São Paulo, quinta-feira, 05 de outubro de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

São Paulo deve ter a menor inflação em 8 anos, diz Fipe

Taxa acumulada de 2006 deverá ficar em 1,6%, a segunda menor do Plano Real

Mas indicador só ficará nesse patamar se não ocorrerem novos aumentos nos preços da gasolina e do diesel até o fim do ano


MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO

A inflação de 2006 caminha para a menor taxa dos últimos oito anos. Nas estimativas da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), a taxa deste ano deve acumular apenas 1,6% e ser a segunda menor do Plano Real, abaixo apenas da deflação de 1,79% de 1998.
A taxa só ficará nesse patamar, no entanto, se não houver novos reajustes nos preços da gasolina e do diesel até o fim do ano. A estimativa é de Paulo Picchetti, coordenador do IPC (Índice de Preços ao Consumidor) da Fipe.
Para o coordenador da Fipe, a tendência de recuo na taxa inflacionária não ocorre apenas na Fipe, mas também nos demais índices, inclusive no IPCA, que serve de parâmetro para as metas do governo.
Picchetti diz que "o IPCA já caminha para uma taxa bem abaixo do centro da meta, de 4,5%, e tem grandes chances de terminar o ano no "piso mínimo" de 2,5% estipulado pelo governo".
A inflação baixa é reflexo de que o Banco Central errou na dose da política monetária? "Só vai dar para saber se o Banco Central exagerou na dose no final do trimestre, quando soubermos como vai ser o nível de atividades", diz Picchetti.
Uma coisa é certa, no entanto: a parcimônia das duas últimas atas do Copom (Comitê de Política Monetária) deve ser engavetada diante desses novos indicadores de antecedentes econômicos, diz Picchetti.
Para o economista da Fipe, "a queda na expectativa de recuperação do nível de atividade deve fazer com que o Copom derrube a taxa de juros em mais 0,5 ponto percentual na próxima reunião do comitê".

Até agora, 0,68%
A inflação dos nove primeiros meses do ano foi de apenas 0,68% em São Paulo, segundo a Fipe. Dois itens foram responsáveis por essa taxa baixa: habitação e alimentação.
No caso da habitação, que teve elevação média de apenas 0,34% no ano, os reajustes das tarifas foram menores. A de energia, por exemplo, acumula queda de 3,19% nos últimos 12 meses. No mesmo período, a de água e esgoto subiu 8,43%.
Os alimentos surpreenderam e estão 2,13% mais baratos na média deste ano do que em 2005, puxados pelas reduções de 5,44% dos "in natura" e de 2,46% dos industrializados.

Surpresa
A taxa de inflação de São Paulo em setembro surpreendeu o mercado financeiro, que previa 0,32%. A taxa ficou em 0,25%, percentual que era previsto pela Fipe.
Alimentos "in natura" e vestuário, em queda na última semana do mês, seguraram a taxa em 0,25%, segundo Picchetti.
A alta de só 0,27% no setor de vestuário surpreendeu a Fipe, que esperava reajustes maiores devido à entrada no mercado de produtos da nova estação.
A alta menor se deve ao grande volume de importações, segundo o economista da Fipe. No mês passado, as importações de produtos desse setor superaram em 90% as do mesmo mês de 2005.

Nova queda
A inflação deste mês deve recuar para 0,20%, segundo previsão da Fipe. As principais pressões virão da tarifa de água e esgoto e dos preços da alimentação. Assim como ocorreu em setembro, frango e carne bovina devem continuar pressionado neste mês.
A pressão da carne de frango, que liderou a inflação no mês passado, ocorre porque os produtores diminuíram a produção e, ao mesmo tempo, há aumento da demanda externa. Já a carne bovina sobe porque a pecuária passa por um período de entressafra.
O quilo do frango vivo, após recuar para R$ 0,85 nas granjas paulistas, em julho, estava ontem a R$ 1,85. A arroba de boi gordo, estacionada em R$ 50 de maio a julho, está atualmente a R$ 63 no mercado paulista.


Texto Anterior: Paulo Nogueira Batista Jr.: Dormindo com o inimigo
Próximo Texto: Frases
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.