São Paulo, sábado, 05 de outubro de 2002

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EM TRANSE

Dólar e risco-país caem e Bolsa de Valores sobe às vésperas das eleições

Mercado encerra tranquilo semana que prometia sangue

DA REPORTAGEM LOCAL

A semana anterior às eleições presidenciais terminou mais tranquila do que previam os analistas.
Ontem, o dólar caiu 2,16%, cotado a R$ 3,62. Na semana, a moeda teve baixa de 6,7%.
O risco-país, calculado pelo banco JP Morgan, caiu mais 3,45% ontem, para 1.960 pontos. Pela primeira vez desde 23 de setembro, o índice fechou abaixo dos 2.000 pontos. Nos últimos cinco dias, o risco de investir no Brasil acumulou baixa de 19,7%.
A Bolsa de Valores de São Paulo também teve dias mais tranquilos. A Bovespa subiu 1,31% ontem e encerrou a semana com valorização de 6,2%.
Especificamente ontem, o anúncio do banco de investimentos Merrill Lynch, que elevou a recomendação para a compra de títulos brasileiros, contribuiu para o alívio das negociações.
Desde o início das turbulências no mercado doméstico, em maio, foram sucessivos os anúncios de perspectivas negativas em relação ao Brasil por parte de bancos e agências de avaliação de risco.
A maior possibilidade, aos olhos do mercado, de haver um segundo turno para as eleições presidenciais também serviu para acalmar os ânimos. Altas recentes do dólar foram atribuídas a uma reacomodação dos indicadores diante de uma possível vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no primeiro turno.

Vencimentos
Havia grande apreensão sobre o comportamento dos indicadores nos últimos dias devido à forte deterioração dos mesmos, na semana passada. A passagem da terça-feira, dia do vencimento de US$ 1,25 bilhão em dívida do governo atrelada ao câmbio, fez as pressões sobre o dólar, em especial, se reduzirem.
Houve uma movimentação por parte de bancos para elevar o valor do dólar e, assim, aumentar seus ganhos no resgate -apenas 21% da dívida foi renovada.
Passadas as movimentações em torno desse vencimento, o dólar se acalmou. Mas neste mês há grande concentração de vencimentos de dívidas dos setores público e privado, o que deve gerar nova instabilidade no câmbio.
O BC tentou iniciar ontem a rolagem de US$ 3,6 bilhões que vencem no dia 17. A autoridade monetária recusou todas as propostas por considerar as taxas pedidas pelo mercado muito altas -elas ficaram em torno dos 40%. Como a procura por "hedge" (proteção cambial) no mercado é muito pequena, mais uma vez o BC não deverá conseguir renovar a totalidade da dívida.
Além disso, o mercado passou a não dar mais como certa uma vitória de Lula no primeiro turno. A tese foi reforçada, segundo os operadores e analistas do mercado, pelo desempenho dos presidenciáveis no debate de quinta.
Se confirmado um segundo turno entre Lula e José Serra (PSDB), analistas esperam que o dólar caia mais um pouco, até R$ 3,50.


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