São Paulo, sexta-feira, 05 de novembro de 2004

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PERSPECTIVAS

Cai porcentagem dos que acham que situação melhorou, avalia FGV

Menos consumidores estão confiantes

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

Em alta desde julho deste ano, a confiança do consumidor perdeu fôlego: caiu o número de pessoas que avaliam que melhorou a situação econômica do país e suas próprias finanças. É o que mostra a Sondagem de Expectativas do Consumidor referente ao mês de outubro, divulgada ontem pela FGV (Fundação Getúlio Vargas).
Entre 1.444 chefes de domicílio entrevistados, 17,2% consideravam que a situação econômica atual do país está melhor. Esse percentual havia sido de 18,6% em setembro e de 20,4% de outubro de 2003. Cresceu, por sua vez, o número de pessoas que consideram que a situação permaneceu igual -de 49,9% em outubro de 2003 para 61,5%.
Em relação às condições familiares, também houve uma piora: 18,5% avaliam a atual situação melhor, ante 19,6% em setembro e 21% de outubro de 2003. Mais uma vez, o contingente que aumentou mais foi o dos que acham que está tudo na mesma, cuja freqüência de respostas passou de 53,5% para 63,7%.
A sondagem da FGV revelou também que os brasileiros estão poupando menos. Os poupadores somavam 16,1% do total de entrevistados em outubro de 2003. Esse percentual no mesmo mês deste ano ficou em 15,3%.
Apesar de menos pessoas estarem poupando, o percentual de consumidores que dizem estar se endividando caiu. Ficou em 26,3% em outubro, menos do que os 29,5% do mesmo mês de 2003.
Cresceu o número de pessoas que avaliam as finanças da família como equilibradas -de 54,4% em outubro de 2003 para 58,5% em igual mês deste ano.
Uma hipótese que pode explicar a redução do número de poupadores, de acordo com a FGV, é que parte da poupança está migrando para o consumo de bens sem financiamento.
Para Aloísio Campelo, economista da FGV, a piora da confiança de consumidores está relacionada à demora tanto da renda do trabalhador como do emprego em se recuperar.

Sem efeito dos juros
Indagado se os recentes aumentos dos juros, promovidos pelo Copom, tiveram impacto no ânimo do consumidor, ele respondeu que a pesquisa ainda não detectou tal fenômeno, com exceção das classes de renda mais elevada.
Os juros, no entanto, já afetam as expectativas quanto à evolução futura da economia. Entre os entrevistados, 45,8% dizem que a economia do país vai melhorar nos próximos seis meses. Esse percentual era de 53,8% em outubro de 2003.
Caiu, no entanto, o número de pessoas que consideram que o cenário será pior no futuro -de 14,7% para 9,9%, a menor cifra de toda a série histórica, iniciada em 2002. O que aumentou foi o total de consumidores que avaliam que a situação será igual à atual.
Para Aloísio Campelo, além da influência do mercado de trabalho, é natural que a confiança do consumidor entre agora numa fase de "arrefecimento".
"Não há nada nos dados que mostrem euforia. O consumidor ainda está ressabiado, esperando uma melhora mais firme da renda e do emprego", disse Campelo.


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