São Paulo, sexta-feira, 05 de outubro de 2007

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Fundo dos EUA quer sair da VarigLog, diz sócio brasileiro

JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO

O empresário Marco Antonio Audi, um dos sócios brasileiros do fundo americano Matlin Patterson, disse à Folha que o fundo está criando um pretexto para retirar os recursos da empresa e sair do país.
O fundo cobra na Justiça em São Paulo e em Nova York cerca de R$ 360 milhões referentes a empréstimos para a manutenção da VarigLog, companhia de transporte de cargas que detém 47% de participação no mercado doméstico e 20% no internacional.
A VarigLog é uma ex-subsidiária da Varig. Foi adquirida pela Volo do Brasil, que tem como acionistas o fundo americano e três investidores brasileiros (Audi, Luiz Eduardo Gallo e Marcos Haftel).
Com o agravamento da crise da Varig, a ex-subsidiária acabou por comprar as operações da companhia aérea. Neste ano, a Varig foi revendida para a Gol. Os acionistas divergem sobre o destino dos recursos referentes à venda da Varig.
A Gol pagou US$ 98 milhões em dinheiro, US$ 172 milhões em ações e um montante em debêntures (títulos de dívida). Na Justiça, o Matlin conseguiu o bloqueio de parte das ações e acusa os brasileiros de depositar os US$ 98 milhões em dinheiro na Suíça e de ter gasto US$ 13 milhões desse total sem que isso fosse registrado na contabilidade da empresa, segundo a Folha apurou.
Além disso, acusam a venda de 1,5 milhão de ações da Gol, com lucro estimado de US$ 30 milhões, sem que tenham sido computados no caixa.
Segundo João Luís de Sousa, presidente da VarigLog, a companhia possui contas abertas em diversos países e os recursos têm sido usados na manutenção das operações da empresa. "Temos contas na Suíça, na Alemanha, nos EUA e em vários países latino-americanos. Tenho 49 anos de trabalho no setor e, se tivesse ocorrido qualquer impropriedade, isso não passaria despercebido."
Sousa disse que a data prevista em contrato para o pagamento dos empréstimos é 2011 e que nada fará a empresa antecipar o vencimento.
"Eles querem sair, só faz isso quem quer destruir o negócio", disse Audi. Segundo ele, as partes praticamente não conversam mais. "Na última reunião que tive com Lap [Chan, executivo do Matlin Patterson], disse que ele podia não gostar de mim, mas que tinha de agir como profissional. Não foi o que aconteceu", disse.
Segundo Audi, a previsão é que o pagamento em ações seja feito de forma escalonada e a venda dos papéis foi usada em projetos da própria empresa. "Temos nossas contas auditadas pela Ernst & Young."
O bloqueio das ações e dos recursos no exterior já prejudica as operações da companhia, de acordo com Audi. O empresário diz que os planos previam a abertura de capital da empresa em 2008, o que abriria espaço para a saída do Matlin Patterson, mas que o fundo não estava disposto a esperar. "No momento, a empresa não sobrevive a essa saída. Escolhi o Matlin como acionista porque ele estipulou ficar até 2011."
Chan nega que o fundo esteja disposto a sair do país e disse que nunca houve comunicado formal sobre como os recursos foram aplicados. "Quando há US$ 100 milhões em caixa, as coisas mudam um pouco. Não fomos informados de nada."
De acordo com Chan, o Matlin, que recentemente abriu escritório em São Paulo, pretende aumentar os investimentos no país e continuar na VarigLog. "Acreditamos na lei de recuperação judicial no caso da Varig e na legislação brasileira. A VarigLog ainda tem muito para crescer. Não é hora de vender", afirmou. Ele também disse que o fundo continua injetando recursos na companhia, o que Audi nega.


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