São Paulo, quinta-feira, 05 de setembro de 2002

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TENSÃO GLOBAL

Em uma semana, Bolsa japonesa já perdeu 10% de seu valor; compra de pechinchas dá ânimo a Wall Street

Tóquio bate recorde negativo, NY respira

DA REDAÇÃO

A Bolsa de Tóquio aprofundou suas perdas ontem, ao cair 1,54%, e mergulhou para o nível mais baixo desde agosto de 1983. O valor de mercado dos bancos está evaporando e analistas alertam para o risco de uma crise no sistema financeiro.
O índice Nikkei, que traz a variação média das 225 principais empresas japonesas, recuou pelo sétimo pregão consecutivo. Em uma semana, a Bolsa de Tóquio perdeu 10% de seu valor.
O clima de tensão se agravou depois que a agência de classificação de crédito Moody's Investors Service emitiu uma análise em que afirma que o sistema financeiro japonês encontra-se muito frágil para passar por uma reforma estrutural neste momento, como se tem especulado.
O Japão, segunda maior economia do planeta, cresceu apenas 0,5% no segundo trimestre. Ainda que modesto, o índice foi o melhor em mais de um ano e, na opinião de alguns analistas, deve ser o melhor deste ano.
"Se as cotações permanecerem em baixa, será inevitável uma queda no consumo e nos investimentos", disse Junichi Makino, economista do instituto de pesquisas Daiwa.
Para agravar a situação, setembro é, historicamente, um mês de ajustes. "Em 14 dos últimos 17 anos, setembro tem sido sinônimo de perdas no mercado japonês", disse Jesper Koll, economista-chefe do Merrill Lynch.

Caça às pechinchas
Depois de viver, anteontem, seu pior dia desde os atentados de 11 de setembro, a Bolsa de Nova York fechou em alta ontem. Os negócios foram puxados pelos investidores que compraram pechinchas (ações cujos preços estariam muito baixos).
"Tem um monte de pechinchas, desde que os lucros corporativos cresçam", afirmou Benjamin Pace, diretor do Deutsche Bank Private Banking. "A grande questão para os investidores é: e se os lucros não vierem?"
O índice Dow Jones ganhou 1,41% ontem, depois de ter desabado 4,1% no pregão anterior. A Nasdaq subiu 2,25%, e o índice Standard & Poor's 500, 1,75%. Na Europa, Paris subiu 1,35%, e Frankfurt ganhou 0,8%. A Bolsa londrina fechou inalterada.

Construção empaca
Os gastos em construção civil nos EUA permaneceram inalterados em julho na comparação com o mês anterior, de acordo com o Departamento de Comércio. Para os analistas, que esperavam um recuo de 0,2%, o relatório ficou acima da expectativa.
O investimento total só não recuou porque a construção de casas permanece em níveis elevados. As obras de prédios não-residenciais recuaram ao menor nível em seis anos.
Os gastos governamentais, que aumentaram 0,9% no período, também ajudaram a manter aquecida a atividade no setor. Os investimentos do setor hoteleiro foram os menores em seis anos.
Um sinal alarmante é o baixo nível de investimento das empresas do país. Os gastos em construção e ampliação de indústrias já caíram 48% nos últimos 12 meses e recuaram, em julho, ao menor nível desde 1978.


Com agências internacionais


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