São Paulo, sábado, 05 de outubro de 2002

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CARROS

Empresas alegam repasse de aumento de custos causado por alta do dólar

Montadoras já preparam reajustes

JOSÉ ALAN DIAS
DA REPORTAGEM LOCAL

A direção da Anfavea (Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores) admitiu ontem que as montadoras vão repassar para os preços dos veículos o aumento de custos de produção provocado pela alta do dólar.
Os aumentos nos preços ocorridos no final de agosto já haviam eliminado, no caso de alguns modelos populares, os efeitos obtidos com a redução de IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), anunciada no mês de julho.
"As montadoras procuram refrear (o aumento), negociando dentro da cadeia produtiva. Tentamos de tudo para minimizar esse repasse ao consumidor porque hoje trabalhamos com capacidade ociosa de 44%", disse Ricardo Carvalho, presidente da Anfavea.
De acordo com o executivo, a cotação da moeda norte-americana considerada ideal pelas montadoras para os próximos durante 2003 seria no nível de R$ 2,70 -o que, em tese, diminuiria a pressão por reajustes. Mas a avaliação de analistas do mercado é que o dólar, em um cenário tranquilo, recue para entre R$ 3,00 e R$ 3,10. ""Há as mais diversas previsões. Para a Anfavea, esse (R$ 2,70) é um patamar possível, desde que o próximo governo mantenha os compromissos de austeridade fiscal e monetária", completou.

Vendas maiores
De acordo com relatório da Anfavea, as vendas internas de veículos no varejo (concessionário-consumidor) aumentaram 27,3% em setembro, comparadas ao mesmo mês do ano passado.
Em relação a agosto deste ano, também houve variação positiva, mas com menor intensidade: 0,7%. Foi o quarto mês consecutivo de alta nas vendas (sempre em relação ao mês anterior), após péssimos resultados no primeiro semestre -quando a venda total havia despencado 17,7%, em relação ao mesmo período de 2001.
No caso do expressivo aumento nas vendas de setembro, na comparação interanual a própria Anfavea fez uma ressalva: a base de comparação era baixa. Setembro de 2001 foi o mês dos atentados terroristas nos EUA que provocaram pânico na economia mundial. Naquele período foram comercializados 106,6 mil veículos no Brasil. Neste ano, saíram das concessionárias 135,7 mil.
""As vendas aumentaram nos últimos quatro meses porque há um claro retorno da confiança dos consumidores. E porque também há uma concorrência acirrada entre as montadoras, o que pressupõe promoções, descontos", disse Ricardo Carvalho.
No mês passado, foram produzidos pelas montadoras instaladas no país 150,4 mil veículos contra os 140 mil em setembro do ano passado -o que representa alta de 7,5%. Em relação a agosto deste ano, a produção também foi maior: alta de 9,3%.


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