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São Paulo deve ter a menor inflação em 8 anos, diz Fipe
Taxa acumulada de 2006 deverá ficar em 1,6%, a segunda menor do Plano Real
Mas indicador só ficará nesse patamar se não ocorrerem novos aumentos nos preços da gasolina
e do diesel até o fim do ano
MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO
A inflação de 2006 caminha
para a menor taxa dos últimos
oito anos. Nas estimativas da
Fipe (Fundação Instituto de
Pesquisas Econômicas), a taxa
deste ano deve acumular apenas 1,6% e ser a segunda menor
do Plano Real, abaixo apenas da
deflação de 1,79% de 1998.
A taxa só ficará nesse patamar, no entanto, se não houver
novos reajustes nos preços da
gasolina e do diesel até o fim do
ano. A estimativa é de Paulo
Picchetti, coordenador do IPC
(Índice de Preços ao Consumidor) da Fipe.
Para o coordenador da Fipe,
a tendência de recuo na taxa inflacionária não ocorre apenas
na Fipe, mas também nos demais índices, inclusive no IPCA, que serve de parâmetro para as metas do governo.
Picchetti diz que "o IPCA já
caminha para uma taxa bem
abaixo do centro da meta, de
4,5%, e tem grandes chances de
terminar o ano no "piso mínimo" de 2,5% estipulado pelo governo".
A inflação baixa é reflexo de
que o Banco Central errou na
dose da política monetária? "Só
vai dar para saber se o Banco
Central exagerou na dose no final do trimestre, quando soubermos como vai ser o nível de
atividades", diz Picchetti.
Uma coisa é certa, no entanto: a parcimônia das duas últimas atas do Copom (Comitê de
Política Monetária) deve ser
engavetada diante desses novos indicadores de antecedentes econômicos, diz Picchetti.
Para o economista da Fipe, "a
queda na expectativa de recuperação do nível de atividade
deve fazer com que o Copom
derrube a taxa de juros em mais
0,5 ponto percentual na próxima reunião do comitê".
Até agora, 0,68%
A inflação dos nove primeiros meses do ano foi de apenas
0,68% em São Paulo, segundo a
Fipe. Dois itens foram responsáveis por essa taxa baixa: habitação e alimentação.
No caso da habitação, que teve elevação média de apenas
0,34% no ano, os reajustes das
tarifas foram menores. A de
energia, por exemplo, acumula
queda de 3,19% nos últimos 12
meses. No mesmo período, a de
água e esgoto subiu 8,43%.
Os alimentos surpreenderam e estão 2,13% mais baratos
na média deste ano do que em
2005, puxados pelas reduções
de 5,44% dos "in natura" e de
2,46% dos industrializados.
Surpresa
A taxa de inflação de São Paulo em setembro surpreendeu o
mercado financeiro, que previa
0,32%. A taxa ficou em 0,25%,
percentual que era previsto pela Fipe.
Alimentos "in natura" e vestuário, em queda na última semana do mês, seguraram a taxa
em 0,25%, segundo Picchetti.
A alta de só 0,27% no setor de
vestuário surpreendeu a Fipe,
que esperava reajustes maiores
devido à entrada no mercado
de produtos da nova estação.
A alta menor se deve ao grande volume de importações, segundo o economista da Fipe.
No mês passado, as importações de produtos desse setor
superaram em 90% as do mesmo mês de 2005.
Nova queda
A inflação deste mês deve recuar para 0,20%, segundo previsão da Fipe. As principais
pressões virão da tarifa de água
e esgoto e dos preços da alimentação. Assim como ocorreu
em setembro, frango e carne
bovina devem continuar pressionado neste mês.
A pressão da carne de frango,
que liderou a inflação no mês
passado, ocorre porque os produtores diminuíram a produção e, ao mesmo tempo, há aumento da demanda externa. Já
a carne bovina sobe porque a
pecuária passa por um período
de entressafra.
O quilo do frango vivo, após
recuar para R$ 0,85 nas granjas
paulistas, em julho, estava ontem a R$ 1,85. A arroba de boi
gordo, estacionada em R$ 50 de
maio a julho, está atualmente a
R$ 63 no mercado paulista.
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