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Analistas divergem sobre renovação com FMI
ÉRICA FRAGA
DA REPORTAGEM LOCAL
Analistas do mercado financeiro divergem sobre a renovação do
acordo do Brasil com o FMI (Fundo Monetário Internacional).
O argumento contrário -que
surge publicamente entre analistas de bancos pela primeira vez
nos últimos anos- é que, sem
um novo entendimento, o Brasil
reforçaria a credibilidade de sua
política macroeconômica.
A favor, há a defesa de que, em
caso de nova crise, o país pode
precisar de dinheiro extra. O que
indica, de certa forma, que o país
continua vulnerável.
O banco europeu UBS divulgou
um relatório, antes da confirmação ontem pelo governo de que
haverá, de fato, um novo programa, em que recomendava que o
país não renovasse o acordo.
Por que não renovar?
O documento, escrito por Michael Gavin, da instituição nos Estados Unidos, afirma que países
vão ao Fundo quando têm problemas de dinheiro e de credibilidade. A argumentação do restante do relatório de seis páginas sustenta que o Brasil, atualmente, já
teria superado ambos.
Isso não quer dizer, segundo
Gavin, que a renovação do acordo
vá ser uma má notícia. Mas, em
suas palavras: "O governo terá
perdido uma boa oportunidade
para declarar sua independência
do FMI, mas não há razão para
pensar que essa será a última
oportunidade", diz o documento.
Segundo Adauto Lima, economista do WestLB, se o país mantivesse seus compromissos ortodoxos e não renovasse o acordo, ganharia uma fatia ainda maior de
confiança do mercado.
"Isso, certamente, contribuiria
para aumentar ainda mais a credibilidade do governo", diz.
Por que renovar?
Mas, ressalta ele, um novo acordo também tem vantagens, como
garantir uma espécie de seguro
em caso de nova crise.
Para Sérgio Werlang, diretor do
Banco Itaú, ainda é importante
para o Brasil ter o FMI supervisionando suas contas e atestando ao
mercado que o país continua no
caminho certo.
Se fizer isso por mais um ano e,
nesse intervalo, adiantar o andamento das reformas estruturais,
aí, sim, na opinião dele, o país poderia abrir mão de novo programa, no fim de 2004.
Drausio Giacomelli, estrategista
do JP Morgan para mercados
emergentes, também apoiou a decisão do governo. Segundo ele, o
novo acordo não vai impor ao
país nenhum custo extra. "O novo
governo já demonstrou estar
comprometido por conta própria
com metas rígidas", diz. E, segundo ele, tem a vantagem de ser um
seguro mais barato que o disponível no mercado.
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