São Paulo, quinta-feira, 05 de setembro de 2002

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Pessimismo volta ao país e chance de taxa de juro cair agora é remota

DA REPORTAGEM LOCAL

O pessimismo voltou a ganhar força nas avaliações de economistas e analistas. Ao mau desempenho registrado pela indústria norte-americana no último mês somaram-se o crescente temor de um ataque ao Iraque e a interrupção da trajetória de queda do risco-país brasileiro.
"Até o final da semana passada, ganhava força a expectativa de que a economia brasileira poderia reverter a má fase, com a melhora no câmbio e no risco-país. Mas, nos últimos dias, o cenário externo voltou a ficar negativo, o que nos afeta de uma forma ou de outra", afirma Wilson Ramião, economista do Lloyds TSB.
A possibilidade de corte nos juros antes da próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) foi praticamente sepultada pelos investidores. Nos contratos DI (que consideram as taxas interbancárias) de prazo mais curto, as taxas fecharam ontem em 17,97% ao ano. A Selic, taxa básica da economia, está em 18%.
A reativação gradual do crédito externo destinado ao país pode ser afetada pelo cenário mais negativo. "Se com um clima melhor, como na semana passada, as expectativas já não eram boas, a esperada retomada do crédito fica agora ainda mais distante", diz Fernando Coelho, analista da ABM Consulting.
Na opinião de Ramião, uma piora nas expectativas em relação aos países desenvolvidos, especialmente os EUA, só vai castigar ainda mais as economias subdesenvolvidas.
"A aversão do investidor estrangeiro aos países em desenvolvimento, como o Brasil, já havia crescido muito no ano. Com as dúvidas sobre a recuperação da economia dos EUA e o medo de ataques do país ao Iraque, os investidores devem ficar ainda mais cautelosos", diz o economista.
O dólar ainda não reagiu como esperavam muitos analistas após as várias medidas tomadas pelo Banco Central e o acordo firmado pelo governo com o FMI (Fundo Monetário Internacional). Ontem, a moeda norte-americana subiu 0,48% e fechou vendida a R$ 3,115. Analistas afirmam que com mais incertezas os investidores preferem se proteger por meio da compra de dólares.
O real se desvalorizou fortemente diante do dólar nos últimos meses. Um dos motivos é a maior procura pela moeda dos EUA por parte de empresas endividadas no exterior. Com o mercado de crédito parado, muitas empresas foram obrigadas a comprar dólares para quitar parte de seus vencimentos.


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