|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
PREÇOS
Quedas se concentram em produtos que não afetam o consumo diário das pessoas; altas ocorrem nos itens do dia-a-dia
Inflação anual cai e paulistano nem percebe
MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO
A taxa anual de inflação vem
caindo na cidade de São Paulo. É o
que mostram os dados da Fipe.
Nos últimos 12 meses até agosto, a
taxa recuou para 5,03%. Nos 12
meses até fevereiro, estava em
7,49%. Os paulistanos, no entanto, não sentem isso no bolso.
O motivo é simples: as quedas
de preços se concentram em produtos que não afetam o consumo
diário das pessoas -casos do desodorante, inseticida, aparelho de
som, filmadora, sorvete, leite fermentado e adoçante, entre outros. Já as altas ocorrem exatamente nos itens indispensáveis ao
dia-a-dia dos consumidores.
Os gastos começam salgados logo cedo. Ao acender o fogão para
preparar o café da manhã, os paulistanos estão pagando atualmente 32% a mais pelo gás do que há
um ano. O pão colocado na mesa
está 21% mais caro -só neste ano
a alta foi de 19%-, e o leite subiu
11% (17,5% neste ano).
Queijos (alta de até 23%) e margarina (8%) também estão com
reajustes bem acima da inflação
média dos últimos 12 meses. Uma
exceção: o café em pó. Após tantas quedas no mercado externo, e
devido à produção elevada, os
preços internos acumulam redução de 12% em 12 meses.
Se a dona de casa resolver lavar
roupa após o café da manhã, vai
ter outra surpresa. O sabão em pó
que vai utilizar custa 20% mais do
que há um ano. Nesse mesmo período, os detergentes ficaram 10%
mais caros e a água sanitária, 12%.
As surpresas continuam no almoço. Os cereais estão 16% mais
caros, e a liderança fica com o feijão. Só neste ano o produto já acumula alta de 37%. Os reajustes deverão continuar porque as geadas
dos últimos dias afetaram seriamente a produção. O arroz não fica atrás. A elevação de preços foi
de 13% nos últimos 12 meses.
Os gastos não param por aí. O
óleo de soja utilizado para as frituras ou para temperar a salada subiu 25%. Os preços externos da
soja em grãos forçaram a alta do
óleo no mercado interno. As opções de substituição são poucas, já
que o óleo de milho ficou 23%
mais caro, e o de girassol, 27%
-ambos nos últimos 12 meses.
O café da tarde também ficou
mais caro. Se os consumidores fugirem do pão vão pagar 16% a
mais pelo biscoito de leite. Os chás
de erva-doce e de camomila, que
subiram 7%, até que acompanharam a inflação do período.
Está difícil até para reclamar da
alta com os amigos e parentes. Os
custos da conta do telefone fixo
subiram 11% nos últimos 12 meses -o dobro da inflação.
O banho à noite também precisa ser encurtado, pois a energia
elétrica subiu 13% desde agosto
do ano passado. A sessão da tarde
e as novelas na TV também passaram a dar gastos maiores devido
ao consumo de energia.
O chope da noite ficou 17% mais
caro, e a cerveja, 12%. Para quem
fuma, os gastos com cigarros aumentaram 13%, mesmo índice de
reajuste das entradas dos parques
de diversão e dos jogos de futebol.
Conferir o saldo bancário também está custando mais. Os bancos reajustaram os serviços em
18,48% nos últimos 12 meses. Se o
consumidor precisar recorrer a
remédios para ficar calmo diante
de tantos reajustes, a dor de cabeça aumenta. É que os remédios
para o sistema nervoso subiram
8,33% nos últimos 12 meses.
Texto Anterior: Pessimismo volta ao país e chance de taxa de juro cair agora é remota Próximo Texto: Frase Índice
|