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Com dois postos vagos, conselho da Anatel só pode tomar decisões de forma unânime
HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Anatel (Agência Nacional
de Telecomunicações) ficará
praticamente paralisada no final deste ano. A agência reguladora do setor está com apenas
três diretores, seu quórum mínimo para a realização de reuniões. Até que um dos dois postos vagos seja preenchido, todas as decisões terão que ser
unânimes.
Além disso, qualquer ausência inviabiliza reuniões, o que
deve acontecer já no fim deste
ano, por conta de compromissos internacionais já agendados. Na prática, decisões importantes para o setor, como a
entrada das teles no mercado
de televisão por assinatura, serão adiadas.
O problema na Anatel é um
reflexo da lentidão do governo
para negociar politicamente os
nomes que irão ocupar cargos
nas agências reguladoras. Uma
das duas vagas no conselho da
Anatel - composto de cinco diretores - está aberta desde novembro do ano passado. A vaga,
que era ocupada por Elifas Gurgel do Amaral, é "propriedade"
política do PMDB, que não consegue se entender a respeito do
seu ocupante. A outra vaga surgiu no final da semana passada,
com a saída do conselheiro Luiz
Alberto Silva. O PMDB, o PT e
as entidades sindicais do setor
disputam quem indicará seu
substituto.
Os diretores de agências reguladoras têm mandatos de
cinco anos de duração. Eles são
indicados pelo presidente da
República ao Senado, que os
aprova ou não. Uma vez aprovados e nomeados, eles têm estabilidade no cargo. No caso da
Anatel, o governo não consegue
indicar o nome ao Senado e
também não consegue publicar
um decreto aprovando nomes
de substitutos temporários.
Pelo regulamento da agência,
todas as decisões precisam ser
tomadas por unanimidade em
relação ao quórum pleno da diretoria. Ou seja, a maioria é um
total de três votos na diretoria
composta de cinco membros.
Esse número mínimo para
aprovação de matéria não muda, mesmo quando há cargos
vagos na diretoria, como é o caso atual. Isso significa que os
três diretores que restaram na
agência -Plínio Aguiar Júnior,
Pedro Jaime Ziller e José Leite
Pereira Filho- terão que concordar em todos os assuntos
para que haja aprovação.
Aguiar Júnior e Ziller são indicações do PT e de entidades
sindicais, enquanto Pereira Filho foi indicado pelo governo
FHC e reconduzido pelo governo do PT.
Governo
A Anatel informou que irá
realizar as reuniões de acordo
com o regulamento, ou seja,
com três diretores e com decisão unânime (três votos). De
acordo com o Ministério das
Comunicações, os novos diretores deverão ser nomeados em
breve e que, então, o problema
estará solucionado.
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