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Governo tenta segurar dólar e conter reservas
DE BUENOS AIRES
Longe de um acordo com o FMI (Fundo Monetário Internacional), o governo argentino resolveu tomar uma série de medidas para controlar a cotação do dólar
e, principalmente, evitar a perda das reservas internacionais.
O Banco Central divulgou no final da noite de anteontem quatro
circulares que estabelecem uma série de regras para garantir a
oferta de dólares no país.
A partir de agora, as empresas
deverão liquidar diretamente no
Banco Central as dívidas obtidas
com todas as exportações superiores a US$ 200 mil. Pela regra
anterior, o volume mínimo era de
US$ 500 mil.
O objetivo do BC com essa medida é evitar que os exportadores
-que desde a decretação da moratória da dívida externa são praticamente os únicos que trazem
moeda estrangeira ao país-
guardem os dólares para si e não
ajudem a reforçar as reservas.
Além disso, foi reduzido o repasse de dólares para bancos e casas de câmbio que atendem à demanda da população por meio de
convênio com o BC. Agora, essas
instituições poderão comprar do
BC um máximo de US$ 300 mil
por dia, e não mais US$ 500 mil.
Já as empresas não poderão
mais tomar empréstimos no exterior a um prazo inferior a 90 dias.
A intenção do BC é evitar fugas
abruptas de capital do país. Medida semelhante foi adotada com
sucesso pelo Chile há alguns anos.
Uma última regra importante
anunciada estabelece que as empresas em concordata só poderão
saldar as dívidas contraídas no exterior após obterem, por meio de
renegociações, um desconto de
pelo menos 40% no total devido e
um prazo mínimo de dois anos
para a retomada dos pagamentos.
Dessa forma, o governo espera
reforçar as reservas para honrar
os compromissos com os organismos financeiros internacionais
se não houver um acordo com o
FMI. Mesmo que o Fundo decida
hoje rolar uma dívida de US$ 2,8
bilhões que vence na segunda-feira, o país ainda deverá pagar cerca
de US$ 6 bilhões aos organismos
de crédito até março de 2003.
O governo também decidiu ontem mudar as regras para o pagamento de impostos para gradar as Províncias. Segundo o ministro Roberto Lavagna (Economia), as
empresas e a população não poderão mais pagar suas obrigações com o Estado com títulos públicos. O governo tem dívidas 1,2 bilhão de pesos com as Províncias que não poderiam ser honradas sem essa medida.
(JS)
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