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Pessimismo volta ao país e chance de taxa de juro cair agora é remota
DA REPORTAGEM LOCAL
O pessimismo voltou a ganhar força nas avaliações de economistas e analistas. Ao mau desempenho registrado pela indústria norte-americana no último mês somaram-se o crescente temor de um ataque ao Iraque e a interrupção da trajetória de queda do risco-país brasileiro.
"Até o final da semana passada,
ganhava força a expectativa de
que a economia brasileira poderia
reverter a má fase, com a melhora
no câmbio e no risco-país. Mas,
nos últimos dias, o cenário externo voltou a ficar negativo, o que
nos afeta de uma forma ou de outra", afirma Wilson Ramião, economista do Lloyds TSB.
A possibilidade de corte nos juros antes da próxima reunião do
Copom (Comitê de Política Monetária) foi praticamente sepultada pelos investidores. Nos contratos DI (que consideram as taxas
interbancárias) de prazo mais
curto, as taxas fecharam ontem
em 17,97% ao ano. A Selic, taxa
básica da economia, está em 18%.
A reativação gradual do crédito
externo destinado ao país pode
ser afetada pelo cenário mais negativo. "Se com um clima melhor,
como na semana passada, as expectativas já não eram boas, a esperada retomada do crédito fica
agora ainda mais distante", diz
Fernando Coelho, analista da
ABM Consulting.
Na opinião de Ramião, uma
piora nas expectativas em relação
aos países desenvolvidos, especialmente os EUA, só vai castigar
ainda mais as economias subdesenvolvidas.
"A aversão do investidor estrangeiro aos países em desenvolvimento, como o Brasil, já havia
crescido muito no ano. Com as
dúvidas sobre a recuperação da
economia dos EUA e o medo de
ataques do país ao Iraque, os investidores devem ficar ainda mais
cautelosos", diz o economista.
O dólar ainda não reagiu como
esperavam muitos analistas após
as várias medidas tomadas pelo
Banco Central e o acordo firmado
pelo governo com o FMI (Fundo
Monetário Internacional). Ontem, a moeda norte-americana
subiu 0,48% e fechou vendida a
R$ 3,115. Analistas afirmam que
com mais incertezas os investidores preferem se proteger por meio
da compra de dólares.
O real se desvalorizou fortemente diante do dólar nos últimos meses. Um dos motivos é a maior procura pela moeda dos EUA por parte de empresas endividadas no exterior. Com o mercado de crédito parado, muitas empresas foram obrigadas a comprar dólares para quitar parte de seus vencimentos.
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