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IMPOSTOS
Mudanças tributárias do governo podem elevar custos de empresas no país
Minirreforma deve pressionar preços
GUILHERME BARROS
EDITOR DO PAINEL S.A.
A minirreforma tributária do
governo deverá provocar aumento de preços não só no comércio e
na telefonia, como também em alguns setores industriais, como os
de eletroeletrônicos, de farmacêuticos e de informática.
O presidente da Eletros (Associação Nacional de Fabricantes de
Produtos Eletroeletrônicos), Paulo Saab, confirma que os primeiros estudos sobre o impacto da
minirreforma sobre o setor de eletroeletrônicos indicam aumento
de custos com a nova sistemática
para a cobrança do PIS. "Na medida que há impacto sobre os custos, é razoável se pensar em aumento de preços", diz Saab.
De acordo com o que a Folha
apurou, outros setores da indústria, como o petroquímico, o farmacêutico e o de informática,
também estão analisando os efeitos do minipacote sobre os seus
custos. Os primeiros sinais são de
aumento de custos.
O economista Raul Velloso diz
que o pacote tributário realmente
pode ter efeito inflacionário num
primeiro momento, já que muitos
setores da indústria e do comércio
terão que arcar com aumento de
custos com a nova alíquota do
PIS, que passou de 0,65% para
1,65%, apesar de o efeito cascata
ter sido eliminado.
Além disso, as empresas terão
que aumentar a burocracia em
sua administração para poder calcular os efeitos sobre os custos
com a nova sistemática da cobrança do PIS, o que também significa mais pressão sobre os preços.
Velloso explica que esse impacto sobre os preços, no entanto, se
dará de uma só vez, semelhante
ao que ocorre com o aumento da
gasolina quando sobe o preço do
petróleo. "O aumento de preços
será semelhante ao de um choque", diz Velloso.
As indústrias mais atingidas
com a minirreforma tributária serão aquelas de maior valor agregado. Ou seja, como o pacote do
governo acabou com o efeito cascata com cobrança de impostos
em cada etapa da produção e, ao
mesmo tempo, aumentou a alíquota do PIS de 0,65% para
1,65%, irão sofrer aquelas empresas que menos gastam com a
compra de matéria prima. A diferença entre o preço final e o custo
da matéria prima é o que se chama de valor agregado.
Entre os setores de maior valor
agregado, se incluem as indústrias
eletroeletrônica, farmacêutica e
de informática. Além delas, praticamente todo o setor de serviços,
como telefonia e comércio.
Já os setores beneficiados terão um choque positivo de oferta, podendo até diminuir preços, embora a tradição não seja essa. No Brasil, é raro o caso de uma redução de preços em razão de uma queda nos custos.
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