|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CAPITAIS
Decisão é inédita no país; Fator nega irregularidade
CVM multa corretora em R$ 600 mil por uso de informação privilegiada
DA FOLHA ONLINE
A CVM (Comissão de Valores
Mobiliários), responsável pela fiscalização do mercado de capitais,
tomou ontem uma decisão histórica: puniu uma gestora de fundos
de investimentos, a Fator Administração de Recursos, por uso de
informação privilegiada ("insider
information") visando lucro na
Bolsa de Valores de São Paulo).
Por unanimidade, o colegiado
da autarquia multou a Fator em
R$ 600 mil. O principal executivo
da Fator, Walter Appel, recebeu
multa de R$ 500 mil e ficou proibido de atuar no mercado.
A punição por uso de informação privilegiada é inédita no país.
A Fator ainda pode recorrer da
decisão tanto na própria CVM como na Justiça comum.
Segundo a CVM, a Fator usou
informação sigilosa sobre o plano
de privatização da Copel (Companhia Paranaense de Energia)
para obter ganhos na Bolsa em
2001. Na época, a empresa integrava um consórcio responsável
por assessorar o governo do Paraná na condução do plano de privatização, que fracassou em 2001.
A informação privilegiada, diz a
CVM, era sobre uma oferta pública de compra de ações.
A Fator se destacou no mercado
por assessorar privatizações como a do Banespa, em 2000, e o
plano de fusão entre Varig e TAM,
no ano passado.
Em nota, a Fator informou que
vai entrar com recurso contra a
decisão da CVM, considerada
"improcedente", negou o uso de
informação privilegiada para obter ganhos e disse que adota um
"rígido código de ética". A gestora
de recursos informou que, nas
operações com os papéis da Copel, obteve um resultado bruto da
ordem de R$ 40 mil.
"O conglomerado Fator [reúne
banco, corretora, distribuidora de
títulos e assessoria de projetos]
adota internamente o método de
segregação de atividades (chinese
wall). Por esse sistema, o setor que
administra recursos de terceiros
não tem acesso às informações
oriundas das áreas envolvidas em
processos de privatização."
Quando a informação sobre a
oferta de ações veio oficialmente a
público, por meio de "fato relevante" divulgado no dia 25 de julho de 2001, a cotação do papel subiu 14,01%. Para a CVM, investidores foram prejudicados.
"Tal infração, pelo prejuízo que
acarretou a inúmeros investidores que venderam suas ações em
desconhecimento da informação
que veio a ser divulgada e que era
de conhecimento somente de alguns compradores, bem como
pelo prejuízo causado à credibilidade do mercado de capitais brasileiro, é de extrema gravidade, o
que já impede o acolhimento da
proposta de celebração de termo
de compromisso", escreveu o relator do processo e diretor da
CVM, Eli Loria, ao votar em julho
contra a celebração de um acordo
com os indiciados.
Por sua vez, a nota da Fator citou que "a análise dos negócios
efetivados durante esse período
comprova que as compras e vendas se deram por motivos relacionados às práticas normais desse
mercado".
Texto Anterior: Trabalho: Por emprego, alemão abre mão de aumento Próximo Texto: Frase Índice
|