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São Paulo, quarta-feira, 05 de novembro de 2003

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Analistas divergem sobre renovação com FMI

ÉRICA FRAGA
DA REPORTAGEM LOCAL

Analistas do mercado financeiro divergem sobre a renovação do acordo do Brasil com o FMI (Fundo Monetário Internacional).
O argumento contrário -que surge publicamente entre analistas de bancos pela primeira vez nos últimos anos- é que, sem um novo entendimento, o Brasil reforçaria a credibilidade de sua política macroeconômica.
A favor, há a defesa de que, em caso de nova crise, o país pode precisar de dinheiro extra. O que indica, de certa forma, que o país continua vulnerável.
O banco europeu UBS divulgou um relatório, antes da confirmação ontem pelo governo de que haverá, de fato, um novo programa, em que recomendava que o país não renovasse o acordo.

Por que não renovar?
O documento, escrito por Michael Gavin, da instituição nos Estados Unidos, afirma que países vão ao Fundo quando têm problemas de dinheiro e de credibilidade. A argumentação do restante do relatório de seis páginas sustenta que o Brasil, atualmente, já teria superado ambos.
Isso não quer dizer, segundo Gavin, que a renovação do acordo vá ser uma má notícia. Mas, em suas palavras: "O governo terá perdido uma boa oportunidade para declarar sua independência do FMI, mas não há razão para pensar que essa será a última oportunidade", diz o documento.
Segundo Adauto Lima, economista do WestLB, se o país mantivesse seus compromissos ortodoxos e não renovasse o acordo, ganharia uma fatia ainda maior de confiança do mercado.
"Isso, certamente, contribuiria para aumentar ainda mais a credibilidade do governo", diz.

Por que renovar?
Mas, ressalta ele, um novo acordo também tem vantagens, como garantir uma espécie de seguro em caso de nova crise.
Para Sérgio Werlang, diretor do Banco Itaú, ainda é importante para o Brasil ter o FMI supervisionando suas contas e atestando ao mercado que o país continua no caminho certo.
Se fizer isso por mais um ano e, nesse intervalo, adiantar o andamento das reformas estruturais, aí, sim, na opinião dele, o país poderia abrir mão de novo programa, no fim de 2004.
Drausio Giacomelli, estrategista do JP Morgan para mercados emergentes, também apoiou a decisão do governo. Segundo ele, o novo acordo não vai impor ao país nenhum custo extra. "O novo governo já demonstrou estar comprometido por conta própria com metas rígidas", diz. E, segundo ele, tem a vantagem de ser um seguro mais barato que o disponível no mercado.


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