessoas; altas ocorrem nos itens do dia-a-dia

Inflação anual cai e paulistano nem percebe

MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO

A taxa anual de inflação vem caindo na cidade de São Paulo. É o que mostram os dados da Fipe. Nos últimos 12 meses até agosto, a taxa recuou para 5,03%. Nos 12 meses até fevereiro, estava em 7,49%. Os paulistanos, no entanto, não sentem isso no bolso.
O motivo é simples: as quedas de preços se concentram em produtos que não afetam o consumo diário das pessoas -casos do desodorante, inseticida, aparelho de som, filmadora, sorvete, leite fermentado e adoçante, entre outros. Já as altas ocorrem exatamente nos itens indispensáveis ao dia-a-dia dos consumidores.
Os gastos começam salgados logo cedo. Ao acender o fogão para preparar o café da manhã, os paulistanos estão pagando atualmente 32% a mais pelo gás do que há um ano. O pão colocado na mesa está 21% mais caro -só neste ano a alta foi de 19%-, e o leite subiu 11% (17,5% neste ano).
Queijos (alta de até 23%) e margarina (8%) também estão com reajustes bem acima da inflação média dos últimos 12 meses. Uma exceção: o café em pó. Após tantas quedas no mercado externo, e devido à produção elevada, os preços internos acumulam redução de 12% em 12 meses.
Se a dona de casa resolver lavar roupa após o café da manhã, vai ter outra surpresa. O sabão em pó que vai utilizar custa 20% mais do que há um ano. Nesse mesmo período, os detergentes ficaram 10% mais caros e a água sanitária, 12%.
As surpresas continuam no almoço. Os cereais estão 16% mais caros, e a liderança fica com o feijão. Só neste ano o produto já acumula alta de 37%. Os reajustes deverão continuar porque as geadas dos últimos dias afetaram seriamente a produção. O arroz não fica atrás. A elevação de preços foi de 13% nos últimos 12 meses.
Os gastos não param por aí. O óleo de soja utilizado para as frituras ou para temperar a salada subiu 25%. Os preços externos da soja em grãos forçaram a alta do óleo no mercado interno. As opções de substituição são poucas, já que o óleo de milho ficou 23% mais caro, e o de girassol, 27% -ambos nos últimos 12 meses.
O café da tarde também ficou mais caro. Se os consumidores fugirem do pão vão pagar 16% a mais pelo biscoito de leite. Os chás de erva-doce e de camomila, que subiram 7%, até que acompanharam a inflação do período.
Está difícil até para reclamar da alta com os amigos e parentes. Os custos da conta do telefone fixo subiram 11% nos últimos 12 meses -o dobro da inflação.
O banho à noite também precisa ser encurtado, pois a energia elétrica subiu 13% desde agosto do ano passado. A sessão da tarde e as novelas na TV também passaram a dar gastos maiores devido ao consumo de energia.
O chope da noite ficou 17% mais caro, e a cerveja, 12%. Para quem fuma, os gastos com cigarros aumentaram 13%, mesmo índice de reajuste das entradas dos parques de diversão e dos jogos de futebol.
Conferir o saldo bancário também está custando mais. Os bancos reajustaram os serviços em 18,48% nos últimos 12 meses. Se o consumidor precisar recorrer a remédios para ficar calmo diante de tantos reajustes, a dor de cabeça aumenta. É que os remédios para o sistema nervoso subiram 8,33% nos últimos 12 meses.


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