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Estratégia para estímulos não muda, diz Mantega
DO ENVIADO ESPECIAL A LONDRES
Nem novos estímulos nem a
retirada dos já dados para a retomada da economia. Foi essa a
posição que o ministro da Fazenda, Guido Mantega, expôs
ontem em Londres, depois de
participar de uma reunião do
Bric (grupo formado por Brasil,
Rússia, Índia e China), na qual
também esteve, no final, o secretário norte-americano do
Tesouro, Timothy Geithner.
O que o jargão dos economistas batizou de "estratégias de
saída", ou seja, o desmonte dos
pacotes fiscais e de injeção direta de dinheiro para ajudar setores da economia, não convenceu nem os ministros do
Bric nem Geithner, pelo que
disse Mantega: "Ele concordou
que é prematuro colocar já em
ação as estratégias de saída".
O comunicado dos Bric vai na
mesma direção e até aponta o
caminho para seus pares do
G20, que iniciaram ontem à
noite uma reunião ministerial
preparatória para a cúpula dos
Estados Unidos.
"Os países do G20 devem
continuar a implementar políticas fiscais e monetárias contracíclicas de maneira sustentável e coordenada internacionalmente." Parece consensual
que será essa a posição que adotarão os ministros e, depois, os
chefes de governo.
Mantega foi enfático ao rejeitar a preocupação com os deficits públicos e a dívida elevada
dos países por conta dos pacotes de estímulo. "A melhor maneira de combater um e a outra
é o crescimento econômico."
"Sinal errado"
O ministro acha que aumentar impostos, em vez de reduzi-los, ou elevar os juros, em vez
de diminuí-los, "seria enviar o
sinal errado" aos agentes econômicos.
No caso específico do Brasil,
no entanto, não parece haver
mais necessidade de estímulos
adicionais, porque, segundo o
ministro, tanto o crédito como
a demanda estão voltando à
normalidade.
Mantega repetiu sua previsão de que a economia crescerá
1% neste ano, embora os dados
mais recentes até justifiquem
um otimismo maior. O ministro lembrou que, para o segundo trimestre, as previsões de
crescimento variavam de 1,5%
a 2,1%, em relação ao trimestre
anterior (que foi de retração).
Agora, ficam em 1,8%, mas é
um dado velho, à medida que já
se passou da metade do terceiro trimestre praticamente.
Por isso, Mantega aposta no
sinal dado pela produção industrial, que subiu 2,2% em julho sobre junho (portanto, já no
terceiro trimestre), para confiar em um desempenho positivo em 2009 e, naturalmente,
ainda mais em 2010.
Por esse lado, não há mais
motivos para estímulos à economia, mas as incertezas no
conjunto da economia mundial
explicam por que tampouco há
razões para iniciar já as "estratégias de saída".
(CLÓVIS ROSSI)
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