São Paulo, sábado, 05 de setembro de 2009

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Estratégia para estímulos não muda, diz Mantega

DO ENVIADO ESPECIAL A LONDRES

Nem novos estímulos nem a retirada dos já dados para a retomada da economia. Foi essa a posição que o ministro da Fazenda, Guido Mantega, expôs ontem em Londres, depois de participar de uma reunião do Bric (grupo formado por Brasil, Rússia, Índia e China), na qual também esteve, no final, o secretário norte-americano do Tesouro, Timothy Geithner.
O que o jargão dos economistas batizou de "estratégias de saída", ou seja, o desmonte dos pacotes fiscais e de injeção direta de dinheiro para ajudar setores da economia, não convenceu nem os ministros do Bric nem Geithner, pelo que disse Mantega: "Ele concordou que é prematuro colocar já em ação as estratégias de saída".
O comunicado dos Bric vai na mesma direção e até aponta o caminho para seus pares do G20, que iniciaram ontem à noite uma reunião ministerial preparatória para a cúpula dos Estados Unidos.
"Os países do G20 devem continuar a implementar políticas fiscais e monetárias contracíclicas de maneira sustentável e coordenada internacionalmente." Parece consensual que será essa a posição que adotarão os ministros e, depois, os chefes de governo.
Mantega foi enfático ao rejeitar a preocupação com os deficits públicos e a dívida elevada dos países por conta dos pacotes de estímulo. "A melhor maneira de combater um e a outra é o crescimento econômico."

"Sinal errado"
O ministro acha que aumentar impostos, em vez de reduzi-los, ou elevar os juros, em vez de diminuí-los, "seria enviar o sinal errado" aos agentes econômicos.
No caso específico do Brasil, no entanto, não parece haver mais necessidade de estímulos adicionais, porque, segundo o ministro, tanto o crédito como a demanda estão voltando à normalidade.
Mantega repetiu sua previsão de que a economia crescerá 1% neste ano, embora os dados mais recentes até justifiquem um otimismo maior. O ministro lembrou que, para o segundo trimestre, as previsões de crescimento variavam de 1,5% a 2,1%, em relação ao trimestre anterior (que foi de retração).
Agora, ficam em 1,8%, mas é um dado velho, à medida que já se passou da metade do terceiro trimestre praticamente.
Por isso, Mantega aposta no sinal dado pela produção industrial, que subiu 2,2% em julho sobre junho (portanto, já no terceiro trimestre), para confiar em um desempenho positivo em 2009 e, naturalmente, ainda mais em 2010.
Por esse lado, não há mais motivos para estímulos à economia, mas as incertezas no conjunto da economia mundial explicam por que tampouco há razões para iniciar já as "estratégias de saída". (CLÓVIS ROSSI)

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